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TÊNIS
A volta da que não foi
RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA
Há 20 anos, o tênis feminino
assistia a mais um dos sensacionais duelos entre duas das
melhores tenistas de todos os tempos: Martina Navratilova e Chris
Evert. As norte-americanas decidiram, então, o título de Roland
Garros, de Wimbledon, do Aberto
dos EUA e do Masters (todos eles
vencidos por Navratilova). Torcia-se pela musa Evert ou pela
fantástica Navratilova. Não havia mais ninguém.
Há 15 anos, o tênis feminino via
outro duelo histórico entre duas
tenistas sensacionais: Martina
Navratilova e Steffi Graf. Naquele
1989, a alemã caminhava para
assombrosos sete título em oito
Grand Slams (três deles derrotando Navratilova). Torcia-se pela
incrível alemãzinha ou pela fascinante Navratilova. Não havia
mais ninguém.
Há uns 13 anos, o tênis feminino
acompanhava outro embate histórico: Steffi Graf versus Monica
Seles. Naqueles tempos, elas conquistariam nove em nove Grand
Slam disputados (com Seles fora
das quadras, Graf ganharia mais
três seguidos). Torcia-se pela genial alemã ou pela garota prodígio naturalizada norte-americana. Não havia mais ninguém.
Há não mais que sete anos, o tênis feminino observava mais um
duelo: Martina Hingis contra
Lindsay Davenport, uma disputa
ano a ano pela liderança do ranking. De um lado, a torcida pela
"bonequinha suíça"; do outro, os
apreciadores da tranqüila tenista
norte-americana. Nada mais.
Não faz muito tempo, o tênis feminino passou a ver a briga, quase literal, entre Hingis e as irmãs
Williams. De um lado, a graça da
suíça; do outro, o arrojo e a força
das negras norte-americanas.
Quem mais? Ninguém.
Quando Hingis decidiu deixar o
caminho livre para as irmãs e se
dedicar às (outras) diversões da
vida, o circuito virou coisa de família, a ponto de o pai das norte-americanas receber os torcedores
com um cartaz no qual ele, não
sem razão, dizia: "Bem-vindo ao
show das Williams".
As irmãs resolveram, então,
brincar de outra coisa. Foi então
que duas belgas herdaram o palco. De um lado, a bela e atraente
Kim Clijsters; do outro, a também
bela, mas mirrada, Justine Henin.
E o que acontece então quando
as duas estrelas da vez se machucam, como acontece neste meio
de ano, entre Roland Garros e
Wimbledon? Aí o tênis feminino
mostra que não existe, que só sobrevive, literalmente, de uma ou
outra excelente tenista.
A ponto de, veja só, Martina
Navratilova, aos 47 anos de idade
(!), ser a estrela de Wimbledon.
Nada menos que 31 anos depois
de seu primeiro jogo na grama de
Wimbledon, nada menos que 20
anos depois de suas grandes conquistas e nada menos que dez
anos após a despedida, Navratilova voltou e venceu a garota número 100 do ranking por 6/0, 6/1.
Talvez Navratilova até derrote
hoje a argentina Gisele Dulco, número 59 do ranking; é praticamente impossível, porém, que
chegue ao seu décimo título em
Wimbledon. Mas só o fato de ela
ser o tema da semana nas quadras mostra o quanto o tênis feminino (que tédio!) anda fraco,
fraco, bem chato.
Torcida
Será em São Paulo, no clube Paineiras, o confronto entre Brasil e
Croácia, pela Fed Cup, nos dias 10 e 11 de julho. Maria Fernanda Alves, Carla Tiene, Letícia Sobral e Bruna Colósio formam a equipe.
Vale a pena a torcida.
Seca
Terceiro dia de jogos em Wimbledon, e a chave principal tem zero
brasileiro.
Agenda
Campos do Jordão recebe, no Tênis Clube local, dois bons torneios
da série challenger: de 10 a 18, o feminino, e de 17 a 24, o masculino.
Taí um excelente programa à vista.
E-mail reandaku@uol.com.br
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