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BOXE
Arquivo X
EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL
A entrada no ringue de Oscar de la Hoya, no sábado,
foi acompanhada por uma canção do CD que o norte-americano
acaba de gravar, com músicas em
inglês e castelhano. No Staples
Center, percebia-se que as torcedoras traziam nas mãos o álbum
de fotos do ""Garoto de Ouro" e
não o programa oficial da apresentação.
E, como se quisesse mostrar que
está antenado com o mundo do
entretenimento, De la Hoya, desgostoso com a decisão dividida
em favor de Shane Mosley (dois
jurados deram a vitória ao rival
enquanto um terceiro optou por
De la Hoya), invocou até o argumento do seriado ""Arquivo X"
para explicar sua derrota, durante entrevista coletiva.
O resultado teria sido fruto de
uma conspiração perpetrada por
indivíduos não-identificados. ""O
boxe é um negócio. Interessaria a
muita gente que eu perdesse, assim poderia haver uma revanche,
com mais dinheiro em jogo. Creio
que também foi o caso contra Félix Trinidad (que venceu De la
Hoya, por pontos em decisão polêmica, em 99)", acusou, sem, no
entanto, nomear os que estariam
envolvidos em tal conspiração.
A seguir, o galã De la Hoya
ameaçou se aposentar. ""Acho que
nunca mais vou vencer um combate apertado. Se não queriam
me dar a vitória, que concedessem o empate, assim foi demais.
Vou rever as minhas opções, incluindo a aposentadoria."
Mas em qual outra profissão De
la Hoya receberia US$ 8 milhões
(mais porcentagem do pay-per-view) por um dia de trabalho? O
mais provável é que De la Hoya
retorne aos ringues para uma revanche, em novembro, seguindo
os planos de Bob Arum, presidente da Top Rank, empresa que promove suas apresentações.
Na contagem desta coluna, De
la Hoya teria vencido Mosley por
um ponto, mas não há criticas para a decisão em favor de Mosley.
Na verdade, o combate foi bastante parelho e a tarefa dos jurados dificílima (daí a decisão ter
sido dividida): não houve unanimidade da parte dos jurados em
cinco dos 12 assaltos disputados.
Próximo ao ringue, percebia-se,
até sonoramente, que os golpes de
De la Hoya levavam mais força
do que os de Mosley. O desafiante
despejava uma quantidade
maior de socos, mas os contragolpes de De la Hoya, ao final das
combinações do rival, anulavam
a vantagem de Mosley.
A partir da metade da luta, no
entanto, a história mudou. De la
Hoya sentiu o cansaço, passando
a acertar menos golpes. E, a partir
dessa etapa, Mosley, a exemplo
do que fazia ""Sugar" Ray Leonard, inteligentemente adotou a
tática de ""roubar" os assaltos,
acelerando suas atividades ao ser
avisado de que faltavam poucos
segundos para os intervalos.
Outra deficiência de De la Hoya
foi não ter demonstrado criatividade, limitando-se a só caminhar
em linha reta desferindo golpes.
""Para que iria boxear se não me
dariam a decisão?"
Não é bem assim. Foi simplesmente um combate muito equilibrado, até agora a melhor luta do
ano, com a vantagem alternando
entre os pugilistas. Ao contrário
do que ocorre no seriado ""Arquivo X", De la Hoya não necessita
recorrer a agentes federais para
explicar sua derrota.
Ontem
Shane Mosley concordou ao
ser questionado sobre a similaridade do combate de sábado com aquele disputado entre Júlio César Chávez (o latino pegador) e Meldrick Taylor (o norte-americano boxeador), em 1990, com vitória
para o mexicano. ""Você está
certo, em termos. Foram lutas semelhantes, mas houve
uma troca de golpes mais
franca em nosso combate",
disse o novo campeão. A
principal diferença, entretanto, foi o final feliz para o lutador mais técnico desta vez.
Amanhã
Lou Savarese faz juz à condição de azarão na proporção
de 20 para 1 no combate de
amanhã com o ex-campeão
mundial dos pesos-pesados
Mike Tyson, na Escócia. Savarese estava aposentado
quando foi convidado para
enfrentar Tyson.
E-mail
eohata@folhasp.com.br
www.uol.com.br/folha/pensata
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