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FUTEBOL
Rolando ou parada
SONINHA
COLUNISTA DA FOLHA
Às vezes parece um pouco ridículo explicar uma derrota
dizendo que "nosso time criou
muitas chances, e o time deles só
fez gol de bola parada". Como já
disseram, irritados, alguns torcedores, "não vale a mesma coisa"?
Ou, com senso de humor, "se entrou no gol, não estava parada!".
Por outro lado, é verdade que às
vezes nos decepcionamos com a
seleção, por exemplo, quando os
gols só ocorrem nas tais bolas paradas. Aí é o técnico quem diz:
"Não valem a mesma coisa?".
A bola parada é mesmo um caso à parte. Quando há uma cobrança de falta perfeita ou um pênalti muito bem batido, não há o
que fazer a não ser ver a bola entrar. Mas um time só chega a essa
situação "privilegiada" em razão
de uma falta do rival. O remédio
seria não fazer a falta, mas nem
sempre isso é possível. E uma única falha individual (por afobação, erro de posicionamento ou
de cálculo, "excesso de vontade")
pode derrubar o trabalho bem-feito até aquele momento, levando às explicações acima...
Já a falta em dois lances e a cobrança de escanteio são situações
em que a correlação de forças é
completamente diferente. Com a
bola rolando, um time tem, digamos, de um a cinco jogadores no
ataque. Se tiver dois na área e três
por perto, está ótimo. Seis é quase
um luxo. Na cobrança de escanteio, o time que tem a bola pode
ter até os 11 tentando o gol!
O escanteio é um momento do
jogo que o treinador pode reproduzir de maneira minuciosa nos
treinos, determinando o posicionamento exato de cada um -
quem cobra, quem sobe, quem fica na sobra. É mais previsível que
as outras circunstâncias do jogo,
em que é mais difícil "combinar
com o adversário" onde ele vai estar (como Garrincha teria cobrado de um técnico, depois de ouvir
a explicação de uma jogada).
Eu me lembro de um jogo do
Palmeiras de 96 em que o time teve cinco escanteios seguidos a seu
favor. Em cada um deles, uma jogada diferente foi posta em prática. A menos que a minha memória afetiva esteja me traindo, no
quinto saiu o gol. A famosa "mão
do treinador" ficou evidente, assim como a qualidade dos jogadores para colocar em prática o
que foi ensaiado.
O técnico também ensaia a
marcação da bola parada, mas
seus atletas precisam descobrir na
hora se a cobrança é no primeiro
pau, no segundo, curta, direta...
Ele pode estudar jogos anteriores
e se preparar para algumas possibilidades, mas a vantagem é do
adversário. Por isso, não sei por
que há tanta revolta quando um
time toma um gol de bola parada
-parece que é sempre falha da
defesa, não mérito do rival. (O
mesmo vale para as bolas pelo alto -há mais críticas à defesa que
elogios para o autor do gol!)
Agora, se reclamamos do nosso
time, que "só faz gol de bola parada", é porque gostamos de ver tabelas, fintas, arrancadas... A emoção construída a cada palmo conquistado do terreno. Mas que é
um tremendo desperdício não
treinar exaustivamente para
aproveitar as bolas paradas, lá isso é. Parabéns a quem aproveita.
Está sobrando?
A crise financeira que assola o
futebol parece não assolar o
Palmeiras, que contratou Jardel
sem condições (físicas e jurídicas) de jogo e, segundo o Painel
FC, abriu mão de exigir o pagamento do salário de Marcos pela CBF, após o atleta ter se contundido em treino da seleção.
Quem é
O deputado pernambucano Pedro Correa, presidente nacional
do PP, citado na CPI da pirataria, foi o autor da Ação Direta
de Inconstitucionalidade contra o Estatuto do Torcedor -o
qual, segundo alguns dirigentes, atinge "a autonomia das
entidades desportivas, dirigentes e associações, quanto à sua
organização e funcionamento".
Só porque exige responsabilidade e transparência?
E-mail
soninha.folha@uol.com.br
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