São Paulo, sábado, 23 de novembro de 2002

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FUTEBOL

Rivalidades à flor da pele

JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA

O acaso trabalhou bem. Os quatro confrontos de amanhã, pelas quartas-de-final do Campeonato Brasileiro, são marcados por fortes rivalidades. Por um motivo ou por outro, há espinhos mais ou menos recentes em todas as gargantas.
No clássico San-São, na Vila Belmiro, nem será preciso evocar a longa tradição de rivalidade dos dois times. Estarão em campo novamente os jogadores que, há poucas semanas, protagonizaram um dos jogos mais quentes do ano: o São Paulo 3 x 2 Santos, no Morumbi, em que Diego sambou sobre o escudo tricolor e quase apanhou de Fábio Simplício.
No Mineirão, o Atlético-MG tentará vingar a final nacional que perdeu para o Corinthians em 1999. Uma figura chave do jogo, do ponto de vista simbólico e emocional, será o atacante Guilherme, que trocou de lado desde aquela batalha.
Mesmo no Maracanã, onde Fluminense e São Caetano farão o quinto confronto de sua história, haverá sérias contas a acertar. O tricolor carioca nunca venceu o Azulão (foram duas derrotas e dois empates) e tampouco esqueceu que foi o time do ABC que o tirou da final de 2000.
Adhemar, o algoz do Fluminense na oportunidade, estará em campo de novo amanhã, ao lado de outros velhos protagonistas.
Por fim, no confronto gaúcho entre Grêmio e Juventude, no Olímpico, o time de Caxias buscará vingar as duas decisões perdidas para o rival nos últimos anos.
Em situações assim, tão carregadas de história e paixão, as considerações táticas e técnicas diminuem de peso e todos os prognósticos são vãos.
Claro que, se fossem levados em conta apenas os números e a lógica, o São Paulo, por exemplo, seria favorito. Mas, como bem resumiu um amigo santista, o jornalista Luiz Zanin Oricchio, "nunca se sabe o que esses garotos do Santos podem aprontar".
O São Paulo "sobrou" nos últimos jogos. Pode-se até pensar que talvez o time tenha chegado ao ápice antes da hora e que já esteja, conscientemente ou não, se sentindo campeão. Isso, como se sabe, é um perigo.
Do mesmo modo, o Juventude, que liderou o torneio por várias rodadas, já não pode ser considerado favorito no confronto com o Grêmio, que conquistou a vaga nas últimas rodadas. O primeiro vem descendo, o segundo vem subindo. Se o Grêmio conseguir uma boa vitória no Olímpico, será difícil para o Juventude inverter a situação em Caxias.
Mais imprevisível ainda é o confronto entre Fluminense e São Caetano. O time do ABC é muito mais equilibrado e entrosado, fez uma campanha excelente, tomou poucos gols. Mas o Flu está em ascensão e conta com três atacantes de primeira (Romário, Roni e Magno Alves).
E o Corinthians, que vem se fingindo de morto há várias rodadas? Acordará, agora que chegou a hora de matar ou morrer? Em outra ordem de raciocínio: seus jogadores deixarão de fazer corpo mole agora que a diretoria anunciou que pagará os atrasados?
Mesmo em caso de resposta afirmativa às perguntas acima, resta a velha questão: lembraram de combinar com o adversário? Porque o Galo mineiro não parece nada disposto a servir de escada para uma eventual ascensão corintiana.
Tudo está em aberto. Como a vida, o futebol é uma caixinha de belezas, tristezas, safadezas, durezas e, claro, surpresas.

Vade retro
É divertido acompanhar a lavagem de roupa suja entre o presidente do Palmeiras, Mustafá Contursi, e o ex-treinador da equipe, Wanderley Luxemburgo. A maioria da torcida alviverde não está tomando partido de um nem do outro. Quer ver ambos longe do Parque Antarctica.

Vitória do Brasil
Era um caça-níqueis sem importância lá no fim do mundo, mas confesso que gostei do jogo da seleção de Zagallo contra a Coréia do Sul. O que mais me surpreendeu foi ver que o time, catado na última hora, parecia mais entrosado e voltado para o jogo coletivo do que o que ganhou a Copa. Os atletas que não foram ao Mundial (Amoroso e Zé Roberto) mostraram estar em ótima forma. Foi um futebol bonito, repleto de gols, jogado num belíssimo estádio lotado. Que mais se pode querer numa manhã de quarta?

E-mail: jgcouto@uol.com.br


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