São Paulo, quinta-feira, 24 de junho de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

AÇÃO

De olhos bem abertos

CARLOS SARLI
COLUNISTA DA FOLHA

Lance Armstrong, o ciclista que venceu uma metástase e cinco vezes a Volta da França, é a nova sensação da América. Às vésperas de uma nova edição da prova francesa, com a chance de conquistar um recorde absoluto, o seu rosto pode ser visto por todos os lados nos EUA: em livrarias (em outubro, lança seu segundo livro: "Every Second Counts"), em lojas de esporte (é patrocinado pela Nike) e em anúncios de TV. Como Guga fez com o tênis no Brasil, coube a Lance a honra de atrair a atenção do grande público para um esporte que não era popular por lá.
E foi com esse manto de popularidade que a 23ª edição da Race Across America (RAAM) teve início na Califórnia, no último dia 20. Para quem não sabe o que é a RAAM, vale lembrar que a revista "Outside" fez, há alguns anos, um levantamento de quais seriam os mais duros eventos esportivos do mundo. O rali humano Raid Gauloises e a ultramaratona californiana Badwater estavam na lista. E o primeiro lugar ficou com a RAAM, uma extravagância ciclística que ocorre todos os anos desde 1982 e leva atletas a pedalar de San Diego (Costa Oeste) a Atlantic City (Costa Leste).
São 4.500 km, cruzando 14 Estados e subindo um total de 33 mil pés. Segundo a reportagem da "Outside", o atleta que completa a prova precisa de seis meses para se recuperar. Mas a crueldade do desafio não está só na enorme distância a ser percorrida numa média de nove dias. O que faz da Race Across America um evento para homens e mulheres de aço é o ritmo. Quem escolhe participar da categoria solo normalmente fica sem dormir nas duas primeiras noites. Após a segunda noite -e até o fim do desafio- dorme-se entre duas e quatro horas (no carro que acompanha o participante) para um período de 24 horas; no resto do tempo, pedala-se no ritmo mais forte possível.
Nas categorias dupla, enquanto um atleta pedala, o outro descansa, num intervalo que pode ser de uma hora durante o dia e chegar a duas horas à noite. No quarteto, as sessões de pedal vão de 30 minutos a uma hora. O que significa que o atleta terá de uma hora e meia a três (enquanto os outros fazem a sua parte) para comer e dormir. Há outras variáveis, pois cada time traça a sua estratégia.
O Brasil tem história na RAAM. Em 98, Ricardo Arap e Alexandre Ribeiro venceram a categoria dupla estabelecendo um novo recorde: sete dias e dez horas. Em 2001, Michel Bogli e José Filho repetiram o feito, quebrando o recorde em algumas horas. Além deles, João Paulo Diniz, José Carlos Secco e alguns outros atletas nacionais de endurance já provaram das emoções da competição. Neste ano, estamos representados por um quarteto (Michel Bogli, José Filho, Marcio Milan e Cássio Brandão), uma dupla (Ronaldo Mattar e Marcos Vinicius de Faria) e também na categoria solo feminina (Luiza Evangelista).
Tudo começou em 82, quando quatro amigos ciclistas se desafiaram a cruzar os EUA de bicicleta. Na prova em curso, a mais grandiosa até hoje, são ao todo 99 homens e mulheres em busca de uma superação física e mental.

Super Surf antecipado
A terceira etapa do Brasileiro começa na próxima quarta, em Porto de Galinhas (PE). Já a quarta, em Ubatuba, foi antecipada para o dia 21 de julho para não conflitar com um WQS seis estrelas no Japão.

Mais bike
Jaqueline Mourão, que representará o Brasil no mountain bike na Olimpíada de Atenas, venceu no domingo, no Canadá, a segunda etapa do Campeonato Mundial de Maratona.

Inverno no Aconcágua
Festa da TryOn hoje anuncia o novo projeto dos alpinistas Vitor Negrete e Rodrigo Raineri: guiar a inédita Expedição Invernal Brasileira na maior montanha das Américas (6.962 m).

E-mail sarli@trip.com.br


Texto Anterior: Boca Juniors pára diante de rival em casa
Próximo Texto: Futebol - Soninha: Rolando ou parada
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.