|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Os isolados
Dunga veta humoristas, organiza as entrevistas,
limita uso de imagens e freia participação
de patrocinadores
PAULO COBOS
SÉRGIO RANGEL
ENVIADOS ESPECIAIS A CURITIBA
Dunga não tem a experiência e o currículo de estrelas
da prancheta como Luiz Felipe Scolari, Telê Santana, Carlos Alberto Parreira e Zagallo.
Mas é fato que nenhum deles conseguiu impor suas
vontades numa preparação
de seleção brasileira para
uma Copa como o gaúcho faz
agora, nos preparativos para
o Mundial da África do Sul.
Tudo no centro de treinamento do Atlético-PR, a casa
da seleção em Curitiba, foi
feito de acordo com os desejos de Dunga. Ele interveio
até na maneira como a seleção se relaciona com a mídia,
área em que anteriormente
quem dava as cartas era a assessoria de imprensa da CBF.
Anteontem, apenas depois
da chegada do treinador, que
sofreu um atraso no seu voo
de Porto Alegre, foi divulgada a forma de entrevistas e
captação de imagens.
Dunga, que não deve falar
com jornalistas até a chegada à África do Sul, impôs o
esquema de entrevistas coletivas com dois ou três jogadores, no lugar do "labirinto"
em que os atletas passavam
pelos repórteres, uma marca
do Brasil nos últimos anos.
O técnico também vetou
imagens de treinos físicos e
limitará o trabalho de câmeras e fotógrafos nas práticas
da seleção com bola.
Por ordem de Dunga, está
vetada a presença de humoristas nos treinos da seleção.
O primeiro efeito dessa
medida foi a desistência dos
integrantes do "Casseta &
Planeta", da TV Globo, de
viajarem para a África do Sul.
Segundo Hélio de La Peña,
integrante do programa, eles
não viajariam para ficar "implorando para entrevistar os
jogadores de Dunga".
Até os patrocinadores da
CBF, que despejam no cofre
da entidade mais de R$ 200
milhões por ano, não poderão exibir com a mesma intensidade de outros tempos
suas marcas nos treinos.
Dunga não permitiu a instalação dos "lounges" que os
patrocinadores montavam
na Granja Comary, no Rio,
para levar seus convidados.
Barraca no CT do Atlético-
-PR, apenas para abrigar as
entrevistas coletivas.
Nas eliminatórias, Dunga
ironizou o espaço dos patrocinadores, comparando-o a
um picadeiro, em que ele e os
jogadores seriam as atrações.
Também foram proibidas
as tendas das emissoras de
TV que transmitiam ao vivo
os treinos da seleção.
Até a escolha por Curitiba
teve o dedo de Dunga. Ele
queria um lugar de clima frio
(como vai enfrentar no Mundial da África do Sul, que começa no próximo dia 11) e
com privacidade absoluta.
A seleção fica em Curitiba
até quarta-feira. Da capital
paranaense, o time vai para
Brasília, onde se encontra
com o presidente Lula.
De lá, vai para Johannesburgo, onde se hospeda em
um hotel que também teve
que aceitar todas as ordens
de Dunga, incluindo a construção de uma cerca para impedir qualquer visão dos jogadores durante os quase 50 dias que o time pode ficar lá.
Texto Anterior: Tostão: A discussão é outra Próximo Texto: Memória: Agitação irritou ex-técnicos em Copas passadas Índice
|