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Técnico reclama da solidão do poder
DOS ENVIADOS A MANIZALES
Há pouco mais de um mês como técnico da seleção brasileira,
Luiz Felipe Scolari já começa a se
queixar de um problema que é alvo de lamúrias de diversos políticos, entre eles Fernando Henrique Cardoso: a solidão do poder.
Numa entrevista em Cali, Scolari reclamou da ausência de pessoas de confiança ao seu lado, admitiu que a situação lhe deixa ansioso e que sente falta da família.
"É uma situação nova, que eu
nunca vivi, e estou vendo que é
um cargo que te coloca às vezes
muito sozinho. A gente fica muito
restrito a si próprio, porque tem
tantas coisas envolvendo uma
convocação, ou tirar A ou B do time, tem tantas situações, que a
gente fica um pouco receoso de
ter amigos, de conversar, de se
abrir um pouquinho mais", disse.
"Nesse momento é que a gente
sente muita falta da família, de
pessoas ao lado em quem a gente
confie plenamente. Então a gente
se restringe muito ao quarto, fica
um pouco mais pensativo, te dá
um pouco mais de ansiedade."
Scolari, entretanto, disse não estar arrependido por ter substituído Leão e que a sensação é o preço
que se paga pelo cargo. "Mas tenho que administrar. Estou no
bolo, então tenho que participar.
Estou aprendendo também."
O que causa estranheza é a queixa de que não há ao seu lado alguém de confiança para conversar, um confidente e escudeiro.
Esse é exatamente o papel de
Flávio Teixeira, o Murtosa, auxiliar técnico e amigo íntimo de
Scolari há 18 anos. O técnico costuma exaltar a confiança e amizade que deposita no auxiliar. "A
minha casa é a casa do Murtosa."
Para alguns, o desabafo pode ter
sido mais uma crítica velada à imprensa, principalmente de São
Paulo. Quando esteve no Palmeiras, de 1997 a 2000, Scolari teve
uma relação difícil com os jornalistas -chegou a agredir com um
soco um repórter-, pois considerava a maioria dos veículos do
Estado excessivamente crítica.
Muitas vezes tomou como pessoais críticas ao Palmeiras e queixou-se da falta de amizade dos
jornalistas. Na Copa América, em
que a seleção pegaria Honduras
ontem à noite por vaga nas semifinais, chegou a dizer, irritado,
que chegaria à Copa, apesar da
imprensa de São Paulo.
(FV e SR)
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