São Paulo, sábado, 23 de novembro de 2002

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FUTEBOL

Maracanã, Morumbi e Olímpico têm shows às vésperas de jogos decisivos

Por "ninharia", rock invade estádios dos mata-matas

DA REPORTAGEM LOCAL

Por uma verba que pouco alivia a situação dos clubes e dos próprios estádios, Grêmio, São Paulo e o governo do Rio ameaçam tumultuar as finais do Brasileiro.
Nas vésperas da abertura das quartas-de-final, essas três entidades alugaram seus estádios para a realização da turnê brasileira da banda canadense Rush.
O Olímpico, palco de Grêmio x Juventude amanhã, recebeu o conjunto na quarta-feira. O Morumbi, que terá jogos decisivos na quarta e na quinta, foi a escala de ontem dos roqueiros. Hoje, é a vez do Maracanã, que amanhã abriga Fluminense x São Caetano, ter o show dos canadenses.
Mesmo sabendo há muito tempo que os estádios que administram poderiam receber jogos decisivos do Nacional, cartolas e administradores do governo do Rio de Janeiro não abriram mão de receber o dinheiro do aluguel dos promotores da turnê do Rush.
Pena, para os cofres dos clubes e do Maracanã, que a verba não é tão grande. A Folha apurou que o Grêmio recebeu cerca de R$ 100 mil para ceder o Olímpico, o equivalente à renda bruta de um jogo com 11 mil pagantes. Pelo Morumbi, com capacidade maior, o São Paulo ganhou pouco menos de R$ 200 mil, quase o salário de um mês pago ao goleiro Rogério.
Como é o maior dos três estádios, o Maracanã deve ter rendido para a Suderj, órgão do governo do Rio que administra o estádio, um pouco mais.
Mas é justamente no estádio mais famoso do país que os maiores transtornos irão acontecer, já que a partida do Fluminense acontece menos de 24 horas depois do fim do som das guitarras e teclados do Rush. Sem tempo possível para a desmontagem de todo o palco, o time carioca não poderá vender 5.000 ingressos, o que vai acarretar na não-arrecadação de quase R$ 50 mil.
Apesar do histórico de grandes shows em estádios de futebol, que já arrasaram gramados, os responsáveis garantem que os finalistas do Brasileiro não irão jogar em campos esburacados.
"O show não prejudicou o gramado em nada. Eles usaram uma cobertura que tem uma abertura para a grama respirar. Ela ficou um pouco amassada, mas já voltou ao normal, está perfeita", diz João Carlos Krieger, superintendente de futebol do Grêmio.
Satisfeito, ele espera um calendário mais organizado para alugar o Olímpico mais vezes para a realização de shows.
"Há três anos usamos esse tipo de cobertura na festa junina do São Paulo para cobrir o campo em que ela acontece e nunca tivemos problema. No sábado, às 2h [depois do show], eles começam a retirar a cobertura. Às 4h, o gramado já estará descoberto", afirma Edson Francisco Lapolla, diretor de marketing são-paulino.
No Fluminense, a possibilidade de um gramado ruim é motivo de revolta. "Vamos responsabilizar a Suderj caso aconteça algo com um jogador nosso", diz David Fischel, presidente do clube.


Colaborou a Sucursal do Rio


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