DA REPORTAGEM LOCAL

Ruslan Ponomariov, de apenas 18 anos, tornou-se ontem o primeiro campeão "teen" do Mundial masculino de xadrez da Fide (federação internacional), em Moscou, na Rússia.
O ucraniano superou o feito do russo Garry Kasparov, que, em dezembro de 1985, aos 22 anos, havia se tornado o mais jovem campeão, ao derrotar seu compatriota Anatoli Karpov na conquista de seu primeiro título.
Ponomariov, no entanto, não é a pessoa mais jovem a conseguir este feito. Maia Chiburdanidze havia conquistado o título feminino aos 17 anos, em 1978.
Na decisão, encerrada ontem em Moscou, Ponomariov derrotou seu compatriota Vassili Ivanchuk por 4,5 a 2,5, encerrando a série final na sétima partida -eram oito previstas.
Pela conquista, Ponomariov receberá US$ 500 mil. O segundo colocado ficará com US$ 250 mil. Mas os dois jogadores deverão ceder 20% dessa quantia à Fide.
"Eu joguei pelo empate", admitiu o novo campeão ontem.
Questionado sobre como se sentia ao se juntar a um grupo de jogadores consagrados como os russos Anatoli Karpov, Garry Kasparov e o iraniano Viswanathan Anand (vencedor do último mundial), Ponomariov afirmou:
"Sei da responsabilidade de ser um campeão mundial. Na minha infância, Kasparov e Karpov eram meus favoritos, mas agora eu não tenho mais favoritos, prefiro jogar com um estilo universal".
O ucraniano não quis comentar a possibilidade de um futuro confronto com Kasparov.
O russo rompeu com a Fide em 1993. Desde então, vem promovendo uma série de desafios.
Ponomariov, filho de uma família de classe média do interior da Ucrânia, aprendeu a jogar xadrez com seu pai aos sete anos.
Rapidamente passou a obter seus primeiros resultados expressivos. Em 1995, sagrou-se campeão mundial sub-12 e, no ano seguinte, campeão da Europa sub-18 com apenas 12 anos. Em 1997, aos 14 anos, conquistou o título do Mundial sub-18.
O enxadrista está no segundo ano do curso de direito na cidade de Kramatórsk, onde mora. Costuma dizer que optou por essa carreira porque o Direito e o xadrez têm muito em comum.
"Ambos requerem extrema concentração, capacidade de análise e perseguem o mesmo objetivo final: chegar à justiça no tabuleiro ou nos tribunais".
Avesso a entrevistas, Ponomariov dedica de cinco a seis hora diárias ao esporte. Não tem namorada porque não sobra tempo "para um assunto tão sério". Nas horas vagas, gosta de ler, ouvir música, nadar e jogar baralho com os amigos.
Para seu adversário na final de ontem, o jovem enxadrista ucraniano definiu sua conquista na quinta partida da série.
"[O confronto" já estava decidido no quinto jogo. Eu não tomei decisões certas", disse ele.
Pela conquista, Ponomariov receberá US$ 500 mil. O segundo colocado ficará com US$ 250 mil. Mas os dois jogadores deverão ceder 20% dessa quantia à Fide.
A entidade confirmou ontem que o próximo Campeonato Mundial será realizado em Londres (Inglaterra) e deve ter os mesmos moldes desta edição.
Em dezembro do ano passado, 128 jogadores disputaram uma maratona de partidas na primeira fase da competição.
Os dois com melhor desempenho fizeram a final, programada para melhor de oito jogos.
Três brasileiros participaram da competição em Moscou -Gilberto Milos, Giovanni Vescovi e Joara Chavez (no feminino).
Vescovi é atualmente o mais bem colocado no ranking mundial -127ª colocação.