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FUTEBOL
Bola redonda, bola quadrada
JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA
Falei mal do Parreira em 94,
e o Brasil foi campeão. Falei
mal do Felipão em 2002, e o Brasil
foi campeão. Conclusão óbvia:
não entendo nada de futebol.
Aproveitando a liberdade que
essa condição me confere, peço licença para voltar a criticar o trabalho do Parreira.
Assim, por linhas tortas, estarei
ajudando o Brasil a ser campeão
da Copa das Confederações e até,
quem sabe, do Mundial de 2006.
Na verdade, não tenho tanto
uma crítica a fazer, mas uma perplexidade a compartilhar.
No jogo contra Camarões, em
que o time brasileiro era um deserto de imaginação e de idéias,
Parreira manteve Alex no banco
e, quando colocou em campo o
Adriano do Atlético-PR, tirou seu
companheiro de time Kléberson,
liquidando a possibilidade de
aproveitar o entrosamento entre
os dois e o atacante Ilan.
No jogo contra os EUA, o que
houve de melhor no primeiro
tempo foi a aproximação entre
Alex e Ronaldinho. No segundo,
os dois fugiram um do outro como o diabo da cruz. Mesmo assim, as duas jogadas mais perigosas foram de Alex: um cruzamento para Adriano e um bom chute
de direita de fora da área.
Pois bem: Parreira tirou Alex e
ao mesmo tempo trocou Belletti
por Maurinho, como que para
evitar o perigo de que este último
pudesse se entrosar com algum
companheiro.
Alguém seria capaz de me explicar essa lógica, já que, como ficou
provado, não entendo nada de futebol? Desse jeito vou acabar concordando com o Zé Simão quando diz que Parreira ficou deprimido com os três gols que o Brasil
fez contra a Nigéria.
O empate entre Corinthians e
Ponte Preta foi uma partida tecnicamente medíocre, mas muito
dramática, principalmente no segundo tempo. Graças a Rogério e
Liedson, o time de Geninho escapou de entrar numa crise de consequências imprevisíveis.
O controvertido terceiro gol da
Ponte foi um castigo cruel para o
Corinthians, que àquela altura
pressionava em busca do empate.
Mas a equipe do Parque São Jorge
apresentou pouca coisa além da
garra: foi frágil na defesa e inoperante no ataque.
Com o empate, Geninho pode
respirar um pouco e tentar dar
uma ajeitada na equipe.
Uma coisa parece certa: Pingo e
Fabinho juntos no meio-campo
não parece ser uma boa receita
para quem quer fazer a bola chegar redonda aos atacantes. Liedson que o diga.
Nas paralisações de Ponte x Corinthians (que foram muitas), eu
"zapeava" para o Campeonato
Espanhol, em que o Real Madrid
venceu o Athletic Bilbao por 3 a 1
e se sagrou campeão, com três
gols brasileiros: dois de Ronaldo e
um de Roberto Carlos.
Não poderia haver maior contraste entre as duas partidas. Pareciam dois esportes diferentes:
um jogado com a bola redonda,
outro com a bola quadrada. Adivinhe qual.
Consolos
Não foi uma rodada muito brilhante, mas houve golaços. O
de Iarley, do Paysandu, contra
o Flamengo, o do flamenguista
Igor, no mesmo jogo, o de falta
do corintiano Rogério contra a
Ponte Preta -todos petardos
de fora da área. E o de bicicleta
de Romário na goleada do Fluminense sobre o Guarani.
Errata
Diferentemente do que escrevi
no sábado, antes de Palmeiras 0
x 0 Botafogo já tinham ocorrido
na segunda divisão quatro confrontos entre ex-campeões da
primeira: Guarani x Palmeiras
(1981), Sport x Guarani (90),
Coritiba x Guarani (91) e Coritiba x Grêmio (92). Agradeço aos
vários leitores que me corrigiram, sobretudo ao pesquisador
Marcelo Arruda, que deu os dados completos.
E-mail jgcouto@uol.com.br
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