São Paulo, sexta, 23 de outubro de 1998

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JUCA KFOURI
Suor e lágrimas

Agora que acabou, foi bom, foi ótimo, foi emocionante.
Sem sangue, nem mortos nem feridos.
Mas com suor e lágrimas.
E com as faixas - faixas de campeão, não aquelas que servem para consolidar fraturas ou ferimentos de outros tipos, mais ou menos graves.
Quinze heróis santistas, comandados por quem já sentiu na pele e nos ossos - do rosto - quanto dói ganhar a Taça Conmebol, calaram o ensandecido estádio de Rosario e voltaram cobertos de glória.
O título do Santos vale mais pela epopéia do que propriamente pelo futebol e, sabe-se, um grande time muitas vezes é forjado antes pela garra que pela técnica.
Leão escaldado tem medo de água fria, mas foi exatamente isso que o técnico bicampeão da Taça Conmebol fez, pois, ao causar o atraso do começo do jogo por falta de segurança, jogou água gelada na fervura argentina.
Passada a euforia, porém, e mesmo que ainda em clima de justificada alegria, resta resolver até que ponto vale a pena participar de competições como essa - porque se futebol é para homem, como se dizia antigamente, por certo não é para suicidas.
O sufoco a que a delegação santista foi submetida não tem nada a ver com esporte, e as consequências poderiam ter sido semelhantes às que vitimaram o Galo no ano passado, diante do Lanús.
Se o Santos tivesse perdido, estaríamos todos questionando a decisão de ter jogado.
A vitória não torna a discussão menos importante.

Joseph Blatter, o presidente da Fifa, quer conversar com Pelé.
Pelé topou, e a audiência deve ser marcada para o início de novembro.

Só Pelé, aliás, deve ser responsabilizado pela nova campanha publicitária que está no ar com ele como garoto-propaganda da Vitasay.
Pelé argumenta que de seu contrato anterior com a marca de vitaminas ainda faltava cumprir uma parte.
Mas seus sócios eram contra, por motivos óbvios.
A seu favor pode-se argumentar que mal esse tipo de produto não faz.
Contra o seu envolvimento deve-se dizer que bem também não faz.

E por falar em bem e mal, Pelé preferiu ficar fora das eleições para governador.
Mas não esconde que votará em Mário Covas, outro santista feliz da vida.



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