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Sem astros, piscina curta eleva Brasil
Prêmio e recorde viram atrativo da Copa, mas não seduzem EUA e Austrália, que usam provas em 25 m como laboratório
Enquanto Thiago Pereira, que disputa etapa em BH, lidera ranking dos 200 m medley na distância menor, é só o 4º na piscina olímpica
MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL
A profusão de medalhas e o
recente recorde mundial de
Thiago Pereira lançaram novos
holofotes sobre um cenário onde o Brasil brilha, ganha dinheiro e pode ser tachado até de potência mundial na natação.
A piscina de 25 m, com metade do tamanho da utilizada em
Olimpíadas e introduzida e
campeonatos internacionais a
partir de 1989, costuma ser um
oásis para brasileiros conquistarem status de vencedores e
dirigentes promoverem virtudes de suas administrações .
Só que o sucesso dos atletas
do país na Copa do Mundo, que
inaugura sua última etapa hoje,
em Belo Horizonte (MG), mascara uma realidade de escassez
técnica, que ainda está longe do
vigor dos eventos prestigiados
pela elite da natação mundial.
"As grandes nações não dão
qualquer atenção às competições em piscina curta", diz Alexandre Pussieldi, técnico brasileiro radicado nos EUA.
Maior potência da modalidade, por exemplo, os EUA realizam suas tradicionais e acirradas competições universitárias
e de ensino médio em piscinas
de 25 jardas [cerca de 22,86 m].
Em nível mundial, a prioridade
são os eventos em 50 m.
"Não há demérito no resultado de Thiago, ele é o melhor do
mundo nos 200 m medley na
história da natação, mas nem
todos os atletas querem ser o
melhor nesta piscina", diz Pussieldi. "Para uma avaliação
mais precisa, os recordes de
curta são relativos, pois os principais nadadores quase não vão
a estas competições."
Até 1989, as provas de natação em piscina de 25 m eram
pouco badaladas. A federação
internacional, então, decidiu
mudar o quadro com a Copa do
Mundo. A atração: prêmios em
dinheiro. Hoje, o circuito dá
US$ 100 mil ao vencedor e US$
50 mil a serem divididos entre
os recordistas, entre outros.
O Mundial da distância foi
inaugurado em 1993 e criou um
calendário internacional bastante apertado, com uma competição importante a cada ano.
As provas em piscina curta
são atraentes para o público e
possibilitam mais quebras de
recordes. Disputados desde
1973, os Mundiais de longa já
viram 111 marcas superadas. Os
campeonatos em 25 m, que começaram em 1993, tiveram 60.
Mesmo assim, as provas de
piscina curta não atraem os
maiores nomes do esporte.
"Os principais torneios são
em piscina de 50 m, tanto que é
chamada de piscina olímpica.
Na Copa, os EUA mandam o "time B", a Austrália dá bagagem a
novatos", diz Alberto Silva. "Já
para o Brasil, é atrativo. A gente
fica isolado aqui, é uma boa
chance de intercâmbio, de nadar contra adversários que normalmente não encontramos",
afirma o técnico do Pinheiros.
A Confederação Brasileira de
Desportos Aquáticos incentivou a participação dos atletas
na Copa do Mundo nos últimos
anos, uma fábrica de medalhas.
Em 2005, Kaio Márcio virou
recordista mundial dos 50 m
borboleta. Sem boa parte da elite da natação em ação, o Brasil
colhe louros na Copa: 17 pódios, sendo 8 ouros, só neste
ano. Cenário bem diferente do
visto nos Mundiais em piscina
de 50 m. Preferidas pela elite,
tais competições revelam um
Brasil bem menos glamouroso,
que não vai ao pódio desde 94 e
que não obtém ouro desde 82.
Mas o recorde de Thiago é
visto como alento pelos técnicos do país. Hoje, ele lidera o
ranking dos 200 m medley em
piscina curta. Na longa, é o 4º.
NA TV - Copa do Mundo
Sportv, ao vivo, às 17h
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