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FUTEBOL
Tudo (ou quase) como antes
JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA
A situação criada no Brasileirão pelos resultados do
meio da semana foi revertida ontem. Tudo, ou quase, voltou à ordem anterior. O Santos retomou a
dianteira com uma bela goleada
sobre o Figueirense e o Palmeiras
voltou a ser vice ao ficar no empate (heróico, aliás) com um Vitória
aguerrido e motivado pela mudança de técnico.
A tranquila vitória santista deu
a impressão de que o tropeço de
quarta-feira diante do Botafogo
não deixou seqüelas na autoconfiança dos atletas. O time voltou a
mostrar um futebol de campeão.
Quando o Santos consegue "encaixar" seu jogo, e principalmente
quando Robinho está inspirado,
como ontem, é difícil segurar.
Mais ainda quando o rival está
fragilizado, como o Figueirense,
que parece não ter-se recuperado
da saída de seu principal jogador
de criação, Sérgio Manoel.
Numa situação como essa, o
Santos parece capaz de ditar o ritmo da partida e fazer os gols nos
momentos em que bem entende.
Para garantir o título, talvez o
que o time precise seja de saber às
vezes endurecer, ou seja, apertar a
marcação e segurar um pouco os
laterais. Mas sem perder a ternura (ou a fantasia) jamais.
No confronto dos tricolores, o
São Paulo até que tentou vencer o
bloqueio defensivo do Fluminense para empatar a partida. Chutou duas bolas na trave e obrigou
Fernando Henrique a uma milagrosa defesa com os pés, à moda
dos goleiros de handebol.
Mas essas coisas aconteceram
todas no espaço de poucos minutos, durante uma isolada "blitz"
são-paulina.
O time paulista não foi capaz de
manter uma criação permanente
de situações de gol -e ainda ficou sujeito aos contragolpes armados pelo habilidoso Roger, o
único dos "quatro astros" do Flu
a brilhar de verdade.
O Corinthians, depois da arrancada espetacular que o levou da
lanterna à sétima colocação, empacou perigosamente no bloco intermediário. Se não vier logo uma
nova vitória, o time corre o risco
de cair de novo no desânimo.
Sem dispor de um elenco de primeira linha, o alvinegro depende
muito da motivação e da autoconfiança para sonhar com a disputa pela vaga na Libertadores.
Para não dizerem que só falo
dos times paulistas e cariocas,
destaco dois grandes feitos ocorridos longe do eixo Rio-São Paulo:
a espetacular goleada do Goiás
sobre a Ponte Preta, que colocou o
time goiano perto dos líderes, e o
golaço de bicicleta de Fernandão,
do Internacional, um dos mais
bonitos do Campeonato Brasileiro até agora.
Espetacular também a goleada
da seleção feminina brasileira sobre o México, na sexta-feira. O gol
de Marta, como diria Jorge Ben,
"foi um gol de anjo, um verdadeiro gol de placa", que nada fica a
dever aos golaços dos marmanjos.
Ainda o Haiti
José Luiz Portella, ex-secretário
do Ministério dos Esportes,
acha que na coluna de anteontem, ao expressar minha comoção com a festa feita pelos haitianos aos craques brasileiros,
eu posso ter fornecido munição
aos que pretendem manter
inalterada a estrutura política
do futebol nacional. Longe de
mim tal intenção. Para evitar
novos malentendidos, quero
deixar claro que abomino qualquer tipo de relação promíscua
entre o governo e a CBF, especialmente se essa relação causar
algum embaraço à tarefa do poder público de lutar pela regeneração e democratização do
nosso futebol. Mais que isso: estou convencido de que essa regeneração não será completa
enquanto Ricardo Teixeira estiver à frente da confederação.
Mas que a festa foi bonita, foi.
E-mail jgcouto@uol.com.br
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