|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Imagem desmente versão da PM
Promotor que segue violência em estádios não vê bomba partir de estacionamento e contraria tenente
Tumulto na saída da torcida do Corinthians depois do clássico com o São Paulo no Morumbi, no dia 15, deixou ao menos 49 pessoas feridas
EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL
O sistema de monitoramento
por câmeras de vídeo do estádio do Morumbi não registrou
imagens de nenhuma bomba
sendo lançada de um estacionamento próximo do local da
saída de torcedores após o clássico entre São Paulo e Corinthians, disputado há nove dias,
segundo o promotor criminal
Paulo Castilho, para quem o
São Paulo encaminhou teipes.
""Se alguma bomba tivesse sido atirada do estacionamento,
pelo ângulo das imagens, isso
teria sido captado. Não há imagem de artefato indo de cima
para baixo", argumenta Castilho. ""Dá para ver a hora em que
a primeira bomba explode, há
um grande clarão. Mas não posso afirmar se a bomba foi atirada por torcedores ou policiais",
acrescentou o promotor.
Castilho aponta que, até o
momento da explosão, a torcida do Corinthians saía tranquilamente do estádio, sem nenhum tipo de confusão visível
nas imagens. ""Somente após
estourar a bomba, com o clarão,
é que começa o corre-corre."
Foram disponibilizadas imagens captadas das câmeras instaladas nas arquibancadas e
também no corredor de saída
do estádio, que passou por
adaptação recente e ganhou
muro que reduziu a sua largura.
Apesar de Arnaldo Hossepian Jr. ter assumido a investigação, Castilho já havia requisitado os teipes por seu trabalho
juntos às organizadas e o combate à violência nos estádios.
A reportagem apurou que a
análise de Castilho é corroborada por funcionários do São
Paulo que tiveram acesso às fitas. Um deles apontou que, embora não tenha assistido ao
material na íntegra, em momento algum vê bombas sendo
atiradas do estacionamento.
Porém detectou o momento
em que a polícia disparou bombas de efeito moral -o que teria provocado o corre-corre
que feriu ao menos 49 pessoas.
O São Paulo encaminhou cópias das imagens também para
as polícias civil e militar. A assessoria de imprensa da PM informou que somente se pronunciará amanhã. A reportagem apurou que oficiais do 34º
DP, onde o inquérito foi instaurado, receberam cópias dos teipes. Contudo, como seus pares
na PM, não se pronunciaram.
Segundo a polícia, o torcedor
Robinson Damião, 25, confessou na última sexta-feira ter
atirado a bomba inicial, que
provocou toda a confusão.
Ele foi detido por policiais
que averiguavam denúncia de
violação de domicílio e afirmou, diz a PM, que foi quem fabricou -a partir de bolas de sinuca- e atirou a primeira
bomba detonada no Morumbi.
Seu termo de declaração foi
anexado ao inquérito. Embora
tenha sido liberado, Damião
deve ser convocado para depor.
A PM tem, aliás, versões diferentes do que aconteceu no
Morumbi. No boletim de ocorrência, consta que ""bombas caseiras foram lançadas pelos
torcedores corintianos em diversas direções, além de bolas
de gude e também cadeiras arrancadas das arquibancadas".
A versão do tenente-coronel
Hervando Velozo, que chefiava
o policiamento no jogo e desqualificou o B.O., dá conta de
que uma bomba foi lançada do
estacionamento reservado a diretores do São Paulo e proprietários de cadeiras cativas em
direção ao corredor por onde
saíam os fãs corintianos.
Texto Anterior: José Roberto Torero: A areia na ampulheta Próximo Texto: Corinthians: Com Ronaldo, equipe inicia sequência fora Índice
|