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XICO SÁ
A mulher e a bola
É surpreendente a pesquisa que mostra que 6 de cada 10 europeus preferem futebol
a uma conjunção carnal
AMIGO TORCEDOR, amigo secador, quando o Pereira me disse que ninguém fazia mais sexo na terra da rainha, eu achei que
era só um dos seus tantos chistes geniais. Mas que nada, qual o quê, era a
mais certeira das verdades.
Ciente de pesquisa divulgada pela
BBC, Pereira, recrutador e olheiro
de luxuosa casa de tolerância de São
Paulo, volta à forra: "Sexo é coisa de
estivador, a Europa não perde mais
tempo com esse ato selvagem".
É, amigo, seis em cada dez europeus preferem futebol a uma conjunção carnal. Entre o Chelsea e
uma noite com Kate Moss, o time,
óbvio. Mesmo considerando que as
européias, na média, não têm o latifúndio dorsal das nossas Paraguaçus, não deixa de ser surpreendente.
Pereira acredita que os brasileiros
já seguem a tendência, apesar da cerimônia em revelar, numa nice, a tal
troca. Ele mesmo largou a sua morena da praia para ver o embate dos
aristocráticos tricolores no Maraca.
A gazela ainda tentou, após o gol
do galalau Washington, uns cafunés,
um vem-cá-meu-nego, um xenhenhém, e nada. Só viu escorrer no
rosto do Pereira as duas lágrimas geladas da música do Wando.
Quando o São Paulo vence, Pereira até que vai para cima, ganha o moto-rádio da alcova, vira uma espécie
de Adriano nas grandes noites. A
pesquisa gringa explica: quando o time do macho triunfa, ele ganha
27,6% a mais de testosterona.
Imagine, amigo, como devem estar envernizados, como diz a lírica
brega do grupo Academia da Berlinda, os torcedores do Sport. Ainda
mais quando o Leão do Norte joga
na Ilha de Lost, como os rubronegros chamam agora a sua casa, onde
os adversários se perdem, lesadamente, em campo, conforme sopra
aqui o escriba Carlyle Paes Barreto.
Os gravatinhas do Flu também estão assanhados, embora vislumbrem, além das mesas do Serafim e
da rua Alice, o Boca. Pereira não fala
do assunto. Tapeia o cronista falando mais uma vez da pesquisa. "Você
viu que 88% responderam ter abraçado e até beijado desconhecidos na
celebração de gols ou de vitórias?"
É, amigo, o amor é mesmo lindo
nas arquibancadas. O mais intransigente dos machões agarra o homem
do lado sem medo de sair mal na foto. A maioria dos homens chora nos
grandes triunfos ou quedas de impérios ludopédicos, mesmo aqueles de
olhos secos e corações siberianos.
Os mais chorões são os portugueses, diz o estudo. Aumentam em um
palmo as águas do Tejo quando o
Benfica fracassa no Estádio da Luz, a
sagrada catedral. Choram e soluçam
enquanto recitam um fado, um rock
do Xutos & Pontapés ou o último soneto de Mário Sá-Carneiro.
Lição do ABC
O Edgar, o mal-assombrado corvo que ganhou animação de Caco
Galhardo para o "Cartão Verde"
(Cultura), informa o seu destino no
feriadão: Rio Grande do Norte. Espera no maior cajueiro do mundo,
aquele de Pirangi, o Corinthians.
Mano Menezes e elenco que se cuidem. O Frasqueirão, "La Bombonera potiguar", vai ferver bonito.
Já decorou até a música de Roberto Ney e Guaracy Picado para o
time de Natal: "Aonde fores ABC eu
hei de ir./Tua bandeira nos meus
braços vou erguer/ Gritar teu nome nos estádios aplaudir...".
xico.folha@uol.com.br
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