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ATLETISMO
Dá positivo teste de russa vitoriosa no arremesso de peso, realizado em Olímpia
Doping leva o ouro no retorno dos Jogos ao seu berço histórico
DOS ENVIADOS A ATENAS
A russa Irina Korzhanenko entrou para a história, na última
quarta-feira, como a primeira
mulher condecorada com a medalha de ouro em Olímpia -berço dos Jogos. Ontem, ela viu seu
capítulo ser reescrito de maneira
desonrosa, com a revelação de
que competiu dopada.
Praticamente todas as disputas
da Olimpíada-04 estão acontecendo em Atenas. Mas os organizadores levaram as provas masculina e feminina do arremesso de
peso para Olímpia, berço das
competições antigas, disputadas
há mais de 1.600 anos.
A idéia era aproveitar ao máximo a volta do evento ao local onde ele foi criado -não por acaso,
o mote desta Olimpíada é "Bem-vindo ao lar". A diferença agora
foi a permissão de que as mulheres participassem da competição.
Nos Jogos da Antigüidade, a elas
não era permitido nem estar na
platéia, sob pena de morte.
A competição foi transmitida
para o mundo inteiro e celebrada
pelo Comitê Olímpico Internacional, até que a nuvem do doping
a obscurecesse ontem. O COI deve confirmar oficialmente hoje
que Korzhanenko usou substância ilegal. Mas ontem a presidente
da comissão médica da entidade,
Arne Lungqvist, e o Comitê Olímpico Russo já atestavam a veracidade da prova e da contraprova
do exame coletado pela russa.
A atleta, que havia atingido a
marca de 21,06 m (a melhor da
temporada), terá seu ouro retirado e, se condenada, será banida
por toda a vida, por ser reincidente. Pega num exame antidoping,
no Mundial indoor de 1999, já fora suspensa por dois anos.
"É muito triste. Pulveriza toda a
atmosfera que envolveu aquele
evento simbólico", disse Lunqvist. "É uma absoluta desgraça se
ficar comprovado que ela [Korzhanenko] competiu usando
substâncias ilegais em um local
sagrado", declarou o alemão Clemens Prokop, presidente da comissão atlética do COI.
Com os acontecimentos, a cubana Yumileide Cumba, que arremessou o peso a 19,59 m, será
alçada da prata para o ouro.
A droga usada pela russa teria
sido o estanozolol, um esteróide
anabólico (grupo de substâncias
que aumentam a força muscular).
Se confirmada, será igual ao doping protagonizado pelo canadense Ben Johnson, em Seul-88.
Gennady Shvets, porta-voz do
comitê russo, disse que a atleta
havia passado por uma bateria de
exames preventivos na Rússia,
sem indícios de irregularidade.
O caso russo não foi o único
que reverberou em Atenas ontem. O bronze do levantador de
peso grego Leonidas Sampanis
(categoria 62 kg) foi oficialmente
retirado, após ele ser reprovado
em exame que apontou níveis de
testosterona acima do permitido.
Antes dos Jogos, o COI prometera "tolerância zero" ao uso de
substâncias químicas irregulares
para melhorar o desempenho esportivo.
(ADALBERTO LEISTER FILHO E MARCELO DIEGO)
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