São Paulo, segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

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JUCA KFOURI

Os Estaduais, de novo


Entra ano, sai ano, o começo da temporada é essa coisa insossa, sem graça. Até quando?


MESTRE TOSTÃO escreveu na quarta-feira que os Campeonatos Estaduais "são bons e ruins. Servem para estimular a rivalidade local, para os times se entrosarem, para os torcedores das cidades com times pequenos verem os grandes, para alguns jogadores enganarem que estão muito bem e para torcedores se iludirem com suas equipes".
Na segunda-feira, outro que fala de cátedra, nosso PVC, ao se referir à nefanda fórmula do Paulistinha, que classifica 8 entre 20 times, já tinha dito que se trata de "um prêmio aos incompetentes".
Tostão foi generoso ao ver aspectos positivos onde não consigo vê-los, pois um Rio-São Paulo também serviria para entrosar os times e para estimular rivalidades, as verdadeiras, porque rivalidade há nenhuma entre Santos e Mirassol. Ou entre Botafogo e Macaé. Ou entre Inter e Lajeadense, ou Galo e Funorte. Gaúchos e mineiros poderiam estar disputando a Taça Sul-Minas, como os clubes do Nordeste poderiam disputar o seu torneio regional.
Porque, e os números provam, nem sequer os estádios das cidades que abrigam os pequenos lotam quando os grandes lá vão, além do fato de os grandes não terem sido feitos para fazer benemerência neste mundo capitalista, embora sejam tão incompetentes como os pequenos.
Estes porque, com a manutenção dos Estaduais desse jeito, desaparecem paulatinamente. Aqueles porque não se impõem perante as anacrônicas e inúteis federações, coisas só nossas como a jabuticaba, que, ao contrário, é doce.
Já PVC foi só ao ponto.
Que fique claro, embora não adiante dizer, que este que vos escreve nada tem contra os Estaduais da esmagadora maioria dos Estados brasileiros e que mesmo no eixo Rio-Minas-São Paulo-Rio Grande do Sul acha ser possível que se mantenham, pela temporada toda se assim quiserem, mas sem o sacrifício de quem nada mais tem a ganhar com eles, como acontecia até os anos 80.
O que não impede que se possa ter uma decisão sensacional aqui ou ali, num ano ou noutro, mas que, ao fim e ao cabo, apenas faz o jogo do "me engana que eu gosto", como bem diz Tostão.
O fim dos Estaduais para os grandes permitiria jogar o Brasileirão só nos fins de semana. E se em São Paulo um pobre de espírito, que viu forças como o Comercial, a Ferroviária, o São José, definharem, diz que seu campeonato só paga menos que o Brasileirão é exatamente porque aqueles que o mantêm são ainda mais pobres de espírito e ambição.

blogdojuca@uol.com.br


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