São Paulo, quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

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TOSTÃO

A chama não pode se apagar


Mesmo tendo o Barcelona vencido os 6 títulos que podia neste ano, os outros clubes não seguem seu estilo de jogo

ESTA ÚLTIMA coluna do ano é dedicada ao mestre Armando Nogueira, com quem conversei dias atrás e que se recupera bem. Armando é um mestre de verdade, desses que ensinam tudo, sem querer ensinar nada.
Quase que o Barcelona perde mais um titulo mundial. O Estudiantes, como fez o Internacional na decisão do Mundial de 2006, jogou bem, no limite. A diferença é que o Inter fez o gol no final, sem dar tempo para o Barcelona reagir.
Como escreveu o mestre Juca Kfouri, o Barcelona era também melhor que o Inter, mas não era melhor que o São Paulo, quando perdeu o titulo, em 1992.
O Barcelona não foi o mesmo contra o Estudiantes. Tocou e tomou menos a bola. Fez, em vários momentos, o que fazem os times comuns, que é jogar a bola na área para se livrar dela. Até Xavi errou vários passes.
O Estudiantes mostrou, no primeiro tempo, quando estava descansado, que é melhor marcar o Barcelona um pouco mais na frente, para impedir a troca de passes. As grandes e pequenas equipes da Europa preferem recuar e formar uma barreira de oito a nove jogadores perto da área. Quando recuperam a bola, estão longe do gol.
O Barcelona ganhou os seis títulos que disputou neste ano. O mais estranho de tudo isso é que os técnicos, de todo o mundo, não seguem o estilo do Barcelona. Devem achá-lo ultrapassado, que o Barça é um ET. Preferem o estilo mais feio, pesado, de passes longos e pelo alto.
O Arsenal é outra exceção, mas o time inglês não tem tantos craques. Estes são mais importantes que o estilo.
Se o Estudiantes tivesse vencido, os ufanistas e Pachecões diriam, novamente, com mais ênfase, que as melhores equipes brasileiras e sul- -americanas estão no nível das melhores da Europa. Repetiriam, ainda, que Xavi não é melhor que os armadores da seleção brasileira.
Em compensação, o Brasil possui vários jogadores que estão entre os melhores do mundo em suas posições, como Júlio César, Daniel Alves, Maicon, Lúcio, Kaká, Luis Fabiano e, quem sabe, no próximo ano, Ronaldinho e Robinho.
Kaká e Cristiano Ronaldo, em seus esplendores técnicos, estão no nível de Messi, eleito, merecidamente, o melhor do mundo em 2009. Isso não ocorre no futebol feminino. Marta, eleita pela quarta vez consecutiva a melhor jogadora do mundo, é muito melhor que todas as outras. Marta é a Pelé do futebol feminino.
Torço para o Barcelona contratar Robinho. Será a grande chance de se recuperar e voltar a jogar em uma grande equipe. Robinho tem as características para se adaptar bem ao esquema tático do time catalão, atuando pela esquerda. Henry está decadente.
A escolha de Messi como o melhor do mundo pode não ser boa para a Argentina. A responsabilidade de ser a maior atração na Copa do Mundo pode atrapalhar, como ocorreu com Ronaldinho, em 2006.
Quando um atleta chega ao topo, é comum diminuir o sopro e a chama que iluminam e incendeiam seu talento. É a mesma chama que nos faz sonhar, em todas as idades. "A vida é um sopro". (Oscar Niemeyer)
A coluna voltará a ser publicada no dia 10 de janeiro. Até lá.


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