São Paulo, segunda-feira, 24 de março de 2008

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Livre, Luizão vira próprio dono e roda por 14 times

Para atleta, Lei Pelé permite sua troca freqüente de clube

Alex Almeida/Folha Imagem
O atacante Luizão, que já defendeu 13 clubes, incluindo os quatro grandes paulistas, antes do São Caetano, sua atual equipe

DA REPORTAGEM LOCAL

Campeão de Estaduais, Brasileiro, Libertadores e Copa do Mundo, o atacante Luizão, 32, é um exemplo da realidade criada pela Lei Pelé. Em 17 anos de carreira profissional, passou por 14 clubes, incluindo os quatro grandes de SP e três do Rio.
Episódios envolvendo o jogador mostraram os contrastes de antes e depois da mudança na legislação. Entre outras vitórias na Justiça, o jogador penhorou o estádio do Corinthians como garantia de uma dívida com o clube.
Mas, no início de sua carreira, quando a Lei do Passe ainda existia, Luizão foi impedido de trocar o Guarani pelo Palmeiras pelo presidente do time campineiro, Beto Zini, que se recusava a vendê-lo. A transferência ocorreu mais tarde.
"Sempre tentava colocar cláusula de liberação nos contratos. Sem a Lei Pelé, eu teria ficado mais tempo nos clubes. Antes, o jogador só tinha mais liberdade quando ficava mais velho", declarou o atacante, atualmente no São Caetano.
Nas negociações com os clubes, ele acertava os salários com os cartolas, mas sempre tinha um advogado para examinar os detalhes dos contratos. Chegou até a levar um palmeirense para dentro do Parque São Jorge. "Quando fui negociar com o Corinthians, procurei o [Gilberto] Cipullo [hoje vice do Palmeiras] para acertar o meu contrato", revelou.
Contou só ter mandado intermediários para representá-lo quando estava fora do país. Mas ele mesmo já desempenhou a função de procurador do lateral-direito Maurinho, que afirma ter emplacado no Santos e no São Paulo.
"Foi uma brincadeira entre eu e o Vampeta, quando estávamos vendo um jogo em Rio Preto. E aí decidi representar o Maurinho. Fiz muito pela carreira dele", contou o atacante, que diz ser freqüentemente procurado por outros jogadores pela mesma razão.
A situação de Luizão é emblemática da lei não apenas pela profusão dos uniformes que vestiu, pelas maneiras como negociou suas saídas e pelo fato de ter sido vítima de contumazes atrasos de salário.
Também são simbólicos seu clube de origem e o atual.
O time que o revelou, o Guarani, e a equipe de hoje, o São Caetano, vivenciaram situações opostas após a Lei Pelé.
Foi nesse período que a equipe do ABC despontou no país, chegando a dois vices do Brasileiro e um da Libertadores, quase sem categorias de base.
Por outro lado, o time campineiro, que sobrevivia nos anos 70 e 80 negociando jogadores formados em suas escolinhas, definhou, amargando rebaixamentos no Brasileiro e no Paulista, drama que revive mais uma vez neste Estadual.
"Sempre montamos bons times, pois observamos muito o interior paulista e os outros Estados. Em 2000, não tínhamos nomes conhecidos e fomos vices com jogadores como Adhemar, Silvio Luiz, Serginho e César. Eles chegaram já formados e depois foram vendidos", lembrou Nairo Ferreira de Souza, presidente do São Caetano.
Para Luizão, a decadência do Guarani é fruto do desmonte de suas divisões de base, pouco antes da Lei Pelé.0 (LF E RM)


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