São Paulo, segunda-feira, 23 de agosto de 2004

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FUTEBOL

Tudo (ou quase) como antes

JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA

A situação criada no Brasileirão pelos resultados do meio da semana foi revertida ontem. Tudo, ou quase, voltou à ordem anterior. O Santos retomou a dianteira com uma bela goleada sobre o Figueirense e o Palmeiras voltou a ser vice ao ficar no empate (heróico, aliás) com um Vitória aguerrido e motivado pela mudança de técnico.
A tranquila vitória santista deu a impressão de que o tropeço de quarta-feira diante do Botafogo não deixou seqüelas na autoconfiança dos atletas. O time voltou a mostrar um futebol de campeão.
Quando o Santos consegue "encaixar" seu jogo, e principalmente quando Robinho está inspirado, como ontem, é difícil segurar. Mais ainda quando o rival está fragilizado, como o Figueirense, que parece não ter-se recuperado da saída de seu principal jogador de criação, Sérgio Manoel.
Numa situação como essa, o Santos parece capaz de ditar o ritmo da partida e fazer os gols nos momentos em que bem entende.
Para garantir o título, talvez o que o time precise seja de saber às vezes endurecer, ou seja, apertar a marcação e segurar um pouco os laterais. Mas sem perder a ternura (ou a fantasia) jamais.
 
No confronto dos tricolores, o São Paulo até que tentou vencer o bloqueio defensivo do Fluminense para empatar a partida. Chutou duas bolas na trave e obrigou Fernando Henrique a uma milagrosa defesa com os pés, à moda dos goleiros de handebol.
Mas essas coisas aconteceram todas no espaço de poucos minutos, durante uma isolada "blitz" são-paulina.
O time paulista não foi capaz de manter uma criação permanente de situações de gol -e ainda ficou sujeito aos contragolpes armados pelo habilidoso Roger, o único dos "quatro astros" do Flu a brilhar de verdade.
 
O Corinthians, depois da arrancada espetacular que o levou da lanterna à sétima colocação, empacou perigosamente no bloco intermediário. Se não vier logo uma nova vitória, o time corre o risco de cair de novo no desânimo.
Sem dispor de um elenco de primeira linha, o alvinegro depende muito da motivação e da autoconfiança para sonhar com a disputa pela vaga na Libertadores.
 
Para não dizerem que só falo dos times paulistas e cariocas, destaco dois grandes feitos ocorridos longe do eixo Rio-São Paulo: a espetacular goleada do Goiás sobre a Ponte Preta, que colocou o time goiano perto dos líderes, e o golaço de bicicleta de Fernandão, do Internacional, um dos mais bonitos do Campeonato Brasileiro até agora.
 
Espetacular também a goleada da seleção feminina brasileira sobre o México, na sexta-feira. O gol de Marta, como diria Jorge Ben, "foi um gol de anjo, um verdadeiro gol de placa", que nada fica a dever aos golaços dos marmanjos.

Ainda o Haiti
José Luiz Portella, ex-secretário do Ministério dos Esportes, acha que na coluna de anteontem, ao expressar minha comoção com a festa feita pelos haitianos aos craques brasileiros, eu posso ter fornecido munição aos que pretendem manter inalterada a estrutura política do futebol nacional. Longe de mim tal intenção. Para evitar novos malentendidos, quero deixar claro que abomino qualquer tipo de relação promíscua entre o governo e a CBF, especialmente se essa relação causar algum embaraço à tarefa do poder público de lutar pela regeneração e democratização do nosso futebol. Mais que isso: estou convencido de que essa regeneração não será completa enquanto Ricardo Teixeira estiver à frente da confederação. Mas que a festa foi bonita, foi.

E-mail jgcouto@uol.com.br


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