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FUTEBOL
O pecado da soberba
JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA
Há quem diga que o grande
defeito de Vanderlei Luxemburgo é a vaidade. Mas ontem o que levou seu time ao desastre foi outro pecado capital: a
soberba.
Jogando em casa contra o Palmeiras, o treinador resolveu poupar seus principais titulares
-Diego, Robinho e Renato- para o jogo do meio da próxima semana contra o Once Caldas, pela
Libertadores da América.
Entrevistado à beira do campo
no início do clássico de ontem,
Luxemburgo deixou claro que esperava decidir a partida no primeiro tempo, para não ter de lançar mão de seus três astros. Em
outras palavras, menosprezou a
equipe palmeirense. O preço que
pagou por isso foi bem alto.
O Santos até que começou bem,
mantendo a posse de bola e criando chances de gol. Mas bastou
uma falha de marcação, "corrigida" com a falta e a expulsão do
zagueiro Pereira, para a balança
se voltar contra o Peixe.
O treinador santista demorou a
reagir e, quando o fez, errou. Em
vez de colocar um zagueiro em
campo (Narciso, no caso), recuou
Paulo Almeida para a defesa.
Com isso, não apenas deixou de
recompor a zaga como também
enfraqueceu o meio-campo, setor
que o Palmeiras passou a dominar, com seus quatro volantes de
muita garra e mobilidade.
No fim das contas, Luxemburgo
teve de escalar Robinho, Diego e
Renato em condições ainda mais
desgastantes, ou seja, com um jogador a menos e o placar adverso.
Resultado: além de cansados, seus
titulares agora vão à Colômbia
também abatidos, para não dizer
humilhados pela goleada.
Se não conseguir a proeza de
vencer o Once Caldas, o Santos
cairá fora da Libertadores e só lhe
restará o Brasileirão. A idéia de
que este, por ser um torneio longo,
concede tempo para a recuperação é bastante duvidosa. Com
apenas seis pontos e o maior número de derrotas do campeonato
(cinco), o Santos terá que penar
muito para conseguir um lugar
entre os quatro primeiros e garantir vaga na Libertadores do
ano que vem.
De quebra, o Santos ajudou o
Palmeiras a arrefecer sua crise.
Descontadas as falhas crônicas da
zaga nas jogadas aéreas, o alviverde jogou muito bem, bloqueando as principais jogadas
ofensivas santistas e servindo-se
bem da velocidade de Muñoz e de
Vágner nos contra-ataques.
Pena que o clube está prestes a
perder seu artilheiro para o futebol russo. E, cá entre nós, Vágner
Love no CSKA é um tremendo
desperdício. Um fato quase tão lamentável quanto ver o cruzeirense Alex partir, como tudo indica,
para um ostracismo na Turquia.
Já dizia Paulinho da Viola, dinheiro na mão é vendaval.
Poupar titulares pensando na
Libertadores também custou caro
ao São Paulo, que perdeu no Mineirão a invencibilidade e a liderança diante do Cruzeiro. Alguns
clubes parecem ainda não ter entendido que os pontos disputados
agora valem tanto quanto os das
últimas rodadas.
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