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MOTOR
Andor de barro
FÁBIO SEIXAS
DA REPORTAGEM LOCAL
Os fatos. Com gasolina para um pit a menos que a
maioria, Massa largou na última
fila, acelerou como um louco e rezou para o motor agüentar. Nessa
condição, não há muito segredo:
se o piloto mantiver um ritmo forte, constante e não quebrar, chega
lá na frente. O brasileiro chegou e,
a 11 voltas do fim, viu Schumacher sair dos boxes atrás de si. Posições mantidas, recebeu a bandeirada 0s600 antes do alemão.
A versão da Ferrari. Não houve
intervenção via rádio. A única comunicação foi para orientar o novato a reduzir os giros, já que, em
regime 100%, a gasolina acabaria. No release pós-GP, Todt enalteceu Massa; Brawn ficou com
Schumacher. "Felipe mereceu",
disse o francês. "Michael perdeu
ritmo após o primeiro pit, e precisamos achar o motivo. Foi por isso que perdeu posições para Felipe e Heidfeld", lançou o inglês.
O histórico. O brasileiro estreou
mal pela equipe no Bahrein e começaria a ser detonado pela imprensa italiana se fizesse outro
GP ruim. Além disso, três motores
da Ferrari já haviam ido pro beleléu antes da largada em Sepang.
O que se sabe. Todt -por meio
do filho- é empresário de Massa.
O que todo mundo viu. Todt e
Brawn acionando o rádio o tempo todo nas 11 voltas e Schumacher invocado ao parar o carro.
O que a cronometragem mostra. O brasileiro e o alemão fizeram tempos semelhantes no final
da corrida. O primeiro virou entre 1min35s9 e 1min36s6. O segundo, entre 1min35s8 e
1min36s3. Da 46ª à 56ª voltas, a
diferença entre as duas Ferrari
variou entre 1s039 e 0s600.
As dúvidas. Se um motor estava
limitado e o outro a toda, como os
dois viraram tempos tão próximos? Por que o alemão estava tão
brabo? Com quem e o quê Brawn
e Todt falavam tanto pelo rádio?
As conclusões deste colunista.
Pelos planos da Ferrari, Schumacher sairia dos boxes em quinto,
com Heidfeld entre ele e Massa.
Mas pegou um jogo ruim de
pneus no primeiro pit stop, tanto
que virava voltas fracas, na casa
de 1min36s alto, 1min37s baixo.
Enquanto isso, o brasileiro fez
direitinho o que lhe foi pedido. E,
de repente, viu-se à frente de
Schumacher e atrás de Heidfeld.
Três voltas depois, quando o piloto da BMW encostou, fumando,
alcançou o quinto lugar antes
"destinado" a seu companheiro.
Tilt no pit wall ferrarista. O que
fazer? Liberar o duelo e forçar ainda mais motores já fragilizados,
arriscando perder os sete pontos
e/ou comprometer Melbourne?
Ordenar a inversão, atiçando a
ira da FIA bem num fim de semana em que a entidade fazia vistas
grossas à sua asa móvel? Ou mandar os dois reduzirem os giros e fecharem a prova com segurança?
Discutiu-se e prevaleceu o bom
senso, a terceira opção. Conseqüência de todo o quadro pintado, Massa acabou como herói, inclusive para os jornais da Bota.
Sim, ele estava na hora certa no
lugar certo. Fruto do pé pesado
-parabéns- e de uma série de
circunstâncias -o que não tira
seu mérito, pilotos já foram campeões assim. Mas vamos com calma. Cenário assim dificilmente se
repetirá. E Schumacher, estava na
cara, não voltará a perdoar.
Sem chão
Por seis anos, Barrichello tinha a justificativa de levar sal do melhor
do mundo. Agora, está perdendo para Button, que estreou na F-1
quando ele já estava na oitava temporada. Entrou em parafuso.
Por lá
Em Homestead, a IRL abre o que pode ser a última temporada no
atual formato -a união com a ChampCar é iminente. Em Jerez, começa a MotoGP, no que pode ser o último ano do seu maior astro.
Por aqui
F-Renault, Copa Clio e F-3 Sul-Americana dão a largada neste fim de
semana em Curitiba. As duas primeiras com grid razoavelmente
cheio. A última, que já formou tanta gente boa, dá dó: nove inscritos.
E-mail - fseixas@folhasp.com.br
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