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AUTOMOBILISMO
FIA impõe mudanças para reduzir velocidade da F-1 em 2005
GP Brasil assiste a últimos pits com trocas de pneus
DA REPORTAGEM LOCAL
Interlagos vivia o intervalo entre o primeiro e o segundo treino
livre, ontem, quando a FIA proclamou a revolução. Um documento duro, de duas páginas, acabou com a F-1 no atual formato.
Foi o mais novo capítulo de
uma novela que começou em junho e que já viu até pedido de demissão de Max Mosley, presidente da entidade máxima do automobilismo. Mas não deve ser o último. Desgostosas, três montadoras já articulam um contragolpe.
Os principais objetivos do pacotão de regras são provocar disputas mais interessantes nas pistas,
reduzir a velocidade e cortar custos. Pilotos festejaram o efeito colateral: o novo regulamento devolverá a eles parte da responsabilidade durante os GPs.
A partir de 2005, poderão usar
só um jogo de compostos para o
treino classificatório e para a corrida. Ou seja, os pit stops servirão
só para reabastecimento. Não haverá trocas de pneus, marca da F-1
desde a década de 80.
Bridgestone e Michelin terão
que preparar compostos mais duros, reduzindo a velocidade em
curvas. "Os pilotos vão ter que ficar de olho no desgaste dos pneus.
Vai aumentar a responsabilidade
e a importância da experiência",
disse Luciano Burti, ex-Jaguar e
Prost e que neste ano fez alguns
testes para a Ferrari.
A FIA também mirou nos motores, que hoje precisam durar
um fim de semana. A partir de
2005, terão que resistir a duas provas. E, por fim, elevou o aerofólio
dianteiro e eliminou os apêndices
aerodinâmicos, pequenas asas,
em frente às rodas traseiras.
Até aí, tudo tranqüilo. O que
provocou a ira de três montadoras, Honda, Mercedes-Benz e
BMW, foi uma das regras para
2006: a instituição de motores V8,
com capacidade para 2,4 litros.
Os times nanicos, que não puderem comprar novos propulsores, poderão usar os atuais V10 de
3 litros até 2007, com limitador de
giros. Mais uma vez, a meta é reduzir as velocidades dos carros.
O trio de montadoras é contra
essa regra desde que ela foi cogitada por Mosley, em julho. As fábricas alegam que a medida vai contra a política de cortes de custos, já
que terão que trabalhar em um
projeto novo, a partir do zero.
Nos bastidores, já há quem fale
em recorrer à Justiça comum.
A discussão sobre o regulamento começou em junho, quando o
Conselho Mundial da FIA pediu
ao Grupo de Trabalho Técnico,
formado por engenheiros das dez
equipes, propostas para as regras
de 2005. Elas nunca vieram, e,
diante disso, Mosley chegou a
anunciar sua demissão.
Jogo de cena. Dias depois, voltou atrás e, usando uma brecha do
contrato com os times, divulgou
três pacotes de regras para serem
votados pelo grupo. Se nenhuma
sugestão recebesse oito dos dez
votos, a FIA teria liberdade para
impor o que quisesse. Foi o que
aconteceu ontem. E Interlagos,
amanhã, verá o fim de uma era na
F-1.
(FÁBIO SEIXAS E TATIANA CUNHA)
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