São Paulo, domingo, 23 de maio de 2010

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TOSTÃO

A discussão é outra

São os jogadores, e não os técnicos, os principais responsáveis pelas vitórias e pelas derrotas

DUNGA JÁ DEFINIU, há muito tempo, uma única estratégia e, praticamente, o time titular. Isso é perigoso. Ainda mais em uma seleção brasileira com tantas possibilidades.
As seleções comuns, mesmo quando vencem, geralmente ficam prontas com antecedência. As grandes seleções, mesmo quando não vencem, são definidas durante ou próximo da Copa.
Por causa dos excelentes resultados, Dunga acha que só há um jeito de vencer.
A estratégia será a mesma de quase todas as seleções: iniciar a marcação no meio-campo, diminuir os espaços na defesa e contra-atacar. A Espanha é a única que privilegia a posse de bola, a troca de passes no meio-campo e o domínio da partida.
O Brasil está dividido em dois setores, que pouco se misturam. Um é formado por sete jogadores (quatro defensores e três do meio-campo) e o outro tem Kaká, Robinho e Luis Fabiano. Se der tempo, Elano e os dois laterais chegam ao ataque.
O Brasil é forte candidato ao título porque tem excepcionais jogadores na maioria das posições. Não porque tem uma estratégia eficiente, os jogadores são raçudos e não vão para as baladas. Falta melhor qualidade ao meio-campo e à lateral esquerda, além de melhores reservas para Kaká, Robinho e Júlio César. Mas todas as outras seleções possuem deficiências.
Se o Brasil ganhar ou perder, o motivo principal não será Dunga. A Inter de Milão não eliminou o Barcelona na semifinal da Copa dos Campeões da Europa porque o treinador José Mourinho fez uma revolucionária retranca, tão elogiada, mas sim porque a equipe tinha ótimos defensores. Já vi um milhão de vezes times jogarem da mesma forma, com nove jogadores na entrada da área.
O Santos não possui um excepcional ataque porque tem uma atitude ofensiva em campo, mas sim porque possui os três melhores jogadores que atuam hoje no Brasil -Robinho, Paulo Henrique Ganso e Neymar. Os técnicos são importantes, mas nem tanto.
A principal discussão não deveria ser entre futebol de resultados e futebol-arte ou entre futebol ofensivo e defensivo, mas sim sobre os jogadores que sabem, os que não sabem e os que sabem mais ou menos jogar futebol.

INTER CAMPEÃ
O título europeu conquistado pela Inter é mais uma vitória do estilo da seleção brasileira, de muita marcação, pouca posse de bola e rápidos contra- -ataques. Nada disso funcionaria se não tivesse um grande goleiro e excelentes defensores e atacantes.


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