São Paulo, domingo, 23 de setembro de 2001

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FUTEBOL

Dirigente acumulará cargos e negociará até direitos de TV dos "grandes"

Estatuto da Liga Rio-SP dá superpoderes para Farah

DO PAINEL FC

Minuta do contrato social da Liga Rio-SP de Futebol, datada do último dia 16, revela que o presidente da nova entidade, Eduardo José Farah, deverá ter superpoderes sobre oito dos maiores clubes do Brasil: Corinthians, Flamengo, São Paulo, Vasco, Palmeiras, Botafogo, Santos e Fluminense.
Se a minuta for endossada por todos os clubes, Farah, atual presidente da Federação Paulista de Futebol, vai acumular os dois principais cargos da Liga, que contará com 16 clubes dos dois Estados (leia texto nesta página).
"Ficam desde já eleitos para compor o Comitê Executivo da Liga Rio-SP (...) os srs. Eduardo José Farah (...), sendo que o conselheiro Eduardo José Farah é neste ato eleito presidente do Comitê Executivo e presidente da Liga Rio-SP", afirma o texto.
O documento não especifica o prazo do mandato de Farah nos cargos que o dirigente irá acumular na cúpula da nova entidade.
A minuta da Liga Rio-SP a que Folha teve acesso diz, ao definir funções do Comitê Executivo, que o organismo terá poderes "para a cessão do direito de exploração e/ou prestação de serviços relativos aos direitos de imagem e demais direitos das entidades de práticas desportivas".
Na prática, isso significa que Farah poderá negociar até o uso das marcas dos grandes clubes.
A minuta ainda não foi assinada por todos os clubes, mas já conta com apoios importantes, como o do presidente do Palmeiras, Mustafá Contursi.
Ainda de acordo com a minuta, os clubes serão obrigados a informar à direção da Liga sobre todos os contratos que, por ventura, vierem a fechar.
Conforme o calendário quadrienal do futebol brasileiro, a Liga Rio-SP terá a atribuição de organizar a partir do ano que vem o Torneio Rio-SP, que será ampliado e conseguirá maior visibilidade no primeiro semestre do que as competições estaduais.
O vice-presidente da Liga Rio-SP será Carlos Augusto Montenegro, presidente do Conselho Deliberativo do Botafogo-RJ.
Outro ponto da minuta diz que a entidade também poderá organizar outras competições além do Torneio Rio-SP e contar ainda com a participação de clubes que não fazem parte da Liga:
"O objeto social compreende a organização do Rio-São Paulo, bem como de campeonatos e/ou torneios profissionais de futebol que (...) [que" também poderão ser disputados por entidades de prática desportiva que não sejam quotistas da Liga", diz o texto.
Assim, se quiser convidar os grandes de Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Bahia, Paraná e Pernambuco, por exemplo, a Liga Rio-SP poderá organizar o que seria um Campeonato Brasileiro.
A implementação das ligas regionais de clubes é apoiada pela TV Globo, maior investidora do futebol no país e que detém os direitos de transmissão das principais competições.
A emissora deverá substituir em sua grade de programação os estaduais pelos regionais.
No entanto, a criação das ligas regionais encontra fortes resistências entre os presidentes de federações, que, liderados por Eduardo Viana, da Federação do Rio de Janeiro, se articulam para barrar o projeto de criação das entidades.
Segundo os dirigentes, para serem criadas, as ligas precisariam do aval da CBF.
A entidade, presidida por Ricardo Teixeira, ainda não se pronunciou oficialmente sobre o assunto. Teixeira, que está no exterior, negocia com a Fifa o projeto de criação das ligas no Brasil.
A formalização da Liga Rio-SP estava prevista para ter ocorrido na última semana, mas os clubes que tomarão parte na nova entidade não chegaram a um consenso quanto à sua criação.
O presidente do Corinthians, Alberto Dualib, por exemplo, vem se recusando a assinar o texto. Diante do impasse, Farah ameaça lançar o Campeonato Paulista-2002 se o texto não for aprovado em breve.
No comando da federação mais importante do país há 13 anos, Farah disse que só aceitou o cargo na Liga após solicitação dos clubes.
Segundo a federação, existem ainda outras duas minutas sendo analisadas pelos dirigentes.
A Folha não conseguiu ouvir o presidente da FPF anteontem. (FERNANDO MELLO)



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