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Líder, Edmundo já vê fim no Palmeiras
Símbolo da reação da equipe diz que ter recebido proposta para jogar no Qatar, mas quer se aposentar em 2007, no clube
Ídolo afirma que faltou um
pouco de planejamento no
time do Parque Antarctica,
que deveria seguir exemplo
de organização do São Paulo
PAULO GALDIERI
DA REPORTAGEM LOCAL
Aos 34 anos, ele já não tem o
mesmo vigor físico da primeira
passagem pelo Palmeiras. Mas
agora lhe sobra experiência e
traquejo para, num piscar de
olhos, construir a jogada que
resulta no gol da vitória, como
fez contra o Corinthians.
Este é Edmundo, que chegou
no início do ano como grande
contratação, mas só agora, após
uma parada no Brasileiro, começa a se destacar na reação do
time no Nacional, que hoje pode ganhar mais um capítulo, caso triunfe sobre o Goiás.
Em entrevista à Folha, o camisa 7 do Palmeiras citou o São
Paulo como exemplo de organização a ser seguida. Ele disse
ainda que recebeu uma grande
proposta do Qatar, pensou em
sair, mas que agora gostaria de
renovar antecipadamente seu
contrato, que vence em dezembro, para encerrar a carreira no
Palmeiras no fim de 2007.
FOLHA - Após a Copa o seu rendimento melhorou. O que mudou?
EDMUNDO - É nítido que no futebol de hoje é preciso organização tática e fôlego. E a gente
teve tempo para treinar e assimilar o que o Tite quer da gente
e, principalmente, aprimorar a
parte física. Fazia muitos anos
que eu aqui no Brasil não tinha
condições de fazer uma pré-temporada como essa. E, pra
gente, foi primordial, porque
vínhamos meio desestruturados fisicamente, taticamente.
FOLHA - Antes, você não estava se
sentindo bem para jogar?
EDMUNDO - A euforia de ter voltado dava uma sensação boa.
Mas, depois de um tempo,
quando a gente começou a oscilar, é que você começa a ver que
faltavam trabalhos específicos.
FOLHA - Na crise, a torcida hostilizou jogadores, mas você não foi um
dos alvos. Como você encara isso?
EDMUNDO - A nossa obrigação é
trazer o torcedor para o nosso
lado. Fazer o que eles fariam.
Na fase de derrotas seguidas, eu
vi jogadores pedindo para não
jogar, outros jogando abaixo do
que podem, e eu me incluo nisso. Isso cria indignação ainda
maior. Mas é lógico que no chicote é mais difícil as pessoas
irem para a frente.
FOLHA - E, por falar em chicote,
quando Emerson Leão saiu, você disse que o ambiente ficou mais leve...
EDMUNDO - O Leão tem aquela
postura, mas no dia-a-dia é supertranqüilo. O Tite é até mais
severo com horário do que ele.
FOLHA - Como foi seu relacionamento com ele?
EDMUNDO - Ótimo. Tenho certeza de que conquistei outra
pessoa. Pode ser que ele não me
queira, mas será pela parte técnica, não mais pela disciplinar.
FOLHA - Você já pensou em renovar contrato com o Palmeiras?
EDMUNDO - Há duas semanas,
recebi uma proposta do Qatar,
muito boa. Era uma coisa descartada, mas o lance financeiro,
sempre chama a atenção. Aí tive uma conversa com o sr. Palaia [diretor de futebol], e já foi
cogitado renovar meu contrato.
Estou aguardando. E acho que
mais um ano já dará para mim,
com relação a jogar.
FOLHA - Mas, para renovar, você
pedirá compensação financeira?
EDMUNDO - Não. Não faço
questão do dinheiro. É questão
de estabilidade. Seria bom que
isso pudesse ser feito logo para
eu ficar tranqüilo. Quando cheguei, havia uma certa preocupação de como seria. Posso não
estar jogando nada, mas o comportamento tem sido ótimo.
FOLHA - Você se considera um líder? Como você é na convivência
com os demais jogadores?
EDMUNDO - Eles me chamam
de velhinho, me sacaneiam. E
eu fico feliz por essa igualdade.
Agora, no dia do jogo, a minha
obrigação se torna maior. Tenho que passar algumas coisas
que já vivi. Eu vejo o moleque
no treino com potencial. Chega
ao jogo, ele não faz, me dá uma
ansiedade, angústia, não sei. Aí
infelizmente a gente às vezes
explode. Mas não tenho dom
para liderar por não saber dosar a hora de gritar, de xingar.
FOLHA - Você acha que o fato de o
time com muitos veteranos atrapalhou o rendimento?
EDMUNDO - Não acho que a idade seja uma coisa que tenha
atrapalhado. Tem outros detalhes mais importantes.
FOLHA - Que detalhes?
EDMUNDO - O esquema que a
gente não definiu, a má preparação. E, se não tem um grupo
forte para repor, é difícil. Tem
que ser pensado antes. A gente
tem que ter exemplos bons, como o São Paulo. Tem no banco
Alex Dias, Lima, Aloisio, Leandro. Agora tem Ilsinho, Lúcio.
Aqui a gente não tem isso. Isso
é planejamento, uma coisa que
faltou um pouco aqui.
FOLHA - Como foi seu problema
com Tite? Chegou-se a dizer que você foi afastado...
EDMUNDO - Eu nunca briguei
com ele, apenas discordei. Ele é
muito severo, mas está tudo
certo entre eu e ele. Naquele
episódio [do afastamento antes
da Copa], recebi ligações de vários clubes, mas nunca pensei
em deixar o Palmeiras.
FOLHA - Você acha que, nesse caso,
a rivalidade deveria ser deixada de
lado para seguir esse exemplo?
EDMUNDO - Claro, sem dúvida.
O que é bom é para ser copiado
mesmo. Mas depende muito da
condição do clube.
FOLHA - Por falar em São Paulo,
nos jogos pela Libertadores, o Souza
disse que você jogou com a camisa
do Barcelona por baixo. É verdade?
EDMUNDO - Não vou me rebaixar ao Souza. Estava frio. Eu
uso uma camisa branca por baixo, e ela tem um laranja. Provavelmente ele deve ter visto isso.
Mas o Souza deve ter uns 30 e
poucos anos [27, na verdade] e
está aparecendo agora, está
empolgado. Eu nunca faria isso.
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