São Paulo, sábado, 23 de outubro de 2004

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AUTOMOBILISMO

FIA impõe mudanças para reduzir velocidade da F-1 em 2005

GP Brasil assiste a últimos pits com trocas de pneus

DA REPORTAGEM LOCAL

Interlagos vivia o intervalo entre o primeiro e o segundo treino livre, ontem, quando a FIA proclamou a revolução. Um documento duro, de duas páginas, acabou com a F-1 no atual formato.
Foi o mais novo capítulo de uma novela que começou em junho e que já viu até pedido de demissão de Max Mosley, presidente da entidade máxima do automobilismo. Mas não deve ser o último. Desgostosas, três montadoras já articulam um contragolpe.
Os principais objetivos do pacotão de regras são provocar disputas mais interessantes nas pistas, reduzir a velocidade e cortar custos. Pilotos festejaram o efeito colateral: o novo regulamento devolverá a eles parte da responsabilidade durante os GPs.
A partir de 2005, poderão usar só um jogo de compostos para o treino classificatório e para a corrida. Ou seja, os pit stops servirão só para reabastecimento. Não haverá trocas de pneus, marca da F-1 desde a década de 80.
Bridgestone e Michelin terão que preparar compostos mais duros, reduzindo a velocidade em curvas. "Os pilotos vão ter que ficar de olho no desgaste dos pneus. Vai aumentar a responsabilidade e a importância da experiência", disse Luciano Burti, ex-Jaguar e Prost e que neste ano fez alguns testes para a Ferrari.
A FIA também mirou nos motores, que hoje precisam durar um fim de semana. A partir de 2005, terão que resistir a duas provas. E, por fim, elevou o aerofólio dianteiro e eliminou os apêndices aerodinâmicos, pequenas asas, em frente às rodas traseiras.
Até aí, tudo tranqüilo. O que provocou a ira de três montadoras, Honda, Mercedes-Benz e BMW, foi uma das regras para 2006: a instituição de motores V8, com capacidade para 2,4 litros.
Os times nanicos, que não puderem comprar novos propulsores, poderão usar os atuais V10 de 3 litros até 2007, com limitador de giros. Mais uma vez, a meta é reduzir as velocidades dos carros.
O trio de montadoras é contra essa regra desde que ela foi cogitada por Mosley, em julho. As fábricas alegam que a medida vai contra a política de cortes de custos, já que terão que trabalhar em um projeto novo, a partir do zero.
Nos bastidores, já há quem fale em recorrer à Justiça comum.
A discussão sobre o regulamento começou em junho, quando o Conselho Mundial da FIA pediu ao Grupo de Trabalho Técnico, formado por engenheiros das dez equipes, propostas para as regras de 2005. Elas nunca vieram, e, diante disso, Mosley chegou a anunciar sua demissão.
Jogo de cena. Dias depois, voltou atrás e, usando uma brecha do contrato com os times, divulgou três pacotes de regras para serem votados pelo grupo. Se nenhuma sugestão recebesse oito dos dez votos, a FIA teria liberdade para impor o que quisesse. Foi o que aconteceu ontem. E Interlagos, amanhã, verá o fim de uma era na F-1. (FÁBIO SEIXAS E TATIANA CUNHA)

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