São Paulo, segunda-feira, 23 de agosto de 2004

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VÔLEI DE PRAIA

Dupla vira mata-mata brasileiro e avança às semifinais, que acontecem hoje

Behar e Shelda sacam mais rápido e sobrevivem a duelo

Dave Martin/Associated Press
Parceira de Shelda, que recebeu abraço da rival Ana Paula, Adriana Behar vibra após a vitória


LUÍS CURRO
ENVIADO ESPECIAL A ATENAS

No mata-mata brasileiro, quem matou foi Adriana Behar/Shelda.
E de virada.
A dupla, que atua junto desde 1995, manteve sua invencibilidade e passou por Ana Paula/Sandra por 2 sets a 1 (15/21, 21/13 e 15/13), ontem, no Centro Olímpico de Vôlei de Praia. Volta à arena hoje, às 13h, pelas semifinais.
Em caso de vitória, assegura ao menos a prata em Atenas, medalha obtida na última Olimpíada, quatro anos atrás, em Sydney.
As adversárias serão uma dupla australiana: Natalie Cook, ouro nos Jogos-2000, e Nicole Sanderson, sua atual parceira.
O saque fez a diferença no duelo de ontem. No início do primeiro set, um de Ana Paula e outro de Sandra as pôs em vantagem de 5 a 1 no placar. O bloqueio delas também funcionou, e Behar e Shelda não conseguiram reagir.
A partir da segunda parcial, porém, Shelda entrou em ação. Acertou alguns contra-ataques e, principalmente, a mão no saque. Fez três aces. Adriana Behar somou apenas um, mas foi justo o ponto que fechou o set.
No tie-break, o equilíbrio prevaleceu até o 12 a 12, quando dois saques de Shelda não foram defendidos pelas rivais. Com um leve toque, Behar matou o jogo.
"No vôlei hoje, tanto no de quadra quanto no de praia, o saque é muito importante. Se der na mão, a chance de elas virarem a bola é grande. Então a primeira coisa a fazer é quebrar o passe, para conseguirmos defender", diz Behar.
Sandra concordou que o êxito das rivais nesse fundamento foi o que desequilibrou: "Tie-break é loteria. O saque [da Shelda] no meio fez um ponto, depois outro. Aí ficou difícil buscar, diante de uma dupla tão aguerrida".
O encontro entre as parcerias brasileiras (cabeças-de-chave dois e três do torneio), caso a lógica tivesse prevalecido, ocorreria só nas semifinais. Foi antecipado porque Ana Paula e Sandra perderam um jogo na primeira fase e ficaram em segundo no grupo. No sorteio dos mata-matas, caíram na chave de Behar/Shelda.
Sandra, que saiu da quadra sem cumprimentar as vencedoras, deixa Atenas com um gosto amargo. Poderia se tornar a primeira mulher do país com três medalhas -havia sido ouro em Atlanta, com Jacqueline, e bronze em Sydney, com Adriana Samuel.
"Se eu te falar que estou feliz, estarei mentindo. Estou triste, ainda vou sentir muito. Mas estava preparando minha cabeça, nosso ano não foi magnífico", declarou ela, que em 2003 ganhou com Ana Paula, no primeiro ano da dupla, o Circuito Mundial -nesta temporada, contusões as afastaram das areias por dois meses.
Bronze no vôlei indoor em 96, Ana Paula abraçou Shelda após o jogo. E, nos braços de Marcos Miranda, seu marido, chorou.


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