UOL


São Paulo, terça-feira, 24 de junho de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FUTEBOL

I (Love) Alex

MARCOS AUGUSTO GONÇALVES
EDITOR DE OPINIÃO

Ao discordar da opinião que dei aqui sobre Alex, Soninha, na última quinta, mencionou o fato de que a mídia, em alguns momentos, mesmo involuntariamente, pode ajudar a rotular personagens, muitas vezes de forma injusta. Seria o caso da fama de "soneca" que Alex granjeou.
Bem, antes que isso ocorra comigo, ou seja, antes que venha a ser rotulado como aquele colunista que acha o meia cruzeirense um pereba, gostaria de frisar: jamais disse que Alex é perna de pau, que não sabe passar, que não faz belos gols. Apenas me permiti divergir de uma avaliação de Tostão, considerando Alex "um craque de espetaculares e raros instantes". Na verdade, o raciocínio de Tostão era mais fino: ele trocava a afirmação de que Alex é "um excelente jogador de muitos bons momentos" por essa, de que "é um craque de espetaculares e raros instantes". Mas acrescentava: "Que nem sempre acontecem". E é precisamente pelo fato de que esses instantes espetaculares nem sempre aconteçam -às vezes, durante fases- que vejo com reservas o excesso de loas em torno dele. Na verdade, exagerei ao dizer que Tostão colocava Alex no "firmamento dos craques excepcionais". Relendo a coluna, não foi bem isso que ele escreveu. Se fosse, Alex estaria sendo nivelado a gente como Maradona ou Zico, o que seria difícil sustentar.
Alex, como escrevi, tem software de grande craque, mas parece só rodar bem em certas configurações. É um jogador que, aparentemente, depende muito de que o técnico saiba trabalhar com e para ele. E isso, Wanderley Luxemburgo, o maior responsável pelo sucesso recente do Cruzeiro, faz bastante bem.
A propósito, recebi inúmeras e previsíveis contestações de cruzeirenses, mas também o apoio efusivo de alguns palmeirenses.
 
Mas vamos ao que interessa: o Santos. Devo dizer que, embora não seja Santos (sou Flamengo, sorry), estou santista. E muito. Peguei-me torcendo como um desesperado na partida contra o Medellín. O Santos tem um grande time. Robinho -vamos parar com bobagens!- é um ótimo jogador. Não é só foca amestrada. Além de driblar muito bem e criar muitas chances para seus companheiros, é um jogador solidário, que perde a bola e volta para recuperá-la. Também marca e tem senso tático. Precisa aperfeiçoar o chute e caprichar um pouco mais em alguns passes.
Diego também é excelente -embora pudesse, talvez, conduzir um pouco menos a bola. São jovens e têm tudo para evoluir. O time todo joga muito e -como até os desafetos reconhecem- Leão acertou a mão.
Agora, ganhar do Boca Juniors na Bombonera é outra história.
Em finais desse nível, só mesmo chovendo no molhado: tudo pode acontecer. Mas que seria glorioso ver o Santos enfrentando o Milan no Japão, isso seria.
Essa história bem que poderia se repetir, não como farsa, mas como um presente dos deuses aos amantes do bom futebol.

E a seleção?
Pensando bem, foi melhor que a seleção tenha saído dessa Copa das Confederações. É um torneio que não vale nada. Só estava contribuindo para desviar a atenção das competições disputadas pelos clubes -e para desfalcá-los. Foi bom, também, para que todos comecem a ter uma avaliação melhor sobre a potencialidade de alguns jogadores. Para Parreira e Zagallo foi uma bela lição. O risco é que seja entendida como falta de cautela... No mais, pena que Luis Fabiano não tenha podido mostrar seu futebol.

Fenômeno
Ronaldo, mais uma vez, foi decisivo. E conseguiu outro feito fenomenal: depois de ter sido ídolo no Barcelona, conquista a torcida de Madri. É mais um rei na Espanha.

E-mail mag@folhasp.com.br


Texto Anterior: Basquete - Melchiades Filho: Segunda chamada
Próximo Texto: Futebol: Sem estrelas, Brasil dá vexame histórico
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.