São Paulo, sexta-feira, 24 de março de 2006

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MOTOR

Andor de barro

FÁBIO SEIXAS
DA REPORTAGEM LOCAL

Os fatos. Com gasolina para um pit a menos que a maioria, Massa largou na última fila, acelerou como um louco e rezou para o motor agüentar. Nessa condição, não há muito segredo: se o piloto mantiver um ritmo forte, constante e não quebrar, chega lá na frente. O brasileiro chegou e, a 11 voltas do fim, viu Schumacher sair dos boxes atrás de si. Posições mantidas, recebeu a bandeirada 0s600 antes do alemão.
A versão da Ferrari. Não houve intervenção via rádio. A única comunicação foi para orientar o novato a reduzir os giros, já que, em regime 100%, a gasolina acabaria. No release pós-GP, Todt enalteceu Massa; Brawn ficou com Schumacher. "Felipe mereceu", disse o francês. "Michael perdeu ritmo após o primeiro pit, e precisamos achar o motivo. Foi por isso que perdeu posições para Felipe e Heidfeld", lançou o inglês.
O histórico. O brasileiro estreou mal pela equipe no Bahrein e começaria a ser detonado pela imprensa italiana se fizesse outro GP ruim. Além disso, três motores da Ferrari já haviam ido pro beleléu antes da largada em Sepang.
O que se sabe. Todt -por meio do filho- é empresário de Massa.
O que todo mundo viu. Todt e Brawn acionando o rádio o tempo todo nas 11 voltas e Schumacher invocado ao parar o carro.
O que a cronometragem mostra. O brasileiro e o alemão fizeram tempos semelhantes no final da corrida. O primeiro virou entre 1min35s9 e 1min36s6. O segundo, entre 1min35s8 e 1min36s3. Da 46ª à 56ª voltas, a diferença entre as duas Ferrari variou entre 1s039 e 0s600.
As dúvidas. Se um motor estava limitado e o outro a toda, como os dois viraram tempos tão próximos? Por que o alemão estava tão brabo? Com quem e o quê Brawn e Todt falavam tanto pelo rádio?
As conclusões deste colunista. Pelos planos da Ferrari, Schumacher sairia dos boxes em quinto, com Heidfeld entre ele e Massa. Mas pegou um jogo ruim de pneus no primeiro pit stop, tanto que virava voltas fracas, na casa de 1min36s alto, 1min37s baixo.
Enquanto isso, o brasileiro fez direitinho o que lhe foi pedido. E, de repente, viu-se à frente de Schumacher e atrás de Heidfeld.
Três voltas depois, quando o piloto da BMW encostou, fumando, alcançou o quinto lugar antes "destinado" a seu companheiro.
Tilt no pit wall ferrarista. O que fazer? Liberar o duelo e forçar ainda mais motores já fragilizados, arriscando perder os sete pontos e/ou comprometer Melbourne? Ordenar a inversão, atiçando a ira da FIA bem num fim de semana em que a entidade fazia vistas grossas à sua asa móvel? Ou mandar os dois reduzirem os giros e fecharem a prova com segurança?
Discutiu-se e prevaleceu o bom senso, a terceira opção. Conseqüência de todo o quadro pintado, Massa acabou como herói, inclusive para os jornais da Bota.
Sim, ele estava na hora certa no lugar certo. Fruto do pé pesado -parabéns- e de uma série de circunstâncias -o que não tira seu mérito, pilotos já foram campeões assim. Mas vamos com calma. Cenário assim dificilmente se repetirá. E Schumacher, estava na cara, não voltará a perdoar.

Sem chão
Por seis anos, Barrichello tinha a justificativa de levar sal do melhor do mundo. Agora, está perdendo para Button, que estreou na F-1 quando ele já estava na oitava temporada. Entrou em parafuso.

Por lá
Em Homestead, a IRL abre o que pode ser a última temporada no atual formato -a união com a ChampCar é iminente. Em Jerez, começa a MotoGP, no que pode ser o último ano do seu maior astro.

Por aqui
F-Renault, Copa Clio e F-3 Sul-Americana dão a largada neste fim de semana em Curitiba. As duas primeiras com grid razoavelmente cheio. A última, que já formou tanta gente boa, dá dó: nove inscritos.


E-mail - fseixas@folhasp.com.br

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