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JUCA KFOURI
O clássico engasgado
Palmeiras e São Paulo
nunca termina. É pilha,
são três pênaltis, é gol de
mão ou é gás no vestiário
COMO "1968", o ano que não terminou do jornalista Zuenir
Ventura, também o Choque
Rei, do jornalista Thomaz Mazzoni,
nunca acaba.
E, se antes teve a farsa da pilha do
goleiro Bosco, ou os verdadeiros três
pênaltis, ou ainda a mão invisível do
Imperador, o fato é que agora foi
muito mais grave com o episódio do
gás. Grave e imperdoável.
O Choque Rei perdeu sua majestade, virou plebeu, coisa de cafajestes mesmo.
E a mesma FPF que pecou por demorar para definir o Palestra Itália
como palco do segundo jogo das semifinais voltou a errar ao se apressar
na marcação do segundo jogo das finais para um estádio que deveria estar, no mínimo, sob quarentena.
Ora, como pode o presidente da
FPF reconhecer o óbvio, a responsabilidade objetiva do Palmeiras pelo
que aconteceu, e, mesmo assim,
manter o estádio como sede da decisão do campeonato?
Diga-se que ninguém, aqui, está
dizendo que a culpa do que aconteceu é da direção palmeirense, que falhou sim ao não cercar o vestiário visitante de todos os cuidados, mas
que, é óbvio, não tinha nenhum interesse em causar tamanho prejuízo
para si mesmo.
Diga-se, ainda, que o São Paulo,
por meio de uma carta leviana e irresponsável de seu presidente dias
antes da partida, botou lenha na fogueira, contribuiu para o clima bélico e permitiu, ao mandar filmar os
bastidores da partida, que se desconfiasse de suas intenções.
No entanto aceitar a versão luxemburguiana (embora, de fato, ele
conheça as malandragens do futebol) e adotá-la como fez a direção alviverde são tão deploráveis quanto a
constante vitimização tricolor, porque é absurdo supor que tenha sido
o próprio São Paulo que agiu contra
seus atletas.
Ainda se o time não tivesse voltado para disputar o segundo tempo, a
teoria até poderia ganhar alguma veracidade...
A nenhum dos lados interessava
acontecer o que aconteceu, e tudo
leva a crer que tenha sido mais uma
obra de torcedor ensandecido.
O inaceitável, no entanto, é que
enlouqueçam todos, cartolas dos
dois lados, nesta briga de ódios que
vem desde a década de 40, quando o
São Paulo era da elite, e o Palmeiras,
clube de colônia, coisa que nem um
nem outro é mais, tão espalhados
que estão pelo país afora.
A ponto de cartolas alviverdes
plantarem que um simples aparelho
de rádio, passado por Fernando de
Barros e Silva, editor de Brasil desta
Folha, ao pai Leco, vice-presidente
de futebol do São Paulo, possa ser a
prova do crime...
O São Paulo precisa, sim, aprender a perder, e o Palmeiras precisa,
sim, aprender a voltar a ganhar.
Alívio e desafio
O jogo mais importante deste
abril para o São Paulo foi vencido
diante do Atlético Nacional, porque seguir na Libertadores é mais
valioso que decidir o Campeonato
Paulista. Foi um 1 a 0 sofrido, inconvincente, mas salvador.
E o Palmeiras, diante do Sport,
também tem hoje um jogo mais essencial, ao fim de tudo, que o contra
a Ponte Preta. Porque o título da
Copa do Brasil também vale muito
mais que o do Estadual.
blogdojuca@uol.com.br
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