São Paulo, segunda-feira, 24 de janeiro de 2005

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FUTEBOL

Vale somente a última rodada

HUMBERTO PERON
COLUNISTA DA FOLHA ONLINE

Ser técnico de equipes como as de Corinthians, Palmeiras, São Paulo e Santos não é uma tarefa fácil. Os treinadores desses clubes estão sempre sob pressão. Eles sabem que qualquer trabalho, por mais tempo que se disponha, será esquecido se os resultados não forem favoráveis.
Depois de apenas duas rodadas do Campeonato Paulista, o técnico Tite fica em posição delicada com as derrotas do Corinthians. Ao usar como base o time fraco do ano passado, ele viu sua equipe ser dominada pelos apenas esforçados Mogi Mirim e Marília.
Caso consiga vencer o Atlético Sorocaba na quarta-feira, Tite terá um respiro, mas ele sabe que continuará tendo um início de temporada difícil. O treinador precisa convencer os dirigentes da MSI que é a pessoa ideal para comandar as estrelas contratadas pela parceira do Corinthians.
Outro trabalho de Tite está em montar o time com os jogadores contratados. Com o investimento feito, o treinador terá de armar um time ofensivo, longe do seu esquema preferido, o 3-5-2, com marcação forte e jogando em contra-ataques.
Por fim, o técnico será o único cobrado em qualquer derrota quando o Corinthians usar todas as suas estrelas, pois, para alguns torcedores e dirigentes, o investimento milionário transformou o time em um esquadrão imbatível (longe de ser verdade).
No Palmeiras, Estevam Soares ainda precisa provar que pode ser treinador de um time com as tradições do clube. Espera-se que, em 2005, ele consiga armar o Palmeiras mais ofensivo. No ano passado, o time era muito eficiente quando jogava na defesa e explorava os erros do adversário, mas era um desastre quando precisava tomar a iniciativa de atacar.
No Santos, Oswaldo de Oliveira tenta recuperar o prestígio de treinador. Após ganhar vários títulos no Corinthians, a carreira do técnico entrou em declínio, com fracas passagens por Fluminense, São Paulo, Flamengo, volta ao Corinthians e Vitória. Ele também tenta afastar a imagem de que pegou um time montado por Vanderlei Luxemburgo. Para mostrar que está disposto a criar uma equipe que tenha outro estilo de jogo, Oswaldo ousou e escalou três atacantes na partida contra a Portuguesa.
Recuperar a confiança de um time que cansou de perder vários títulos nos últimos anos é a principal tarefa de Leão, no comando do São Paulo (missão que ele conseguiu cumprir muito bem no Santos). O técnico sabe que para isso será necessário achar dois armadores, entre Falcão, Vélber, Danilo e Marco Antônio, que consigam criar as jogadas ofensivas, já que, com a contratação de Josué e Mineiro, o time está bem servido de marcadores. Também espera-se que Luizão se recupere, faça muitos gols e consiga ser o companheiro ideal de Grafite.
Um fato em comum une os quatro treinadores. Eles sabem que seus empregos só estarão seguros se conseguirem uma vitória na última rodada disputada.

Água portenha
A Fifa precisa apurar com rigor o caso ocorrido na partida entre Brasil e Argentina, no Mundial de 1990, no qual os argentinos teriam preparado um frasco de água com tranqüilizantes para oferecer aos brasileiros. O resultado não vai mudar, mas é preciso saber o grau de envolvimento dos dirigentes, da comissão técnica e dos jogadores nesse golpe. E que todos os mentores de tal armação sejam punidos. O caso também ilustra duas características daquela seleção. A falta de preparo de Sebastião Lazaroni, ao não perceber que um de seus principais jogadores não estava em condições de jogo, e a total falta de confiança da equipe no treinador, já que Branco disse a Ricardo Gomes que passava mal, mas não ao técnico.

E-mail futebolnarede@folha.com.br


Excepcionalmente hoje não é publicada a coluna de José Geraldo Couto

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