São Paulo, quarta-feira, 24 de março de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

NATAÇÃO

Acordo de R$ 214 mil é suspenso após Eduardo Fischer criticar valores

CBDA vê "traição" e desiste de patrocínio para nadador

GUILHERME ROSEGUINI
DA REPORTAGEM LOCAL

A Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos desistiu ontem de assinar um contrato de patrocínio no valor de R$ 214.120,00, que havia obtido em nome do catarinense Eduardo Fischer.
O dinheiro viria de um acordo entre a Prefeitura de Joinville, cidade onde o atleta nasceu e treina para os Jogos de Atenas, em agosto, e o governo de Santa Catarina.
Cada parte iria desembolsar R$ 13.382,50 por mês em oito parcelas, referentes ao período entre janeiro e agosto deste ano. A CBDA gerenciaria toda a verba.
A polêmica começou após a revelação do contrato pela Folha no domingo. Dos R$ 26.765,00 que seriam depositados mensalmente, R$ 17.765,00 ficariam com a confederação -valor que corresponde a 66% do total- para cobrir itens como viagens e acompanhamento médico do nadador.
Fischer receberia um salário de R$ 6.000, e seu técnico, Ricardo Carvalho, os R$ 3.000 restantes.
O atleta reclamou. Disse que não conhecia a íntegra do contrato e que o valor que lhe sobrava era "ínfimo em relação ao todo".
A CBDA rebateu. Coaracy Nunes, presidente da entidade, contou que Fischer "o traiu e mentiu" porque sempre soube do conteúdo da negociação. Para encerrar o caso, o dirigente enviou ontem uma carta ao prefeito de Joinville, Marco Antonio Tebaldi, contando que estava fora do acordo.
A Folha teve acesso ao documento. "O atleta Eduardo Fischer resolveu, de forma irresponsável, dar declarações sobre o contrato que somente visavam o seu benefício. A atitude do atleta incompatibiliza esta confederação em dar prosseguimento à proposta de patrocínio", escreve Coaracy.
O dirigente foi além. "No dia em que negociei com o prefeito, dei uma cópia do contrato para o Fischer e para o pai dele. Eles agora traíram minha confiança."
O nadador, recordista continental dos 100 m peito, está em Maldonado, no Uruguai, onde disputa a partir de hoje o Sul-Americano. Ele preferiu não comentar o assunto. "Acho melhor só falar depois que conversar pessoalmente com o Coaracy."
Seu pai, o advogado Décio Aquiles Fischer, porém, foi mais incisivo. Confirmou que nem ele nem o filho receberam a proposta de patrocínio, criada pela CBDA em outubro de 2003.
"Até hoje não tenho uma cópia desse acordo. Se a CBDA não quer assinar o contrato, não podemos fazer nada. Mas também não posso deixar que humilhem meu filho. Ele sempre falou a verdade."
Décio quer agora negociar com a prefeitura outro contrato -o firmado com a CBDA foi aprovado na Câmara Municipal de Joinville e não pode ser alterado.
A Confederação informou que não pretende "prejudicar Fischer". Ao prefeito, a entidade sugere que o novo projeto seja feito diretamente com o nadador.


Texto Anterior: O que ver na TV
Próximo Texto: Entidade diz que treinador conhecia projeto
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.