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JUCA KFOURI
Suor e lágrimas
Agora que acabou, foi bom,
foi ótimo, foi emocionante.
Sem sangue, nem mortos
nem feridos.
Mas com suor e lágrimas.
E com as faixas - faixas de
campeão, não aquelas que servem para consolidar fraturas
ou ferimentos de outros tipos,
mais ou menos graves.
Quinze heróis santistas, comandados por quem já sentiu
na pele e nos ossos - do rosto
- quanto dói ganhar a Taça
Conmebol, calaram o ensandecido estádio de Rosario e voltaram cobertos de glória.
O título do Santos vale mais
pela epopéia do que propriamente pelo futebol e, sabe-se,
um grande time muitas vezes é
forjado antes pela garra que
pela técnica.
Leão escaldado tem medo de
água fria, mas foi exatamente
isso que o técnico bicampeão
da Taça Conmebol fez, pois, ao
causar o atraso do começo do
jogo por falta de segurança, jogou água gelada na fervura argentina.
Passada a euforia, porém, e
mesmo que ainda em clima de
justificada alegria, resta resolver até que ponto vale a pena
participar de competições como essa - porque se futebol é
para homem, como se dizia antigamente, por certo não é para
suicidas.
O sufoco a que a delegação
santista foi submetida não tem
nada a ver com esporte, e as
consequências poderiam ter sido semelhantes às que vitimaram o Galo no ano passado,
diante do Lanús.
Se o Santos tivesse perdido,
estaríamos todos questionando a decisão de ter jogado.
A vitória não torna a discussão menos importante.
Joseph Blatter, o presidente
da Fifa, quer conversar com
Pelé.
Pelé topou, e a audiência deve ser marcada para o início de
novembro.
Só Pelé, aliás, deve ser responsabilizado pela nova campanha publicitária que está no
ar com ele como garoto-propaganda da Vitasay.
Pelé argumenta que de seu
contrato anterior com a marca
de vitaminas ainda faltava
cumprir uma parte.
Mas seus sócios eram contra,
por motivos óbvios.
A seu favor pode-se argumentar que mal esse tipo de
produto não faz.
Contra o seu envolvimento
deve-se dizer que bem também
não faz.
E por falar em bem e mal,
Pelé preferiu ficar fora das eleições para governador.
Mas não esconde que votará
em Mário Covas, outro santista feliz da vida.
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