São Paulo, sábado, 23 de setembro de 2000

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

NATAÇÃO
Nadadores dividem ouro pela 2ª vez na história olímpica


Norte-americanos cravam o mesmo tempo nos 50 m livre e empatam em primeiro lugar; Popov, bicampeão em Jogos, ficou em 6º e foi a decepção


ROBERTO DIAS
ENVIADO ESPECIAL A SYDNEY

Pela segunda vez na história olímpica, uma medalha de ouro da natação foi dada duas vezes.
Os norte-americanos Gary Hall Jr. e Anthony Ervin empataram no primeiro lugar dos 50 m livre, ontem, marcando 21s98.
Com isso, os EUA acumularam duas medalhas de ouro na mesma prova, saltando para um total de 12 primeiros lugares até o encerramento do penúltimo dia da natação olímpica.
Antes da final dos 50 m livre em Sydney, a única prova que tinha sido declarada empatada anteriormente havia sido os 100 m livre dos Jogos de 1984, quando os EUA também levaram dois ouros -um para Nancy Hogshead e outro para Carrie Steinseifer.
A mesma situação ocorreu em 1972, quando o sueco Gunnar Larsson e o norte-americano Tim McKee terminaram os 400 m medley com 4min31s98.
Mas naquela ocasião não houve dois ouros, já que os juízes decidiram estender a marcação do tempo até os milésimos. Larsson ficou com 4min31s981 e o ouro; McKee, com 4min31s983 e a prata.
Desde então, porém, decidiu-se que os nadadores seriam declarados empatados toda vez que estivessem com tempos iguais até a casa dos centésimos de segundo.
O empate pelo ouro nos 50 m livre não foi a primeira igualdade registrada na piscina de Sydney.
Nos 100 m livre feminino, anteontem, Dara Torres e Jenny Thompson terminaram com tempos iguais na terceira colocação. Novamente, os EUA acabaram beneficiados, levando duas medalhas de bronze.
Na prova em que Hall Jr. e Ervin terminaram empatados, o bronze sobrou para o holandês Pieter van den Hoogenband, que havia levado a medalha de ouro nos 100 m e 200 m livre nesta Olimpíada.
Hoogenband conseguiu, com isso, quebrar o "clubinho" dos 50 m livre. Desde que a prova passou a ser no formato atual, em Seul-88, só três países (EUA, Rússia e Brasil) haviam chegado ao pódio.
Os 50 m foram a única disputa de velocidade do nado livre vencida pelos EUA -os 100 m e os 200 m acabaram com a Holanda, os 400 m e os dois revezamentos, com a Austrália. "Acho que nós nos levamos até o limite de cada um. Não poderia dividir esse ouro com um cara mais legal", disse Hall Jr., que treina com Ervin.
Essa foi a primeira medalha de ouro obtida individualmente por Hall Jr. em uma Olimpíada -seus outros dois primeiros lugares foram ganhos em competições de revezamento.
O ouro consagra também a sua recuperação após ser flagrado em exame antidoping há dois anos, por ter usado maconha.
Para Ervin, seis anos mais novo, a Olimpíada de Sydney tem um significado bem diferente -ele diz já ter considerado uma vitória o fato de ir aos Jogos.
"Eu já havia acabado empatado apenas uma vez, no Nacional júnior dos EUA, na 24ª posição", disse Ervin, primeiro descendente de negros a fazer parte da equipe norte-americana de natação em uma Olimpíada.
O tempo com que os dois nadadores conquistaram o ouro, porém, esteve longe do recorde mundial, que pertence ao russo Alexander Popov (21s64).
Popov, aliás, foi a grande decepção dos 50 m livre, prova na qual defendia o bicampeonato olímpico -venceu em Atlanta e Barcelona. Acabou a final em sexto lugar, perdendo para os obscuros Lorenzo Vismara, da Itália, e Bartosz Kizierowski, da Polônia.
Com a derrota, o russo deixa os Jogos de Sydney sem ter ganho nenhuma medalha de ouro.
Fracassou, também, na tentativa de se tornar o primeiro nadador a vencer três vezes seguidas a mesma prova em Olimpíadas.
O máximo que conseguiu nestes Jogos foi a medalha de prata nos 100 m, quando perdeu para Van den Hoogenband.


Texto Anterior: Down Under: Ingressos de cambistas são mais seguros
Próximo Texto: Frase
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.