Após seis medalhas de ouro, o recordista de pódios no Rio cai de rendimento no 4 x 100 m medley e nos 100 m costas

Nadador brasileiro diz que conseguiu até mais do que esperava e já conta com uma cobrança maior para os Jogos Olímpicos de Pequim

DA SUCURSAL DO RIO
DO ENVIADO AO RIO

O Parque Aquático Maria Lenk já estava vazio. Após as provas de natação, cercado por voluntários, que pediam autógrafos, e fotógrafos, Thiago Pereira desfilava com as oito medalhas que conquistou no Pan. É o recorde de um atleta brasileiro numa edição dos Jogos.
A participação terminou sem ouros ontem. Desgastado pela maratona de 3.500 m nadados no Rio, ele foi mal na prova de costas no revezamento 4 x 100 m medley, que ficou com a prata. Nos 100 m costas, terminou com o bronze.
"Era um sonho que tinha antes de vir para cá", disse Thiago, sobre os 100% de pódios no Pan. "Consegui medalhas além do esperado. Mas estava bem cansado hoje [ontem]."
Nos 100 m costas, o fluminense de Volta Redonda ficou atrás dos norte-americanos Randall Bal (53s66) e Peter Marshall (54s64). Thiago completou a prova em 54s75.
No 4 x 100 m medley, em que nadou o estilo costas, abrindo o revezamento, fez tempo pior que o do bronze: 55s45. Bal, que competiu pelos EUA, marcou 53s83. Com Thiago, o Brasil estava em terceiro lugar. Henrique Barbosa, no nado peito, superou o canadense Scott Dickens e pôs o time em segundo, posição mantida até o final por Kaio Márcio (borboleta) e César Cielo (livre).
Os EUA venceram em 3min34s37. Vice, o Brasil completou a prova em 3min35s81.
Assediado após o feito no Rio, Thiago disse ter ciência de que a pressão, a partir de agora, será maior. "Sei que haverá cobrança. Já fui a uma Olimpíada [Atenas-04] e sei como é isso. Sofri com o nervosismo e sei que, muitas vez, ganha quem consegue ter controle mental."
Na capital grega, há três anos, ele terminou em quinto lugar nos 200 m medley. "Tenho seis índices olímpicos [para Pequim], mas não sei ainda o que nadarei. Certos são apenas os 200 m e os 400 m medley."
Ele já está certo nos Jogos Olímpicos, além do medley, nos 200 m costas, nos 200 m peito, nos 200 m livre e no 4 x 200 m livre. "O Thiago se propôs esse desafio, como o [Michael] Phelps e o [Mark] Spitz. Esse limite foi superado após ele ter amadurecido", avaliou Ricardo de Moura, diretor técnico da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos.
Phelps -rival de Thiago no medley- levou seis ouros em Atenas-04. Spitz faturou sete ouros em Munique-72. No Rio, Thiago superou o recorde de ouros de Spitz num Pan: cinco em Winnipeg-67. Deixou para trás os quatro ouros de Fernando Scherer em Winnipeg-99.
"Eu me tornei o maior recordista de Pan, o único a perder cinco recordes numa mesma edição dos Jogos: 100 m livre, 50 m livre, 4 x 100 m livre, 4 x 100 m medley e o de quatro medalhas numa única edição", escreveu Scherer em seu blog.
(FABIO GRIJÓ E PAULO COBOS)


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