São Paulo, terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

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Imagem desmente versão da PM

Promotor que segue violência em estádios não vê bomba partir de estacionamento e contraria tenente

Tumulto na saída da torcida do Corinthians depois do clássico com o São Paulo no Morumbi, no dia 15, deixou ao menos 49 pessoas feridas

EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL

O sistema de monitoramento por câmeras de vídeo do estádio do Morumbi não registrou imagens de nenhuma bomba sendo lançada de um estacionamento próximo do local da saída de torcedores após o clássico entre São Paulo e Corinthians, disputado há nove dias, segundo o promotor criminal Paulo Castilho, para quem o São Paulo encaminhou teipes.
""Se alguma bomba tivesse sido atirada do estacionamento, pelo ângulo das imagens, isso teria sido captado. Não há imagem de artefato indo de cima para baixo", argumenta Castilho. ""Dá para ver a hora em que a primeira bomba explode, há um grande clarão. Mas não posso afirmar se a bomba foi atirada por torcedores ou policiais", acrescentou o promotor.
Castilho aponta que, até o momento da explosão, a torcida do Corinthians saía tranquilamente do estádio, sem nenhum tipo de confusão visível nas imagens. ""Somente após estourar a bomba, com o clarão, é que começa o corre-corre."
Foram disponibilizadas imagens captadas das câmeras instaladas nas arquibancadas e também no corredor de saída do estádio, que passou por adaptação recente e ganhou muro que reduziu a sua largura.
Apesar de Arnaldo Hossepian Jr. ter assumido a investigação, Castilho já havia requisitado os teipes por seu trabalho juntos às organizadas e o combate à violência nos estádios.
A reportagem apurou que a análise de Castilho é corroborada por funcionários do São Paulo que tiveram acesso às fitas. Um deles apontou que, embora não tenha assistido ao material na íntegra, em momento algum vê bombas sendo atiradas do estacionamento. Porém detectou o momento em que a polícia disparou bombas de efeito moral -o que teria provocado o corre-corre que feriu ao menos 49 pessoas.
O São Paulo encaminhou cópias das imagens também para as polícias civil e militar. A assessoria de imprensa da PM informou que somente se pronunciará amanhã. A reportagem apurou que oficiais do 34º DP, onde o inquérito foi instaurado, receberam cópias dos teipes. Contudo, como seus pares na PM, não se pronunciaram.
Segundo a polícia, o torcedor Robinson Damião, 25, confessou na última sexta-feira ter atirado a bomba inicial, que provocou toda a confusão.
Ele foi detido por policiais que averiguavam denúncia de violação de domicílio e afirmou, diz a PM, que foi quem fabricou -a partir de bolas de sinuca- e atirou a primeira bomba detonada no Morumbi.
Seu termo de declaração foi anexado ao inquérito. Embora tenha sido liberado, Damião deve ser convocado para depor.
A PM tem, aliás, versões diferentes do que aconteceu no Morumbi. No boletim de ocorrência, consta que ""bombas caseiras foram lançadas pelos torcedores corintianos em diversas direções, além de bolas de gude e também cadeiras arrancadas das arquibancadas".
A versão do tenente-coronel Hervando Velozo, que chefiava o policiamento no jogo e desqualificou o B.O., dá conta de que uma bomba foi lançada do estacionamento reservado a diretores do São Paulo e proprietários de cadeiras cativas em direção ao corredor por onde saíam os fãs corintianos.


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