São Paulo, sábado, 23 de novembro de 2002

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Atacante espera vaias no reencontro com o Atlético-MG, onde brilhou mais que no Corinthians

Guilherme corre atrás do que esqueceu em Minas

Fernado Pilatos/Futura Press
O atacante Guilherme, do Corinthians, que enfrentará o Atlético-MG, seu ex-clube, amanhã, e afirma estar preparado para ser recebido com vaias no Mineirão


MARÍLIA RUIZ
ENVIADA ESPECIAL A JARINU

O Guilherme que será o centro das atenções no Mineirão amanhã é um atacante menos goleador, mais pressionado e com menos prestígio do que aquele que deixou o Atlético-MG como ídolo para ganhar mais no Corinthians.
Ainda assim, para o time paulista, está ótimo. Ele é o artilheiro corintiano deste Brasileiro, com dez gols anotados em 13 jogos.
"Ele é a referência do nosso ataque. Quando joga, Deivid e Gil já sabem como procurá-lo", disse o técnico Carlos Alberto Parreira.
Durante três anos (1999-2002), Guilherme formou com Marques o ataque do Atlético. Jogaram 136 partidas juntos e fizeram 148 gols -101 de Guilherme. "Ele é imprevisível. Se vacilarmos, ele marca", disse Marques.
Não é por acaso, portanto, que o atacante será perseguido em campo e fora dele amanhã.
A Galoucura, maior organizada do Atlético, promete provocar Guilherme durante todo o jogo. Pela primeira vez, ele será hostilizado por causa do acidente em que se envolveu no mês passado. Na ocasião, depois de sair de uma boate em Marília (SP), Guilherme bateu seu BMW contra um Escort, e duas pessoas morreram. O inquérito não está concluído.
"Ele foi muito mercenário. Não podia ter feito isso. Por isso nós não vamos perdoar. Ele vai escutar o coro: "Ô, ô, ô, Guilherme é matador'; e "Ah, é assassino'", declarou Fernando Magalhães, diretor da torcida organizada.
Faixas e moedas também não estão descartadas. Guilherme foi emprestado ao Corinthians em agosto passado porque não aceitou a redução do teto salarial (para R$ 50 mil) imposta pela diretoria do Atlético. No Corinthians, ele ganha R$ 80 mil mensais.
"Estou preparado para jogar sob vaias. Lógico que eles não vão me receber com presentes. Se eles vão falar [matador e assassino], é problema deles. Vou responder no campo. Meu intuito é vencer o Atlético e levar o Corinthians à semifinal. São coisas [ironias sobre o acidente] que não me atingem", deu de ombros Guilherme.
Mas, para minimizar os efeitos de um possível retorno a Belo Horizonte, já que seu empréstimo termina em dezembro, o atacante tomou uma decisão: "Vou comemorar meus gols com os meus companheiros. Não vou provocar a torcida. Seria uma ignorância".
Aos 27 anos, Guilherme está longe das marcas que o consagraram no Brasileiro de 99, quando, apesar de ter marcado três gols na primeira partida da final contra o Corinthians, foi vice-campeão.
Foram 28 gols em 23 jogos naquele Nacional -ou 1,22 por partida. Média bastante superior à alcançada por ele pela equipe do Parque São Jorge -0,77.
Segundo o Datafolha, o atacante também perdeu brilho nos dribles, nas finalizações etc.
Mas Guilherme não admite estar pior. Para ele, a fase final deste Brasileiro será suficiente para mostrar que ainda é o mesmo.
"De lá para cá só mudou a minha experiência. Quando somos jovens, somos muito rebeldes. Nas estatísticas está tudo bem equilibrado. Se você pegar só a primeira fase do Brasileiro daquele ano e deste, vai ver que a minha média de gols é igual. Mudou na fase final", disse o atacante.
Mas não é assim. A média de Guilherme na fase de classificação do campeonato de 1999 foi de 1,07 gol por confronto -contra 0,77 na atual competição.


Com a Agência Folha, em Belo Horizonte


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