São Paulo, sábado, 24 de junho de 2006

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Esquecida, base atual reclama

Enfurnada em castelo, seleção só fez 2 treinos em Bergisch Gladbach, e prefeito falará com a CBF

Situação é bem diferente da vivida na suíça Weggis, que assistiu a uma preparação conturbada, com direito a campo invadido por público


DOS ENVIADOS A BERGISCH GLADBACH

A seleção brasileira virou as costas para Bergisch Gladbach, em um processo de recolhimento paulatino, após um início de preparação cercado de badalação na suíça Weggis.
A cidade alemã, que recebe o time nacional desde a noite do último domingo, mal viu os jogadores. Eles passam a maior parte do tempo enfurnados na concentração, num castelo.
A situação começa a gerar mal-estar. O prefeito local, Klaus Orth, não desiste de ter ao menos um treino do Brasil com portões abertos para os torcedores. A CBF discorda.
"Vou voltar a conversar com a confederação sobre a possibilidade de termos esse treinamento. Seria uma festa para a cidade. Mas, se não for possível, entendo. O principal objetivo do Brasil é ganhar a Copa do Mundo", afirmou o prefeito.
"Acho muito difícil isso acontecer", comentou Marco Polo Del Nero, chefe da delegação brasileira na Alemanha.
A CBF tem motivos financeiros para não querer abrir os portões. De acordo com as normas da Fifa, se realizar um treino para os torcedores, terá de arcar com as despesas e assinar um termo se responsabilizando pela segurança da torcida. A entidade já descartou assumir essas responsabilidades.
E a prefeitura também. "Não aceitamos pagar as despesas nem cuidar da segurança. Isso é um problema da Fifa e do Brasil, e não nosso", disse Orth.
Ele admite que a segurança seria um problema. "O estádio tem capacidade para 10 mil pessoas, e um evento desses atrairia cerca de 20 mil."
Além de não abrir os portões, a seleção só saiu do hotel duas vezes para treinar no estádio da cidade em que ficará até o dia do jogo contra Gana.
Ontem, a equipe teve folga e não treinou. Alguns trabalhos são feitos sem que os atletas deixem o hotel, numa sala de musculação do castelo.
No estádio, foi montado um centro de imprensa, pouco usado, o que é constrangedor para a prefeitura. Orth diz não ter despesas para receber a seleção. Sem revelar valores, assegura que patrocinadores cobriram os gastos. Ganharam o direito de estampar seus logos num banner na pouco freqüentada área para os jornalistas.
A clausura dos comandados de Carlos Alberto Parreira em Bergisch Gladbach em nada lembra a exposição a que o time foi submetido em Weggis.
Lá os treinos tinham a presença de torcedores, e o estádio ficava lotado, o que gerou problemas. Num dos trabalhos, fãs invadiram o campo. Logo na chegada, Parreira ameaçou tirar a seleção de lá, alegando falta de tranqüilidade. A agitação continuou, mas nada mudou.
Depois, em Königstein, já na Alemanha, não houve tanta confusão, mas estudantes da escola onde o Brasil treinava fizeram barulho. Nos treinos matinais, eles ficavam gritando os nomes dos jogadores.
Equipes de programas humorísticos agitaram o local enquanto o time treinava. Robinho tentou acertar uma bolada num humorista da Argentina.
Em Offenbach, diante de 25 mil pessoas, o Brasil fez um treino aberto ao público. Satisfez, assim, exigência da Fifa, que obriga cada país a treinar ao menos uma vez com a presença de torcida na Alemanha.
A escolha de Bergisch Gladbach gerou polêmica. No ano passado, atletas e até membros da comissão técnica reclamaram da concentração, durante a Copa das Confederações. A principal queixa era o fato de o hotel ficar num local afastado.
Politicamente, a seleção também está distante dos governantes da cidade. Del Nero não fez nenhuma visita à prefeitura, diferentemente do que ocorreu nas outras bases.
Orth diz que gostaria de ganhar uma camisa do Brasil e conhecer os jogadores. Até agora nada. Del Nero afirma que fará a visita e entregará o presente. (EDUARDO ARRUDA, PAULO COBOS, RICARDO PERRONE E SÉRGIO RANGEL)


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