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Com Robinho, Brasil-06 traz à tona o Brasil-58
Atacante, que deu nova cara ao time quando entrou, relembra trajetória de Pelé na Copa da Suécia
Dos reservas que atuaram contra o Japão, ele deve ser o único a ser mantido contra Gana, o que indica sucesso para Ronaldo e o quadrado
DOS ENVIADOS A BERGISCH GLADBACH
Dos reservas escalados contra o Japão, ele deve ser o único
a permanecer no time contra
Gana, pelas oitavas-de-final, na
terça-feira. E o quadrado mágico, Ronaldo e os fãs de comparações históricas agradecem.
Robinho, 22, mudou a cara
do Brasil e segue mais uma vez
os passos de alguém bem mais
famoso. Como Pelé, que o elogiou quando ainda era um menino franzino no mesmo Santos que ambos defenderam, ele
entrou no terceiro jogo de uma
Copa do Mundo, como o caçula
do elenco, para despertar uma
claudicante seleção brasileira.
Pelé, ao lado de Garrincha,
foi reserva na vitória contra a
Áustria e no empate com a Inglaterra na Suécia, em 1958.
Como acontece com Carlos
Alberto Parreira no caso de Robinho, Vicente Feola foi pressionado para escalar o garoto
de 17 anos, que havia ido bem
nos jogos preparatórios, contra
a União Soviética, no fechamento da fase inicial. E o Brasil
partiu retumbante para seu
primeiro título mundial.
Pelé jogou e fez os companheiros jogarem. O centroavante Vavá, que havia passado
em branco sem a companhia
ilustre, marcou duas vezes contra os soviéticos -acabou como
o vice-artilheiro brasileiro na
competição, atrás do próprio
Pelé. O meia Didi também começou a aparecer mais.
Agora, a história se repete.
Foi só com Robinho ao seu lado
que Ronaldo desencantou -fez
dois contra os japoneses e se
igualou a Gerd Müller como o
maior artilheiro das Copas.
Eles, aliás, mostram proximidade também fora do campo.
Ontem, passaram o dia juntos,
com suas respectivas namoradas -foram deixados por elas
no Castelo Lerbach, a concentração da seleção brasileira nos
arredores de Colônia.
Com Robinho, o time bateu o
recorde de dribles e passes de
uma seleção na Copa da Alemanha, isso com o Brasil fazendo
apenas seis faltas contra o Japão, a menor marca do torneio.
O jogador do Real Madrid,
clube em que ainda não conseguiu se firmar como titular, foi
elogiado pelos companheiros,
inclusive Kaká, o líder do grupo
que pedia mais movimentação
ao ataque, quando ele foi formado por Ronaldo e Adriano,
contra Croácia e Austrália.
E Parreira já tinha elementos
suficientes para saber que o seu
famoso quadrado mágico só
funcionou bem quando Robinho fez parte dele.
Desde que adotou essa tática,
a seleção fez 11 jogos com Robinho titular. Neles, a média de
gols marcados ficou em 3,18 por
jogo. Com o quadrado, mas com
Robinho fora da formação inicial, a média foi de 2,62, número ainda inflado pelas vitórias
de 8 a 0 diante do Lucerna e 4 a
0 contra a Nova Zelândia, amistosos na Suíça que serviram como preparatório para a Copa.
Apesar do favoritismo que
ganhou para ficar na equipe titular depois da partida contra o
Japão, Robinho, um dos raros
reservas que, mesmo antes de o
time entrar em crise técnica,
pedia uma chance, agora é mais
cauteloso. "É uma boa dor de
cabeça para o Parreira. Se precisar, eu estarei à disposição."
Parreira sempre colocou Robinho, desde os inícios dos treinos na Suíça, no grupo de reservas que não merecem essa denominação por estarem prontos para entrar a qualquer hora.
Resta saber, caso vire titular,
se ele terá a mesma vida longa
de Pelé, com quem também
guarda semelhanças físicas, para ficar no time principal do
Brasil por mais de uma década.
(EDUARDO ARRUDA, PAULO COBOS, RICARDO PERRONE E SÉRGIO RANGEL)
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