São Paulo, sexta, 23 de outubro de 1998

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FUTEBOL
Com a Conmebol-98, clubes brasileiros, pela primeira vez em uma geração, batem argentinos em conquistas
Santos atesta domínio sul-americano

Renato Cordeiro - 21.out.98/"A Gazeta Esportiva"
O lateral Anderson e o zagueiro Claudiomiro, do Santos, exibem o troféu conquistado anteontem, contra o Rosario


PAULO COBOS
RODRIGO BUENO
da Reportagem Local

Com mais uma conquista sul-americana, o Brasil firmou-se como o país com mais títulos de clubes nos anos 90 no continente.
O título obtido pelos santistas anteontem é o 13º de um clube brasileiro nas três principais competições sul-americanas -Taça Libertadores da América, Supercopa e Copa Conmebol- nos anos 90.
As equipes argentinas, que foram campeãs oito vezes desses torneios no mesmo período, podem chegar no máximo a 11 conquistas, já que a Supercopa não foi disputada neste ano e só voltará em 99.
A vantagem brasileira começa na Libertadores, competição mais importante do continente.
Os clubes do país venceram a Libertadores por cinco vezes na década -duas com o São Paulo (92 e 93) e uma com Grêmio (95), Cruzeiro (97) e Vasco (98).
Os argentinos, maiores vencedores da história do torneio -têm 17 títulos, contra 10 dos brasileiros-, têm apenas duas conquistas nos anos 90, com o Vélez Sarsfield (94) e o River Plate (96).
Na Copa Conmebol, que começou a ser disputada em 92, o título santista, vencido com apenas uma derrota em oito jogos, foi o quinto de uma equipe brasileira, contra apenas duas conquistas de clubes argentinos.
O Atlético-MG ganhou duas vezes (92 e 97) e Botafogo (93), São Paulo (94) e Santos (98) venceram uma. Os argentinos ganharam com Rosario (95) e Lanús (96).
O técnico Leão, campeão agora com o Santos, já havia conquistado o torneio com o Atlético-MG no ano passado.
A única desvantagem do Brasil nos anos 90 acontece na Supercopa. São três títulos brasileiros, com Cruzeiro (91 e 92) e São Paulo (93), e quatro argentinos, com Independiente (94 e 95), Vélez Sarsfield (96) e River Plate (97).
² História
Até os anos 90, o Brasil nunca havia terminado uma geração com mais títulos sul-americanos de clubes do que a Argentina.
Nos 60, quando apenas a Libertadores era disputada, os argentinos tiveram quase o triplo de títulos (cinco contra dois) dos brasileiros.
A razão para a performance ruim dos clubes do país em competições internacionais nesse período eram as prioridades adotadas pelos times brasileiros, que alegavam deixar em "segundo plano" os torneios sul-americanos.
Só o Santos de Pelé saiu vitorioso nos anos 60, ganhando duas Libertadores e dois Mundiais (62 e 63).
Nos anos 70, com a criação do Campeonato Brasileiro, a desvantagem em relação aos argentinos aumentou ainda mais.
Só o Cruzeiro conquistou um título, a Libertadores de 76. Os clubes argentinos venceram sete vezes a competição, ampliando a sua hegemonia no continente.
Os anos 80 começaram a marcar o crescimento em importância dos títulos internacionais para as equipes brasileiras. Flamengo (81) e Grêmio (83) venceram a Libertadores e o Mundial. Os argentinos tiveram pequena vantagem no período, conquistando três Libertadores e duas Supercopas, torneio que começou a ser jogado em 88.
Nos anos 90, em que o Mercosul consolidou-se, a Confederação Sul-Americana de Futebol multiplicou seus torneios. Além da Copa Conmebol, que reúne de um a quatro clubes de cada país, dependendo do currículo, a entidade criou disputas menos importantes, como a Recopa Sul-Americana e a Copa Masters -ambas não estão mais sendo disputadas.
Neste ano, como a Supercopa não foi realizada, surgiu a Copa Mercosul, quer reúne, teoricamente, os maiores times do continente. Para as quartas-de-final do torneio, classificaram-se dois clubes brasileiros (Palmeiras e Cruzeiro), cinco argentinos (Vélez Sarsfield, River Plate, San Lorenzo, Boca Juniors e Racing) e um time paraguaio (Olimpia).
A Confederação Sul-Americana já determinou que a Supercopa voltará a ser disputada no ano que vem. O torneio, restrito apenas a clubes que já venceram a Libertadores, será "enxugado". Três brasileiros, três argentinos, um uruguaio e um chileno ou paraguaio ou colombiano estarão na disputa.
A entidade que rege o futebol sul-americano, porém, em busca de lucro, deve manter a Copa Mercosul, competição que é bancada pela Traffic, empresa especializada em marketing esportivo.



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