São Paulo, terça-feira, 24 de julho de 2001

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Técnico reclama da solidão do poder

DOS ENVIADOS A MANIZALES

Há pouco mais de um mês como técnico da seleção brasileira, Luiz Felipe Scolari já começa a se queixar de um problema que é alvo de lamúrias de diversos políticos, entre eles Fernando Henrique Cardoso: a solidão do poder.
Numa entrevista em Cali, Scolari reclamou da ausência de pessoas de confiança ao seu lado, admitiu que a situação lhe deixa ansioso e que sente falta da família.
"É uma situação nova, que eu nunca vivi, e estou vendo que é um cargo que te coloca às vezes muito sozinho. A gente fica muito restrito a si próprio, porque tem tantas coisas envolvendo uma convocação, ou tirar A ou B do time, tem tantas situações, que a gente fica um pouco receoso de ter amigos, de conversar, de se abrir um pouquinho mais", disse. "Nesse momento é que a gente sente muita falta da família, de pessoas ao lado em quem a gente confie plenamente. Então a gente se restringe muito ao quarto, fica um pouco mais pensativo, te dá um pouco mais de ansiedade."
Scolari, entretanto, disse não estar arrependido por ter substituído Leão e que a sensação é o preço que se paga pelo cargo. "Mas tenho que administrar. Estou no bolo, então tenho que participar. Estou aprendendo também."
O que causa estranheza é a queixa de que não há ao seu lado alguém de confiança para conversar, um confidente e escudeiro.
Esse é exatamente o papel de Flávio Teixeira, o Murtosa, auxiliar técnico e amigo íntimo de Scolari há 18 anos. O técnico costuma exaltar a confiança e amizade que deposita no auxiliar. "A minha casa é a casa do Murtosa."
Para alguns, o desabafo pode ter sido mais uma crítica velada à imprensa, principalmente de São Paulo. Quando esteve no Palmeiras, de 1997 a 2000, Scolari teve uma relação difícil com os jornalistas -chegou a agredir com um soco um repórter-, pois considerava a maioria dos veículos do Estado excessivamente crítica.
Muitas vezes tomou como pessoais críticas ao Palmeiras e queixou-se da falta de amizade dos jornalistas. Na Copa América, em que a seleção pegaria Honduras ontem à noite por vaga nas semifinais, chegou a dizer, irritado, que chegaria à Copa, apesar da imprensa de São Paulo. (FV e SR)



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