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pelos rincões
Brasil pobre tem mais clubes que Brasil rico
Cadastro da CBF diz que mais da metade dos times está fora do Sul e do Sudeste
Incidência de clubes em cidades com menos de 50 mil habitantes é maior no Norte, Centro-Oeste e Nordeste
do que no Sul e Sudeste
PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Plácido de Castro, com 18 mil
habitantes no interior do Acre,
tem. São Benedito, no sertão
cearense (45 mil), também, assim como Costa Rica (19 mil),
em Mato Grosso do Sul.
Já cidades do Sudeste e do
Sul, com mais de 300 mil habitantes, como a paulista Diadema, não sabem o que é ter um
time profissional de futebol.
Este é um dos retratos do cadastro de clubes profissionais
feito pela CBF, que, com dados
fornecidos pelas federações estaduais e pelos próprios times,
listou 783 equipes no país disputando competições oficiais
nos últimos três anos.
As regiões mais pobres do
Brasil têm uma participação no
total de clubes do país maior do
que sua fatia na população, ao
contrário do que acontece com
o Sul e o Sudeste.
O Norte, por exemplo, tem só
8% da população do país, mas
respondeu por 13% dos clubes
profissionais do país nos últimos três anos. No Centro-Oeste, a diferença é ainda mais gritante -a região tem 7% dos habitantes e 15% das equipes.
No Sudeste moram 42% dos
brasileiros. Porém a região conta, segundo o cadastro elaborado pela CBF, com apenas 30%
dos times do país.
O levantamento da Confederação Brasileira de Futebol
mostra que pobreza e população pequena não impedem que
as zonas mais atrasadas da nação tenham uma penetração
maior de clubes profissionais.
A incidência de equipes em
cidades com menos de 50 mil
habitantes é muito maior no
Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Nessas regiões, 32% dos times que disputaram campeonatos estaduais nos últimos
três anos são de cidades com
população inferior a 50 mil. Somando Sul e Sudeste, esse número fica em somente 14%.
No Ceará, 17% dos municípios do Estado nordestino tiveram um time profissional na
ativa nos últimos três anos.
Em São Paulo, a mais rica
unidade da federação, essa
marca fica abaixo dos 15%
-mais de 500 cidades paulistas
não contam com um clube disputando competições oficiais.
A interiorização do futebol
nas regiões mais pobres do país
deu bons resultados dentro do
campo na temporada de 2009.
O campeão da Série D, que
neste ano teve sua primeira
edição, foi o São Raimundo, de
Santarém, no interior do Pará.
O vice-campeão da terceira
divisão foi o ASA, de Arapiraca,
município de Alagoas.
Desproporção
Para o tamanho da sua população (192,2 milhões de pessoas, segundo o IBGE), o número de 783 clubes profissionais no Brasil não impressiona,
sendo que menos de cem disputam por ano uma das quatro
divisões nacionais do país.
As 783 agremiações (e algumas estiveram inativas em
2009) significam uma equipe
para cada 245 mil habitantes.
Na Espanha, são 483 clubes
disputando apenas as quatro
principais divisões do país. Isso
significa que, no país europeu,
existe uma agremiação para cada 84 mil habitantes.
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