São Paulo, quarta-feira, 23 de agosto de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

TOSTÃO

O gol não é um detalhe

A falta de qualidade e de mais atacantes são alguns dos motivos da baixa média de gols, como vimos na Copa

A MODA na Copa do Mundo, que chegou com força no Brasil, é atuar com apenas um atacante. Umas das razões disso é a escassez de grandes jogadores nessa posição em todo o mundo, principalmente no Brasil. Obina não é ainda melhor do que o Eto'o, como grita o torcedor do Flamengo. Outro motivo de se atuar apenas com um atacante, como vimos bastante na Copa, é que muitos técnicos não abrem mão de ter uma linha de quatro armadores. Por isso, os treinadores da França e da Itália escalaram Zidane e Totti próximos de um único atacante, em vez de colocá-los na linha de quatro no meio-campo, onde teriam obrigação de marcar. Muitos técnicos brasileiros têm feito o mesmo, escalando um ou dois meias e mais um atacante. Mas Edmundo e Juninho no Palmeiras, Roger e Carlos Alberto no Corinthians, e tantos outros, não fazem parte da linha de meio-campo. Por isso, como Paulo Vinicius Coelho já disse umas mil vezes, não é correto dizer que esses times atuam no 3-6-1. Eles jogam no 3-4-2-1 ou no 3-4-3, já que esses meias atuam próximos do gol. As coisas vão e voltam, muitas vezes disfarçadas. Na Copa de 2002, o Brasil também jogou com dois meias ofensivos (Ronaldinho e Rivaldo) e um centroavante (Ronaldo). Ninguém falava no 3-6-1. Outra moda na Europa que chegou ao Brasil -essa transferência de conhecimentos deveria ser daqui para fora- é o esquema com um centroavante e dois jogadores pelos lados, sem posições fixas, que atacam e ajudam na marcação. São três ou apenas um atacante? Assim atuam o Barcelona e a seleção de Portugal. Os técnicos gostam de dizer que um time pode ser bastante ofensivo com apenas um atacante. É verdade, desde que muitos outros jogadores cheguem com freqüência e com qualidade ao ataque. Quem está próximo do gol rival é atacante. Mas não é o que vimos na Copa da Alemanha e o que vemos no atual Campeonato Brasileiro. Essa falta de qualidade e de mais atacantes, além de outras razões ditas pela Soninha na coluna de ontem, são alguns dos motivos da baixa média de gols. Na Copa, só foi inferior à do Mundial de 90, quando a vitória valia dois pontos. No Brasileiro, a média atual é a menor desde 95. A da Libertadores deste ano foi a mais baixa desde 88. Como já escreveu Fernando Calazans, sempre que um time está perdendo e jogando com apenas um atacante, os técnicos colocam mais jogadores no ataque. Isso mostra que eles não têm convicção quando dizem que a equipe será ofensiva com apenas um atacante. A prática desmente a teoria.

Confusão
A confusão no Corinthians continua com várias versões. As declarações irônicas do Leão em relação aos argentinos, a retirada do cargo de capitão do Tevez e a tentativa do técnico de proibir o jogador de atuar pela seleção argentina certamente irritaram o atleta. Eu também ficaria irritado. Mas isso foi causa, pretexto ou as duas coisas para o Tevez ir embora? Por qualquer motivo, ele está errado por descumprir o contrato. A cada dia fica mais evidente que a MSI só não negociou o Tevez porque as propostas foram menores do que foi investido. Kia deve ter levado um puxão de orelhas do poderoso chefão. Mesmo atuando com a garra de sempre e independentemente do Leão, Tevez quer ir embora porque deseja brilhar em um dos grandes times da Europa. Com exceção do fenômeno Rogério Ceni, todos os jogadores brasileiros sonham com isso. Apesar de não ter nenhuma simpatia por argentinos, o técnico Leão vai sentir muita falta do jogador Tevez.

tostao.folha@uol.com.br


Texto Anterior: Régis Andaku: O ódio dentro de você
Próximo Texto: Santos põe à prova sua força longe do alçapão
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.