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FUTEBOL
Rivalidades à flor da pele
JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA
O acaso trabalhou bem. Os
quatro confrontos de amanhã, pelas quartas-de-final do
Campeonato Brasileiro, são marcados por fortes rivalidades. Por
um motivo ou por outro, há espinhos mais ou menos recentes em
todas as gargantas.
No clássico San-São, na Vila
Belmiro, nem será preciso evocar
a longa tradição de rivalidade
dos dois times. Estarão em campo
novamente os jogadores que, há
poucas semanas, protagonizaram
um dos jogos mais quentes do
ano: o São Paulo 3 x 2 Santos, no
Morumbi, em que Diego sambou
sobre o escudo tricolor e quase
apanhou de Fábio Simplício.
No Mineirão, o Atlético-MG
tentará vingar a final nacional
que perdeu para o Corinthians
em 1999. Uma figura chave do jogo, do ponto de vista simbólico e
emocional, será o atacante Guilherme, que trocou de lado desde
aquela batalha.
Mesmo no Maracanã, onde
Fluminense e São Caetano farão
o quinto confronto de sua história, haverá sérias contas a acertar. O tricolor carioca nunca venceu o Azulão (foram duas derrotas e dois empates) e tampouco
esqueceu que foi o time do ABC
que o tirou da final de 2000.
Adhemar, o algoz do Fluminense na oportunidade, estará em
campo de novo amanhã, ao lado
de outros velhos protagonistas.
Por fim, no confronto gaúcho
entre Grêmio e Juventude, no
Olímpico, o time de Caxias buscará vingar as duas decisões perdidas para o rival nos últimos anos.
Em situações assim, tão carregadas de história e paixão, as
considerações táticas e técnicas
diminuem de peso e todos os
prognósticos são vãos.
Claro que, se fossem levados em
conta apenas os números e a lógica, o São Paulo, por exemplo, seria favorito. Mas, como bem resumiu um amigo santista, o jornalista Luiz Zanin Oricchio, "nunca
se sabe o que esses garotos do Santos podem aprontar".
O São Paulo "sobrou" nos últimos jogos. Pode-se até pensar que
talvez o time tenha chegado ao
ápice antes da hora e que já esteja, conscientemente ou não, se
sentindo campeão. Isso, como se
sabe, é um perigo.
Do mesmo modo, o Juventude,
que liderou o torneio por várias
rodadas, já não pode ser considerado favorito no confronto com o
Grêmio, que conquistou a vaga
nas últimas rodadas. O primeiro
vem descendo, o segundo vem subindo. Se o Grêmio conseguir
uma boa vitória no Olímpico, será difícil para o Juventude inverter a situação em Caxias.
Mais imprevisível ainda é o
confronto entre Fluminense e São
Caetano. O time do ABC é muito
mais equilibrado e entrosado, fez
uma campanha excelente, tomou
poucos gols. Mas o Flu está em ascensão e conta com três atacantes
de primeira (Romário, Roni e
Magno Alves).
E o Corinthians, que vem se fingindo de morto há várias rodadas? Acordará, agora que chegou
a hora de matar ou morrer? Em
outra ordem de raciocínio: seus
jogadores deixarão de fazer corpo
mole agora que a diretoria anunciou que pagará os atrasados?
Mesmo em caso de resposta
afirmativa às perguntas acima,
resta a velha questão: lembraram
de combinar com o adversário?
Porque o Galo mineiro não parece nada disposto a servir de escada para uma eventual ascensão
corintiana.
Tudo está em aberto. Como a
vida, o futebol é uma caixinha de
belezas, tristezas, safadezas, durezas e, claro, surpresas.
Vade retro
É divertido acompanhar a lavagem de roupa suja entre o
presidente do Palmeiras,
Mustafá Contursi, e o ex-treinador da equipe, Wanderley
Luxemburgo. A maioria da
torcida alviverde não está tomando partido de um nem
do outro. Quer ver ambos
longe do Parque Antarctica.
Vitória do Brasil
Era um caça-níqueis sem importância lá no fim do mundo, mas confesso que gostei
do jogo da seleção de Zagallo
contra a Coréia do Sul. O que
mais me surpreendeu foi ver
que o time, catado na última
hora, parecia mais entrosado
e voltado para o jogo coletivo
do que o que ganhou a Copa.
Os atletas que não foram ao
Mundial (Amoroso e Zé Roberto) mostraram estar em
ótima forma. Foi um futebol
bonito, repleto de gols, jogado num belíssimo estádio lotado. Que mais se pode querer numa manhã de quarta?
E-mail: jgcouto@uol.com.br
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