UOL


São Paulo, segunda-feira, 24 de fevereiro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FUTEBOL

Falta de vontade ou de futebol

JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA

Os santistas esperavam que o São Paulo fizesse sua obrigação e vencesse o Santo André no Morumbi. Os são-paulinos também. Mas, seja por falta de vontade ou por falta de futebol, o tricolor acabou cedendo o empate, o que classificou o time do ABC e deixou o Santos fora das quartas-de-final do Paulista.
As vaias dos são-paulinos a seu próprio time, na parte final da partida, significam que eles não admitem nenhuma das duas hipóteses: a falta de vontade teria sido um desrespeito ao torcedor; a falta de futebol embaçaria a imagem do elenco mais badalado do país. Vaias, aliás, mais do que justificadas: a segunda etapa do jogo foi tão ruim e sem inspiração que quase fez esquecer os belíssimos gols do primeiro tempo, sobretudo a bicicleta maravilhosa de Luís Fabiano.
O São Paulo, assim, confirma a pior suspeita de seus próprios torcedores: a de ser um time sem ímpeto e sem vibração -principalmente quando está desfalcado de Kaká.
Claro que, se o time acabar sendo campeão (já que tem jogadores para isso), esses tropeços e dúvidas serão esquecidos. Mas, se isso não acontecer, Oswaldo Oliveira e seus pupilos terão dificuldade em se reabilitar junto à torcida.

O Corinthians fechou em alta sua participação na primeira fase. Não apenas pelo placar imposto ao União São João, que lhe permitirá jogar em casa pelo empate contra o União Barbarense na quarta-feira, mas principalmente porque a equipe mostrou uma clara evolução tática e técnica.
A ausência de Kléber e Gil, que constituem a forte ala esquerda do alvinegro, foi um mal que veio para bem: com a boa movimentação dos meias e atacantes e, principalmente, o ótimo desempenho de Rogério, o Corinthians foi um time mais equilibrado que nas outras partidas, atacando pelos dois lados e criando jogadas ofensivas variadas.
Descontando os insistentes erros de passe de Fabinho e Vampeta, bem como a bobeira da defesa que ocasionou o gol de honra do União São João, penso que o time jogou muito bem e tem tudo para disputar a sério o título paulista.

O Palmeiras, por sua vez, se classificou raspando, contando com a sorte e com seu extraordinário goleiro. Ainda não se mostrou uma equipe coesa, entrosada e segura. Vai aos trancos e barrancos. Mas tem potencial para crescer.
O diabo é que o Verdão vai pegar logo de cara uma pedreira medonha, o São Caetano, cuja campanha na primeira fase não poderia ter sido mais convincente: seis vitórias em seis partidas.
Se o campeonato fosse por pontos corridos, o Azulão já seria o virtual campeão. Na esdrúxula fórmula atual, tudo pode acontecer. O mais curioso, nesse inusitado campeonato, é que o campeão brasileiro, o Santos, caiu numa espécie de limbo ou purgatório: nem pode disputar o título nem vai ao inferno da luta contra o rebaixamento. Tornou-se invisível.

Romário pioneiro
O contrato milionário de três meses oferecido por um clube do Qatar a Romário pode ser um precedente interessante. Sem dinheiro, os clubes brasileiros emprestam seus craques a equipes estrangeiras e os retomam de volta para disputar os torneios mais importantes. É como os grandes estúdios de Hollywood, que na época de ouro do cinema, "emprestavam" seus astros a produtoras menores entre uma e outra grande produção.

Início da limpeza
Com um pouco de otimismo, o afastamento do presidente da Federação Mineira, Élmer Guilherme, e de outros dirigentes acusados de corrupção, pode ser apenas o início de um saneamento geral de clubes e federações. Um dia chega à CBF.

E-mail jgcouto@uol.com.br


Texto Anterior: Futebol: Romário marca três gols em sua "despedida"
Próximo Texto: Boxe: Tyson reavê velho estilo, mas diz não para Lewis
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.