São Paulo, quarta-feira, 23 de junho de 2004

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TÊNIS

A volta da que não foi

RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA

Há 20 anos, o tênis feminino assistia a mais um dos sensacionais duelos entre duas das melhores tenistas de todos os tempos: Martina Navratilova e Chris Evert. As norte-americanas decidiram, então, o título de Roland Garros, de Wimbledon, do Aberto dos EUA e do Masters (todos eles vencidos por Navratilova). Torcia-se pela musa Evert ou pela fantástica Navratilova. Não havia mais ninguém.
Há 15 anos, o tênis feminino via outro duelo histórico entre duas tenistas sensacionais: Martina Navratilova e Steffi Graf. Naquele 1989, a alemã caminhava para assombrosos sete título em oito Grand Slams (três deles derrotando Navratilova). Torcia-se pela incrível alemãzinha ou pela fascinante Navratilova. Não havia mais ninguém.
Há uns 13 anos, o tênis feminino acompanhava outro embate histórico: Steffi Graf versus Monica Seles. Naqueles tempos, elas conquistariam nove em nove Grand Slam disputados (com Seles fora das quadras, Graf ganharia mais três seguidos). Torcia-se pela genial alemã ou pela garota prodígio naturalizada norte-americana. Não havia mais ninguém.
Há não mais que sete anos, o tênis feminino observava mais um duelo: Martina Hingis contra Lindsay Davenport, uma disputa ano a ano pela liderança do ranking. De um lado, a torcida pela "bonequinha suíça"; do outro, os apreciadores da tranqüila tenista norte-americana. Nada mais.
Não faz muito tempo, o tênis feminino passou a ver a briga, quase literal, entre Hingis e as irmãs Williams. De um lado, a graça da suíça; do outro, o arrojo e a força das negras norte-americanas. Quem mais? Ninguém.
Quando Hingis decidiu deixar o caminho livre para as irmãs e se dedicar às (outras) diversões da vida, o circuito virou coisa de família, a ponto de o pai das norte-americanas receber os torcedores com um cartaz no qual ele, não sem razão, dizia: "Bem-vindo ao show das Williams".
As irmãs resolveram, então, brincar de outra coisa. Foi então que duas belgas herdaram o palco. De um lado, a bela e atraente Kim Clijsters; do outro, a também bela, mas mirrada, Justine Henin.
E o que acontece então quando as duas estrelas da vez se machucam, como acontece neste meio de ano, entre Roland Garros e Wimbledon? Aí o tênis feminino mostra que não existe, que só sobrevive, literalmente, de uma ou outra excelente tenista.
A ponto de, veja só, Martina Navratilova, aos 47 anos de idade (!), ser a estrela de Wimbledon.
Nada menos que 31 anos depois de seu primeiro jogo na grama de Wimbledon, nada menos que 20 anos depois de suas grandes conquistas e nada menos que dez anos após a despedida, Navratilova voltou e venceu a garota número 100 do ranking por 6/0, 6/1.
Talvez Navratilova até derrote hoje a argentina Gisele Dulco, número 59 do ranking; é praticamente impossível, porém, que chegue ao seu décimo título em Wimbledon. Mas só o fato de ela ser o tema da semana nas quadras mostra o quanto o tênis feminino (que tédio!) anda fraco, fraco, bem chato.

Torcida
Será em São Paulo, no clube Paineiras, o confronto entre Brasil e Croácia, pela Fed Cup, nos dias 10 e 11 de julho. Maria Fernanda Alves, Carla Tiene, Letícia Sobral e Bruna Colósio formam a equipe. Vale a pena a torcida.

Seca
Terceiro dia de jogos em Wimbledon, e a chave principal tem zero brasileiro.

Agenda
Campos do Jordão recebe, no Tênis Clube local, dois bons torneios da série challenger: de 10 a 18, o feminino, e de 17 a 24, o masculino. Taí um excelente programa à vista.

E-mail reandaku@uol.com.br


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