São Paulo, sábado, 24 de junho de 2006

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Klinsmann desafia "catástrofe"

Em alta depois da avalanche de críticas, técnico comanda Alemanha no mata-mata contra a Suécia

Treinador reconhece que eliminação hoje apagará ótima campanha, com 8 gols marcados e somente 2 sofridos, que calou críticos


GUILHERME ROSEGUINI
ENVIADO ESPECIAL A MUNIQUE

O discurso é o mesmo: o objetivo da Alemanha é ser campeã. A forma como as palavras de Jürgen Klinsmann são recebidas, porém, mudou. Há 16 dias, o técnico era tachado de tolo ao dizer que os anfitriões poderiam erguer a taça. Motivos para ridicularizá-lo não faltavam.
Afinal, era quase um forasteiro -vive nos EUA desde 1998- no comando do time, peitara um dos ídolos do país, apostara em técnicas alternativas de motivação e, além disso, dizia que novos talentos iriam acabar com a modorra do ataque.
Ontem, na véspera do primeiro jogo dos mata-matas, com a Suécia, a afirmação não soou como devaneio. Ao contrário: foi recebida com entusiasmo por um país que recupera a esperança de obter o tetra.
Klinsmann sabe que suas apostas deram certo até aqui, mas não ousa comemorar. "Ser eliminado agora ou nas quartas-de-final seria uma catástrofe", diz o ex-jogador da seleção.
Ao assumir um elenco em crise, eliminado na primeira fase da Eurocopa-04, Klinsmann avisou: tudo seria do seu jeito. Os dirigentes nem sonhavam com o que estaria por vir. De cara, pôs seus prediletos no time.
Elegeu Oliver Bierhoff, ex-companheiro de seleção, como manager e usou nomes que seus conterrâneos não engoliram, como Mark Verstegen, preparador físico americano.
Quando Klinsmann anunciou que não voltaria a morar em Stuttgart e seguiria a vida em Huntington Beach (EUA), as críticas pipocaram.
Em campo, baniu o esquema com três zagueiros e buscou jovens de vocação ofensiva, como o meia Schweisteiger e o atacante Podolski, ambos com 21 anos. Depois, anunciou que o goleiro Kahn, melhor jogador da Copa-02, não era mais titular. Lehmann ganhara a vaga.
Klinsmann não se abalou nem quando levou 4 a 1 em amistoso com a Itália, em março. Manteve sua filosofia intacta e implantou técnicas de motivação aprendidas nos EUA. Chegou a levar o grupo para uma aula sobre como montar relógios na Suíça. O objetivo: melhorar a concentração.
Sua metodologia fez o time eficiente. Nos três duelos iniciais da Copa, o ataque anotou oito gols. A defesa levou dois.
Seu estilo no banco lembra o de Luiz Felipe Scolari. Fica em pé o jogo todo e celebra muito os gols, com socos no ar. Parece querer entrar nas quatro linhas para apagar suas "maiores frustrações como jogador", como batiza as eliminações da Alemanha nas Copas de 94 e 98.
Klinsmann jura, contudo, que não vai tornar este Mundial uma cruzada pessoal. "O que está em jogo é a seleção."


NA TV - Alemanha x Suécia Globo, Sportv, Bandsports, ESPN Brasil e Directv, ao vivo, às 12h


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