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Esquecida, base atual reclama
Enfurnada em castelo, seleção só fez 2 treinos em Bergisch Gladbach, e prefeito falará com a CBF
Situação é bem diferente da
vivida na suíça Weggis, que
assistiu a uma preparação
conturbada, com direito a
campo invadido por público
DOS ENVIADOS A BERGISCH GLADBACH
A seleção brasileira virou as
costas para Bergisch Gladbach,
em um processo de recolhimento paulatino, após um início de preparação cercado de
badalação na suíça Weggis.
A cidade alemã, que recebe o
time nacional desde a noite do
último domingo, mal viu os jogadores. Eles passam a maior
parte do tempo enfurnados na
concentração, num castelo.
A situação começa a gerar
mal-estar. O prefeito local,
Klaus Orth, não desiste de ter
ao menos um treino do Brasil
com portões abertos para os
torcedores. A CBF discorda.
"Vou voltar a conversar com
a confederação sobre a possibilidade de termos esse treinamento. Seria uma festa para a
cidade. Mas, se não for possível,
entendo. O principal objetivo
do Brasil é ganhar a Copa do
Mundo", afirmou o prefeito.
"Acho muito difícil isso acontecer", comentou Marco Polo
Del Nero, chefe da delegação
brasileira na Alemanha.
A CBF tem motivos financeiros para não querer abrir os
portões. De acordo com as normas da Fifa, se realizar um treino para os torcedores, terá de
arcar com as despesas e assinar
um termo se responsabilizando
pela segurança da torcida. A entidade já descartou assumir essas responsabilidades.
E a prefeitura também. "Não
aceitamos pagar as despesas
nem cuidar da segurança. Isso é
um problema da Fifa e do Brasil, e não nosso", disse Orth.
Ele admite que a segurança
seria um problema. "O estádio
tem capacidade para 10 mil
pessoas, e um evento desses
atrairia cerca de 20 mil."
Além de não abrir os portões,
a seleção só saiu do hotel duas
vezes para treinar no estádio da
cidade em que ficará até o dia
do jogo contra Gana.
Ontem, a equipe teve folga e
não treinou. Alguns trabalhos
são feitos sem que os atletas
deixem o hotel, numa sala de
musculação do castelo.
No estádio, foi montado um
centro de imprensa, pouco usado, o que é constrangedor para
a prefeitura. Orth diz não ter
despesas para receber a seleção. Sem revelar valores, assegura que patrocinadores cobriram os gastos. Ganharam o direito de estampar seus logos
num banner na pouco freqüentada área para os jornalistas.
A clausura dos comandados
de Carlos Alberto Parreira em
Bergisch Gladbach em nada
lembra a exposição a que o time
foi submetido em Weggis.
Lá os treinos tinham a presença de torcedores, e o estádio
ficava lotado, o que gerou problemas. Num dos trabalhos, fãs
invadiram o campo. Logo na
chegada, Parreira ameaçou tirar a seleção de lá, alegando falta de tranqüilidade. A agitação
continuou, mas nada mudou.
Depois, em Königstein, já na
Alemanha, não houve tanta
confusão, mas estudantes da
escola onde o Brasil treinava fizeram barulho. Nos treinos
matinais, eles ficavam gritando
os nomes dos jogadores.
Equipes de programas humorísticos agitaram o local enquanto o time treinava. Robinho tentou acertar uma bolada
num humorista da Argentina.
Em Offenbach, diante de 25
mil pessoas, o Brasil fez um
treino aberto ao público. Satisfez, assim, exigência da Fifa,
que obriga cada país a treinar
ao menos uma vez com a presença de torcida na Alemanha.
A escolha de Bergisch Gladbach gerou polêmica. No ano
passado, atletas e até membros
da comissão técnica reclamaram da concentração, durante a
Copa das Confederações. A
principal queixa era o fato de o
hotel ficar num local afastado.
Politicamente, a seleção também está distante dos governantes da cidade. Del Nero não
fez nenhuma visita à prefeitura, diferentemente do que
ocorreu nas outras bases.
Orth diz que gostaria de ganhar uma camisa do Brasil e conhecer os jogadores. Até agora
nada. Del Nero afirma que fará
a visita e entregará o presente.
(EDUARDO ARRUDA, PAULO COBOS, RICARDO PERRONE E SÉRGIO RANGEL)
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