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AÇÃO
De olhos bem abertos
CARLOS SARLI
COLUNISTA DA FOLHA
Lance Armstrong, o ciclista que venceu uma metástase
e cinco vezes a Volta da França, é
a nova sensação da América. Às
vésperas de uma nova edição da
prova francesa, com a chance de
conquistar um recorde absoluto,
o seu rosto pode ser visto por todos os lados nos EUA: em livrarias (em outubro, lança seu segundo livro: "Every Second
Counts"), em lojas de esporte (é
patrocinado pela Nike) e em
anúncios de TV. Como Guga fez
com o tênis no Brasil, coube a
Lance a honra de atrair a atenção
do grande público para um esporte que não era popular por lá.
E foi com esse manto de popularidade que a 23ª edição da Race
Across America (RAAM) teve início na Califórnia, no último dia
20. Para quem não sabe o que é a
RAAM, vale lembrar que a revista "Outside" fez, há alguns anos,
um levantamento de quais seriam os mais duros eventos esportivos do mundo. O rali humano
Raid Gauloises e a ultramaratona californiana Badwater estavam na lista. E o primeiro lugar
ficou com a RAAM, uma extravagância ciclística que ocorre todos
os anos desde 1982 e leva atletas a
pedalar de San Diego (Costa Oeste) a Atlantic City (Costa Leste).
São 4.500 km, cruzando 14 Estados e subindo um total de 33 mil
pés. Segundo a reportagem da
"Outside", o atleta que completa
a prova precisa de seis meses para
se recuperar. Mas a crueldade do
desafio não está só na enorme distância a ser percorrida numa média de nove dias. O que faz da Race Across America um evento para homens e mulheres de aço é o
ritmo. Quem escolhe participar
da categoria solo normalmente fica sem dormir nas duas primeiras
noites. Após a segunda noite -e
até o fim do desafio- dorme-se
entre duas e quatro horas (no carro que acompanha o participante) para um período de 24 horas;
no resto do tempo, pedala-se no
ritmo mais forte possível.
Nas categorias dupla, enquanto
um atleta pedala, o outro descansa, num intervalo que pode ser de
uma hora durante o dia e chegar
a duas horas à noite. No quarteto,
as sessões de pedal vão de 30 minutos a uma hora. O que significa
que o atleta terá de uma hora e
meia a três (enquanto os outros
fazem a sua parte) para comer e
dormir. Há outras variáveis, pois
cada time traça a sua estratégia.
O Brasil tem história na RAAM.
Em 98, Ricardo Arap e Alexandre
Ribeiro venceram a categoria dupla estabelecendo um novo recorde: sete dias e dez horas. Em 2001,
Michel Bogli e José Filho repetiram o feito, quebrando o recorde
em algumas horas. Além deles,
João Paulo Diniz, José Carlos Secco e alguns outros atletas nacionais de endurance já provaram
das emoções da competição. Neste ano, estamos representados por
um quarteto (Michel Bogli, José
Filho, Marcio Milan e Cássio
Brandão), uma dupla (Ronaldo
Mattar e Marcos Vinicius de Faria) e também na categoria solo
feminina (Luiza Evangelista).
Tudo começou em 82, quando
quatro amigos ciclistas se desafiaram a cruzar os EUA de bicicleta.
Na prova em curso, a mais grandiosa até hoje, são ao todo 99 homens e mulheres em busca de
uma superação física e mental.
Super Surf antecipado
A terceira etapa do Brasileiro começa na próxima quarta, em Porto
de Galinhas (PE). Já a quarta, em Ubatuba, foi antecipada para o dia
21 de julho para não conflitar com um WQS seis estrelas no Japão.
Mais bike
Jaqueline Mourão, que representará o Brasil no mountain bike na
Olimpíada de Atenas, venceu no domingo, no Canadá, a segunda
etapa do Campeonato Mundial de Maratona.
Inverno no Aconcágua
Festa da TryOn hoje anuncia o novo projeto dos alpinistas Vitor Negrete e Rodrigo Raineri: guiar a inédita Expedição Invernal Brasileira
na maior montanha das Américas (6.962 m).
E-mail sarli@trip.com.br
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