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FUTEBOL
Teixeira já tem estudo para proibir a transferência de atletas para o exterior durante a competição a partir de 2005
CBF quer fechar o mercado no Brasileiro
FERNANDO MELLO
DO PAINEL FC
A CBF pretende impedir a
transferência de jogadores para
clubes do exterior durante o Campeonato Brasileiro. Já está na mesa do presidente da entidade, Ricardo Teixeira, resolução de diretoria (RDI) que limita o período
de venda de atletas para fora do
país ao intervalo entre uma edição
e outra do Nacional.
A medida, que só passaria a valer a partir de 2005, visa impedir o
esvaziamento do Brasileiro em
meio à sua disputa. Neste ano, o
torneio corre o risco de ficar sem
Luis Fabiano (São Paulo) e já perdeu Alex (Cruzeiro), duas das estrelas do futebol nacional. Outro
destaque, o palmeirense Vágner,
também está de saída.
"Não podemos ser o único país
da elite do futebol a permitir a
perda de craques no meio do
campeonato. A Espanha se protege, a Itália se protege. Não podemos ver, ano a ano, nosso campeonato ser esvaziado no meio",
declarou Teixeira à Folha.
O dirigente refere-se ao fato de o
mercado ficar aberto para transferência em apenas dois períodos
nos países europeus: entre os torneios e em dezembro. No Brasil,
onde o futebol é quase totalmente
exportador de mão-de-obra, a
abertura seria apenas entre o fim
de dezembro e o início de abril, no
caso de o país não adotar o calendário internacional.
A debandada em massa para o
exterior no meio do Nacional é
um fato recente no calendário
brasileiro porque, até 2002, o torneio era disputado apenas em um
semestre -em julho, época em
que o mercado europeu está aberto, não havia competições.
Segundo a CBF, a medida está
de acordo com a legislação vigente no país. A entidade cita o artigo
33 da Lei Pelé, que dá a ela o poder
de definir o período para transferências. A Fifa, órgão máximo do
futebol, faculta às federações o direito de limitar negociações.
A RDI ainda não foi assinada
porque Teixeira quer falar antes
com presidentes de clubes mais
próximos para saber se o plano
tem o respaldo de seus aliados.
Pelo menos teoricamente, a
CBF não encontrará muitos problemas para levar a idéia a cabo.
O Clube dos 13, entidade que
reúne os 20 maiores times do país,
enviou emenda ao relator do Estatuto do Desporto, deputado Gilmar Machado (PT-SP), em que
pede limitação parecida.
"O Carlô [Carlos Eugênio Lopes, diretor jurídico da CBF] copiou uma idéia nossa, mas, se for
para o melhor do futebol, não tem
problema. O C13 defende a proibição da transferência durante o
Brasileiro porque todos perdem:
o torcedor, os times, a TV. Só a
Europa ganha", disse Celso Rodrigues, advogado da entidade.
De acordo com Rodrigues, as
negociações entre clubes e atletas
estariam liberadas durante todo o
ano -para que não seja ferido o
direito constitucional de livre escolha do trabalho-, mas a transferência só seria realizada ao fim
de cada competição.
Especialista em direito esportivo, o advogado Marcílio Krieger
afirma que não há vedação legal
para a adoção da RDI. "A CBF está amparada por seus estatutos,
pelo da Fifa e pela Lei Pelé. Se for
de sua vontade, é um ato jurídico
que não fere a Constituição."
A RDI regula apenas as transferências para o exterior. Para o caso de venda/empréstimo dentro
do território nacional, os clubes
estariam liberados para negociar
inclusive durante o Brasileiro
-desde que não seja extrapolado
o teto de jogos, hoje limitado a
seis atuações, que os atletas têm
para mudar de clube.
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