São Paulo, segunda-feira, 23 de agosto de 2004

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ATLETISMO

Dá positivo teste de russa vitoriosa no arremesso de peso, realizado em Olímpia

Doping leva o ouro no retorno dos Jogos ao seu berço histórico

DOS ENVIADOS A ATENAS

A russa Irina Korzhanenko entrou para a história, na última quarta-feira, como a primeira mulher condecorada com a medalha de ouro em Olímpia -berço dos Jogos. Ontem, ela viu seu capítulo ser reescrito de maneira desonrosa, com a revelação de que competiu dopada.
Praticamente todas as disputas da Olimpíada-04 estão acontecendo em Atenas. Mas os organizadores levaram as provas masculina e feminina do arremesso de peso para Olímpia, berço das competições antigas, disputadas há mais de 1.600 anos.
A idéia era aproveitar ao máximo a volta do evento ao local onde ele foi criado -não por acaso, o mote desta Olimpíada é "Bem-vindo ao lar". A diferença agora foi a permissão de que as mulheres participassem da competição. Nos Jogos da Antigüidade, a elas não era permitido nem estar na platéia, sob pena de morte.
A competição foi transmitida para o mundo inteiro e celebrada pelo Comitê Olímpico Internacional, até que a nuvem do doping a obscurecesse ontem. O COI deve confirmar oficialmente hoje que Korzhanenko usou substância ilegal. Mas ontem a presidente da comissão médica da entidade, Arne Lungqvist, e o Comitê Olímpico Russo já atestavam a veracidade da prova e da contraprova do exame coletado pela russa.
A atleta, que havia atingido a marca de 21,06 m (a melhor da temporada), terá seu ouro retirado e, se condenada, será banida por toda a vida, por ser reincidente. Pega num exame antidoping, no Mundial indoor de 1999, já fora suspensa por dois anos.
"É muito triste. Pulveriza toda a atmosfera que envolveu aquele evento simbólico", disse Lunqvist. "É uma absoluta desgraça se ficar comprovado que ela [Korzhanenko] competiu usando substâncias ilegais em um local sagrado", declarou o alemão Clemens Prokop, presidente da comissão atlética do COI.
Com os acontecimentos, a cubana Yumileide Cumba, que arremessou o peso a 19,59 m, será alçada da prata para o ouro.
A droga usada pela russa teria sido o estanozolol, um esteróide anabólico (grupo de substâncias que aumentam a força muscular). Se confirmada, será igual ao doping protagonizado pelo canadense Ben Johnson, em Seul-88.
Gennady Shvets, porta-voz do comitê russo, disse que a atleta havia passado por uma bateria de exames preventivos na Rússia, sem indícios de irregularidade.
O caso russo não foi o único que reverberou em Atenas ontem. O bronze do levantador de peso grego Leonidas Sampanis (categoria 62 kg) foi oficialmente retirado, após ele ser reprovado em exame que apontou níveis de testosterona acima do permitido.
Antes dos Jogos, o COI prometera "tolerância zero" ao uso de substâncias químicas irregulares para melhorar o desempenho esportivo. (ADALBERTO LEISTER FILHO E MARCELO DIEGO)


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