São Paulo, quarta, 23 de dezembro de 1998

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FUTEBOL
Brasileiro da TV, da bagunça e dos gols termina hoje

da Reportagem Local


A terceira e decisiva partida entre Corinthians e Cruzeiro, às 16h, no Morumbi, encerra um Campeonato Brasileiro marcado por superlativos.
Dentro do campo, o nível técnico do primeiro Brasileiro depois do fiasco da seleção na final da Copa-98 surpreendeu. A média de gols, por exemplo, de 2,87 por jogo, é um recorde histórico do torneio.
A competição também revelou jovens e promissores jogadores, como o atacante Fábio Júnior, do Cruzeiro, e o meia Jackson, do Sport, que passaram a fazer parte da nova seleção nacional, agora sob o comando de Luxemburgo.
A média de público também subiu. Com 13.837 pagantes por partida, é 30% maior do que a de 1997.
Fora dos gramados, porém, a desorganização imperou. A decisão de hoje, por exemplo, teve "dois juízes". Anteontem, Armando Marques, presidente da Comissão de Arbitragem, havia anunciado o nome de Sidrack Marinho. Depois, em razão da "comemoração" do Corinthians à indicação, recuou e anunciou Carlos Eugênio Simon.
No total, houve 71 mudanças na tabela original, um recorde negativo para o Brasileiro nos anos 90. Palmeiras x Vasco, por exemplo, teve a data alterada duas vezes. Numa, os cariocas se recusaram a entrar em campo -sem punição.
Com tantas mudanças -muitas das quais pela coincidência de datas com a Copa Mercosul-, o campeonato de 1998 acabou sendo esticado para a antevéspera do Natal. É o Brasileiro que mais tarde termina num ano.
A última alteração foi justamente no horário do jogo de hoje, antes marcado para as 21h40 pela Confederação Brasileira de Futebol.
A mudança aconteceu a pedido da Rede Globo, que, para o horário original da partida, já havia programado um especial natalino da apresentadora Xuxa.
Apesar de a emissora alegar que a responsabilidade pela alteração é do Clube dos 13, a reportagem da Folha presenciou uma conversa entre Ciro José, representante da Globo, e Fábio Koff, presidente da entidade que reúne os maiores clubes do Brasil, em que o primeiro dizia não aceitar o jogo à noite.
Ciro José chegou a sugerir o domingo, dia 27, mas, como Zezé Perrela, presidente do Cruzeiro, refutou a proposta, a partida ficou para as 16h. Jamais uma final do Brasileiro foi disputada nesse horário num dia de semana -são, aliás, muito raros quaisquer jogos do torneio à tarde em dias úteis.
A "operação Xuxa", na antevéspera do Natal, preocupa a Companhia de Engenharia de Tráfego, a Polícia Militar, a Associação Comercial de São Paulo e a Brasileira de Lojistas de Shopping, que prevêem caos no trânsito paulistano e o esvaziamento do comércio local.
Se o Corinthians for campeão -um empate basta para o time de Luxemburgo alcançar o título,o primeiro do treinador na equipe-, a Gaviões da Fiel promete fazer carnaval na avenida Paulista.
O Cruzeiro, que nunca venceu um Brasileiro, ao contrário do Corinthians, campeão em 1990, terá, além da final de hoje, pelo menos mais um compromisso no ano. Sábado, enfrenta o Palmeiras, no Parque Antarctica, pelo segundo jogo da final da Mercosul. Se não ganhar, volta a jogar no dia 29.



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