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São Paulo, segunda-feira, 23 de junho de 2003

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FUTEBOL

Bola redonda, bola quadrada

JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA

Falei mal do Parreira em 94, e o Brasil foi campeão. Falei mal do Felipão em 2002, e o Brasil foi campeão. Conclusão óbvia: não entendo nada de futebol.
Aproveitando a liberdade que essa condição me confere, peço licença para voltar a criticar o trabalho do Parreira.
Assim, por linhas tortas, estarei ajudando o Brasil a ser campeão da Copa das Confederações e até, quem sabe, do Mundial de 2006.
Na verdade, não tenho tanto uma crítica a fazer, mas uma perplexidade a compartilhar.
No jogo contra Camarões, em que o time brasileiro era um deserto de imaginação e de idéias, Parreira manteve Alex no banco e, quando colocou em campo o Adriano do Atlético-PR, tirou seu companheiro de time Kléberson, liquidando a possibilidade de aproveitar o entrosamento entre os dois e o atacante Ilan.
No jogo contra os EUA, o que houve de melhor no primeiro tempo foi a aproximação entre Alex e Ronaldinho. No segundo, os dois fugiram um do outro como o diabo da cruz. Mesmo assim, as duas jogadas mais perigosas foram de Alex: um cruzamento para Adriano e um bom chute de direita de fora da área.
Pois bem: Parreira tirou Alex e ao mesmo tempo trocou Belletti por Maurinho, como que para evitar o perigo de que este último pudesse se entrosar com algum companheiro.
Alguém seria capaz de me explicar essa lógica, já que, como ficou provado, não entendo nada de futebol? Desse jeito vou acabar concordando com o Zé Simão quando diz que Parreira ficou deprimido com os três gols que o Brasil fez contra a Nigéria.
O empate entre Corinthians e Ponte Preta foi uma partida tecnicamente medíocre, mas muito dramática, principalmente no segundo tempo. Graças a Rogério e Liedson, o time de Geninho escapou de entrar numa crise de consequências imprevisíveis.
O controvertido terceiro gol da Ponte foi um castigo cruel para o Corinthians, que àquela altura pressionava em busca do empate. Mas a equipe do Parque São Jorge apresentou pouca coisa além da garra: foi frágil na defesa e inoperante no ataque.
Com o empate, Geninho pode respirar um pouco e tentar dar uma ajeitada na equipe.
Uma coisa parece certa: Pingo e Fabinho juntos no meio-campo não parece ser uma boa receita para quem quer fazer a bola chegar redonda aos atacantes. Liedson que o diga.
Nas paralisações de Ponte x Corinthians (que foram muitas), eu "zapeava" para o Campeonato Espanhol, em que o Real Madrid venceu o Athletic Bilbao por 3 a 1 e se sagrou campeão, com três gols brasileiros: dois de Ronaldo e um de Roberto Carlos.
Não poderia haver maior contraste entre as duas partidas. Pareciam dois esportes diferentes: um jogado com a bola redonda, outro com a bola quadrada. Adivinhe qual.

Consolos
Não foi uma rodada muito brilhante, mas houve golaços. O de Iarley, do Paysandu, contra o Flamengo, o do flamenguista Igor, no mesmo jogo, o de falta do corintiano Rogério contra a Ponte Preta -todos petardos de fora da área. E o de bicicleta de Romário na goleada do Fluminense sobre o Guarani.

Errata
Diferentemente do que escrevi no sábado, antes de Palmeiras 0 x 0 Botafogo já tinham ocorrido na segunda divisão quatro confrontos entre ex-campeões da primeira: Guarani x Palmeiras (1981), Sport x Guarani (90), Coritiba x Guarani (91) e Coritiba x Grêmio (92). Agradeço aos vários leitores que me corrigiram, sobretudo ao pesquisador Marcelo Arruda, que deu os dados completos.

E-mail jgcouto@uol.com.br

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