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FUTEBOL
I (Love) Alex
MARCOS AUGUSTO GONÇALVES
EDITOR DE OPINIÃO
Ao discordar da opinião
que dei aqui sobre Alex, Soninha, na última quinta, mencionou o fato de que a mídia, em alguns momentos, mesmo involuntariamente, pode ajudar a rotular
personagens, muitas vezes de forma injusta. Seria o caso da fama
de "soneca" que Alex granjeou.
Bem, antes que isso ocorra comigo, ou seja, antes que venha a
ser rotulado como aquele colunista que acha o meia cruzeirense
um pereba, gostaria de frisar: jamais disse que Alex é perna de
pau, que não sabe passar, que não
faz belos gols. Apenas me permiti
divergir de uma avaliação de Tostão, considerando Alex "um craque de espetaculares e raros instantes". Na verdade, o raciocínio
de Tostão era mais fino: ele trocava a afirmação de que Alex é "um
excelente jogador de muitos bons
momentos" por essa, de que "é
um craque de espetaculares e raros instantes". Mas acrescentava:
"Que nem sempre acontecem". E
é precisamente pelo fato de que
esses instantes espetaculares nem
sempre aconteçam -às vezes,
durante fases- que vejo com reservas o excesso de loas em torno
dele. Na verdade, exagerei ao dizer que Tostão colocava Alex no
"firmamento dos craques excepcionais". Relendo a coluna, não
foi bem isso que ele escreveu. Se
fosse, Alex estaria sendo nivelado
a gente como Maradona ou Zico,
o que seria difícil sustentar.
Alex, como escrevi, tem software de grande craque, mas parece
só rodar bem em certas configurações. É um jogador que, aparentemente, depende muito de
que o técnico saiba trabalhar com
e para ele. E isso, Wanderley Luxemburgo, o maior responsável
pelo sucesso recente do Cruzeiro,
faz bastante bem.
A propósito, recebi inúmeras e
previsíveis contestações de cruzeirenses, mas também o apoio efusivo de alguns palmeirenses.
Mas vamos ao que interessa: o
Santos. Devo dizer que, embora
não seja Santos (sou Flamengo,
sorry), estou santista. E muito. Peguei-me torcendo como um desesperado na partida contra o Medellín. O Santos tem um grande time. Robinho -vamos parar com
bobagens!- é um ótimo jogador.
Não é só foca amestrada. Além de
driblar muito bem e criar muitas
chances para seus companheiros,
é um jogador solidário, que perde
a bola e volta para recuperá-la.
Também marca e tem senso tático. Precisa aperfeiçoar o chute e
caprichar um pouco mais em alguns passes.
Diego também é excelente
-embora pudesse, talvez, conduzir um pouco menos a bola. São
jovens e têm tudo para evoluir. O
time todo joga muito e -como
até os desafetos reconhecem-
Leão acertou a mão.
Agora, ganhar do Boca Juniors
na Bombonera é outra história.
Em finais desse nível, só mesmo
chovendo no molhado: tudo pode
acontecer. Mas que seria glorioso
ver o Santos enfrentando o Milan
no Japão, isso seria.
Essa história bem que poderia
se repetir, não como farsa, mas
como um presente dos deuses aos
amantes do bom futebol.
E a seleção?
Pensando bem, foi melhor que
a seleção tenha saído dessa Copa das Confederações. É um
torneio que não vale nada. Só
estava contribuindo para desviar a atenção das competições
disputadas pelos clubes -e para desfalcá-los. Foi bom, também, para que todos comecem
a ter uma avaliação melhor sobre a potencialidade de alguns
jogadores. Para Parreira e Zagallo foi uma bela lição. O risco
é que seja entendida como falta
de cautela... No mais, pena que
Luis Fabiano não tenha podido
mostrar seu futebol.
Fenômeno
Ronaldo, mais uma vez, foi decisivo. E conseguiu outro feito
fenomenal: depois de ter sido
ídolo no Barcelona, conquista a
torcida de Madri. É mais um rei
na Espanha.
E-mail mag@folhasp.com.br
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