São Paulo, domingo, 23 de junho de 2002

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QUARTAS/ ONTEM

Treinador minimiza a derrota na 1ª fase e atribui o resultado a erro do juiz

Turquia elimina o Senegal e até já desdenha do Brasil

JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
ENVIADO ESPECIAL A OSAKA

Se o Brasil pensa que o jogo contra a Inglaterra foi a final antecipada da Copa, está muito enganado. O recado é de Senol Gunes, 50, o técnico da Turquia, para o qual nem como favorito o time de Luiz Felipe Scolari entra na semifinal.
Depois da vitória de 1 a 0 contra Senegal, que colocou pela primeira vez na história um país muçulmano entre os quatro primeiros do Mundial, Gunes disse acreditar nas possibilidades de avançar para a final do torneio.
""Diria que [os brasileiros" têm 50% [de chances de chegar à decisão" e nós temos 50%."
Ele lembrou que os turcos perderam por 2 a 1 para o Brasil na primeira fase da Copa, mas insistiu que o resultado foi injusto. Para o técnico, a derrota deveu-se ao árbitro sul-coreano. ""O juiz lhes deu um pênalti de presente. No máximo, mereciam um empate, pois não jogaram melhor."
E o treinador vai ainda mais longe. Não acha impossível uma final entre Turquia e Coréia. Indagado sobre a possibilidade, perguntou: ""Por que não?"
O francês Bruno Metsu, 48, técnico dos senegaleses, apesar de muito chateado com a derrota de seu time, que perdeu a chance de pela primeira vez na história colocar a África numa semifinal de Copa, concorda com Gunes.
""Acompanho o futebol brasileiro. É nele que muitos de meus jogadores se inspiram. Pelo que vi até agora, o Brasil tem tudo para ser campeão. Mas há um grande perigo, e é com ele que Scolari deve se preocupar. É o risco de cair no excesso de confiança."
Para Metsu, um dos motivos que levaram a seleção a perder da França em 1998 foi ter achado que já era campeã após a vitória nos pênaltis contra a Holanda.
""Diziam que o vencedor de Brasil x Inglaterra seria o campeão. Não é verdade. O Brasil ganhou uma etapa, mas passar pela Turquia não vai ser fácil. Espero que o erro de 1998 não seja repetido."
Em relação à vitória de ontem, Senol Gunes, que chegou ao Mundial sob uma saraivada de críticas da imprensa de seu país, acha que ela foi justa, com o que Metsu concorda, e poderia ter se concretizado no primeiro tempo. ""Perdemos muitas chances."
A maior parte delas foi desperdiçada pelo atacante Sukur, o capitão e a principal estrela do time, que não jogou bem. Na fase final, deu lugar a Mansiz, autor do gol aos 4min da prorrogação.
O meia Davala avançou pela direita e passou para Mansiz. O atacante chutou de primeira para marcar o gol e encerrar a partida.
No campo, enquanto alguns atletas do Senegal não controlavam o choro, os turcos vibraram muito e fizeram várias reverências a seus torcedores. ""Na Turquia, o povo é fanático por futebol, deve estar uma comemoração incrível", disse Gunes.
Em seguida, ele deu uma de Scolari e pediu que a população e os políticos usassem o sucesso do time como exemplo para melhorar ""a nação como um todo".
""Nossa vontade em campo deve ser seguida por todos. Temos muitos problemas econômicos e sociais, mas vamos tentar melhorá-los, como fizemos no futebol. Somos capazes disso, mostramos que tudo é possível."


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