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FUTEBOL
Dirigente acumulará cargos e negociará até direitos de TV dos "grandes"
Estatuto da Liga Rio-SP dá superpoderes para Farah
DO PAINEL FC
Minuta do contrato social da Liga Rio-SP de Futebol, datada do
último dia 16, revela que o presidente da nova entidade, Eduardo
José Farah, deverá ter superpoderes sobre oito dos maiores clubes
do Brasil: Corinthians, Flamengo,
São Paulo, Vasco, Palmeiras, Botafogo, Santos e Fluminense.
Se a minuta for endossada por
todos os clubes, Farah, atual presidente da Federação Paulista de
Futebol, vai acumular os dois
principais cargos da Liga, que
contará com 16 clubes dos dois
Estados (leia texto nesta página).
"Ficam desde já eleitos para
compor o Comitê Executivo da
Liga Rio-SP (...) os srs. Eduardo
José Farah (...), sendo que o conselheiro Eduardo José Farah é
neste ato eleito presidente do Comitê Executivo e presidente da Liga Rio-SP", afirma o texto.
O documento não especifica o
prazo do mandato de Farah nos
cargos que o dirigente irá acumular na cúpula da nova entidade.
A minuta da Liga Rio-SP a que
Folha teve acesso diz, ao definir
funções do Comitê Executivo, que
o organismo terá poderes "para a
cessão do direito de exploração
e/ou prestação de serviços relativos aos direitos de imagem e demais direitos das entidades de
práticas desportivas".
Na prática, isso significa que Farah poderá negociar até o uso das
marcas dos grandes clubes.
A minuta ainda não foi assinada
por todos os clubes, mas já conta
com apoios importantes, como o
do presidente do Palmeiras, Mustafá Contursi.
Ainda de acordo com a minuta,
os clubes serão obrigados a informar à direção da Liga sobre todos
os contratos que, por ventura, vierem a fechar.
Conforme o calendário quadrienal do futebol brasileiro, a Liga Rio-SP terá a atribuição de organizar a partir do ano que vem o
Torneio Rio-SP, que será ampliado e conseguirá maior visibilidade no primeiro semestre do que as
competições estaduais.
O vice-presidente da Liga Rio-SP será Carlos Augusto Montenegro, presidente do Conselho Deliberativo do Botafogo-RJ.
Outro ponto da minuta diz que
a entidade também poderá organizar outras competições além do
Torneio Rio-SP e contar ainda
com a participação de clubes que
não fazem parte da Liga:
"O objeto social compreende a
organização do Rio-São Paulo,
bem como de campeonatos e/ou
torneios profissionais de futebol
que (...) [que" também poderão
ser disputados por entidades de
prática desportiva que não sejam
quotistas da Liga", diz o texto.
Assim, se quiser convidar os
grandes de Minas Gerais, Rio
Grande do Sul, Bahia, Paraná e
Pernambuco, por exemplo, a Liga
Rio-SP poderá organizar o que seria um Campeonato Brasileiro.
A implementação das ligas regionais de clubes é apoiada pela
TV Globo, maior investidora do
futebol no país e que detém os direitos de transmissão das principais competições.
A emissora deverá substituir em
sua grade de programação os estaduais pelos regionais.
No entanto, a criação das ligas
regionais encontra fortes resistências entre os presidentes de federações, que, liderados por Eduardo Viana, da Federação do Rio de
Janeiro, se articulam para barrar o
projeto de criação das entidades.
Segundo os dirigentes, para serem criadas, as ligas precisariam
do aval da CBF.
A entidade, presidida por Ricardo Teixeira, ainda não se pronunciou oficialmente sobre o assunto.
Teixeira, que está no exterior, negocia com a Fifa o projeto de criação das ligas no Brasil.
A formalização da Liga Rio-SP
estava prevista para ter ocorrido
na última semana, mas os clubes
que tomarão parte na nova entidade não chegaram a um consenso quanto à sua criação.
O presidente do Corinthians,
Alberto Dualib, por exemplo,
vem se recusando a assinar o texto. Diante do impasse, Farah
ameaça lançar o Campeonato
Paulista-2002 se o texto não for
aprovado em breve.
No comando da federação mais
importante do país há 13 anos, Farah disse que só aceitou o cargo na
Liga após solicitação dos clubes.
Segundo a federação, existem
ainda outras duas minutas sendo
analisadas pelos dirigentes.
A Folha não conseguiu ouvir o
presidente da FPF anteontem.
(FERNANDO MELLO)
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