São Paulo, domingo, 23 de maio de 2010

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Os isolados

Dunga veta humoristas, organiza as entrevistas, limita uso de imagens e freia participação de patrocinadores

PAULO COBOS
SÉRGIO RANGEL
ENVIADOS ESPECIAIS A CURITIBA

Dunga não tem a experiência e o currículo de estrelas da prancheta como Luiz Felipe Scolari, Telê Santana, Carlos Alberto Parreira e Zagallo.
Mas é fato que nenhum deles conseguiu impor suas vontades numa preparação de seleção brasileira para uma Copa como o gaúcho faz agora, nos preparativos para o Mundial da África do Sul.
Tudo no centro de treinamento do Atlético-PR, a casa da seleção em Curitiba, foi feito de acordo com os desejos de Dunga. Ele interveio até na maneira como a seleção se relaciona com a mídia, área em que anteriormente quem dava as cartas era a assessoria de imprensa da CBF.
Anteontem, apenas depois da chegada do treinador, que sofreu um atraso no seu voo de Porto Alegre, foi divulgada a forma de entrevistas e captação de imagens.
Dunga, que não deve falar com jornalistas até a chegada à África do Sul, impôs o esquema de entrevistas coletivas com dois ou três jogadores, no lugar do "labirinto" em que os atletas passavam pelos repórteres, uma marca do Brasil nos últimos anos.
O técnico também vetou imagens de treinos físicos e limitará o trabalho de câmeras e fotógrafos nas práticas da seleção com bola.
Por ordem de Dunga, está vetada a presença de humoristas nos treinos da seleção.
O primeiro efeito dessa medida foi a desistência dos integrantes do "Casseta & Planeta", da TV Globo, de viajarem para a África do Sul.
Segundo Hélio de La Peña, integrante do programa, eles não viajariam para ficar "implorando para entrevistar os jogadores de Dunga".
Até os patrocinadores da CBF, que despejam no cofre da entidade mais de R$ 200 milhões por ano, não poderão exibir com a mesma intensidade de outros tempos suas marcas nos treinos.
Dunga não permitiu a instalação dos "lounges" que os patrocinadores montavam na Granja Comary, no Rio, para levar seus convidados. Barraca no CT do Atlético- -PR, apenas para abrigar as entrevistas coletivas.
Nas eliminatórias, Dunga ironizou o espaço dos patrocinadores, comparando-o a um picadeiro, em que ele e os jogadores seriam as atrações.
Também foram proibidas as tendas das emissoras de TV que transmitiam ao vivo os treinos da seleção.
Até a escolha por Curitiba teve o dedo de Dunga. Ele queria um lugar de clima frio (como vai enfrentar no Mundial da África do Sul, que começa no próximo dia 11) e com privacidade absoluta.
A seleção fica em Curitiba até quarta-feira. Da capital paranaense, o time vai para Brasília, onde se encontra com o presidente Lula.
De lá, vai para Johannesburgo, onde se hospeda em um hotel que também teve que aceitar todas as ordens de Dunga, incluindo a construção de uma cerca para impedir qualquer visão dos jogadores durante os quase 50 dias que o time pode ficar lá.


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