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Livre, Luizão vira próprio dono e roda por 14 times
Para atleta, Lei Pelé permite sua troca freqüente de clube
Alex Almeida/Folha Imagem
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O atacante Luizão, que já defendeu 13 clubes, incluindo os quatro grandes paulistas, antes do São Caetano, sua atual equipe
DA REPORTAGEM LOCAL
Campeão de Estaduais, Brasileiro, Libertadores e Copa do
Mundo, o atacante Luizão, 32, é
um exemplo da realidade criada pela Lei Pelé. Em 17 anos de
carreira profissional, passou
por 14 clubes, incluindo os quatro grandes de SP e três do Rio.
Episódios envolvendo o jogador mostraram os contrastes
de antes e depois da mudança
na legislação. Entre outras vitórias na Justiça, o jogador penhorou o estádio do Corinthians como garantia de uma
dívida com o clube.
Mas, no início de sua carreira, quando a Lei do Passe ainda
existia, Luizão foi impedido de
trocar o Guarani pelo Palmeiras pelo presidente do time
campineiro, Beto Zini, que se
recusava a vendê-lo. A transferência ocorreu mais tarde.
"Sempre tentava colocar
cláusula de liberação nos contratos. Sem a Lei Pelé, eu teria
ficado mais tempo nos clubes.
Antes, o jogador só tinha mais
liberdade quando ficava mais
velho", declarou o atacante,
atualmente no São Caetano.
Nas negociações com os clubes, ele acertava os salários
com os cartolas, mas sempre tinha um advogado para examinar os detalhes dos contratos.
Chegou até a levar um palmeirense para dentro do Parque
São Jorge. "Quando fui negociar com o Corinthians, procurei o [Gilberto] Cipullo [hoje vice do Palmeiras] para acertar o
meu contrato", revelou.
Contou só ter mandado intermediários para representá-lo quando estava fora do país.
Mas ele mesmo já desempenhou a função de procurador
do lateral-direito Maurinho,
que afirma ter emplacado no
Santos e no São Paulo.
"Foi uma brincadeira entre
eu e o Vampeta, quando estávamos vendo um jogo em Rio Preto. E aí decidi representar o
Maurinho. Fiz muito pela carreira dele", contou o atacante,
que diz ser freqüentemente
procurado por outros jogadores pela mesma razão.
A situação de Luizão é emblemática da lei não apenas pela profusão dos uniformes que
vestiu, pelas maneiras como
negociou suas saídas e pelo fato
de ter sido vítima de contumazes atrasos de salário.
Também são simbólicos seu
clube de origem e o atual.
O time que o revelou, o Guarani, e a equipe de hoje, o São
Caetano, vivenciaram situações opostas após a Lei Pelé.
Foi nesse período que a equipe do ABC despontou no país,
chegando a dois vices do Brasileiro e um da Libertadores,
quase sem categorias de base.
Por outro lado, o time campineiro, que sobrevivia nos anos
70 e 80 negociando jogadores
formados em suas escolinhas,
definhou, amargando rebaixamentos no Brasileiro e no Paulista, drama que revive mais
uma vez neste Estadual.
"Sempre montamos bons times, pois observamos muito o
interior paulista e os outros Estados. Em 2000, não tínhamos
nomes conhecidos e fomos vices com jogadores como Adhemar, Silvio Luiz, Serginho e César. Eles chegaram já formados
e depois foram vendidos", lembrou Nairo Ferreira de Souza,
presidente do São Caetano.
Para Luizão, a decadência do
Guarani é fruto do desmonte de
suas divisões de base, pouco antes da Lei Pelé.0
(LF E RM)
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