São Paulo, domingo, 24 de julho de 2005

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FUTEBOL

Quatro vagas para cinco

TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA

Zagallo reapareceu mais magro, mais eufórico e disse em uma entrevista que o quarteto com dois meias e dois atacantes começou no amistoso em Hong Kong, quando o Brasil venceu por 7 a 1. Juninho atuou pela direita, Ronaldinho Gaúcho pela esquerda, e Robinho e Ricardo Oliveira no ataque. Kaká, Adriano e Ronaldo não jogaram.
Estava de férias e não assisti a esse jogo. Como ninguém da imprensa comentou a mudança tática, apesar de o jogo ter sido transmitido ao vivo, pensava que o quarteto tinha iniciado contra o Peru, pelas eliminatórias.
Apesar do show contra o Paraguai e alguns bons momentos, o Brasil só mostrou um bom conjunto com essa formação nas partidas contra Alemanha e Argentina, quando Kaká e Ronaldinho atuaram mais pelos lados, marcando mais atrás e perto dos volantes. Em alguns momentos, Kaká parecia um terceiro volante. Mas, quando o time recuperava a bola, os dois chegavam rápido ao ataque. Nas partidas anteriores, Kaká e Ronaldinho atuaram mais pelo meio e próximos dos atacantes.
A diferença da maneira que o Brasil jogou nas partidas contra Argentina e Alemanha para o tradicional 4-4-2 da Europa e utilizado pelo Parreira em 1994, com uma segunda linha de quatro no meio-campo, é que os dois meias atuais não são tão fixos e possuem talento e velocidade para se tornarem atacantes.
Com a suspensão do Ronaldinho Gaúcho para o jogo contra o Chile, quem irá substituí-lo, sem mudar o desenho tático?
Pela lógica, deve sair um meia e entrar outro. Poderia ser o Ricardinho ou o Alex ou o Zé Roberto (entraria Renato de volante) ou até o Juninho pela esquerda.
Eu escalaria o Robinho (se voltar a atuar), jogando mais recuado pela esquerda. Com a sua leveza, ele pode marcar e chegar ao ataque, como fez Ronaldinho Gaúcho.
No inicio de sua carreira no Santos, Robinho jogou dessa forma. Adriano e Ronaldo formariam a dupla de atacantes.
Não querendo ser contador de vantagem, mas sendo, escrevi várias vezes, quando o Robinho não era nem cogitado para ser convocado e o Parreira ironizava a escalação de dois meias e dois atacantes, que uma opção para o esquema da época com três volantes e um meia seria o 4-4-2, com Kaká pela direita, Robinho pela esquerda e os dois Ronaldinhos no ataque.
É o esquema atual da seleção. A diferença é que Ronaldinho Gaúcho atuou mais atrás, e Robinho, mais à frente. Assim ficou melhor. Os dois podem também se revezar durante a partida, além de o Robinho ser um bom substituto para o Ronaldinho.
O Brasil tem cinco craques para quatro posições. Escolher e revezar o que vai ficar no banco será o grande desafio do Parreira.

Baixinhos e altinhos
Hoje, enquanto o Atlético-MG deve manter os três atacantes (Marques pela esquerda, Luis Mario pela direita e Fábio Júnior pelo centro), o Palmeiras não poderá usar os três baixinhos, já que Juninho foi suspenso.
Cada uma das equipes, com formações bem diferentes, fez quatro gols na última rodada. O Atlético-MG teve ótima atuação.
A maioria dos times em todo o mundo joga com um centroavante, artilheiro, mais fixo e outro atacante mais pelos lados.
Prefiro dois atacantes que se movimente na frente e que os dois dêem passes e façam gols. Um time não deveria depender tanto de um único artilheiro.
Não se pode confundir também jogadores que se movimentam bastante no ataque e que recuam para armar as jogadas, mas que têm características de atacante, como Robinho, Deivid e outros, com meias que avançam, como Juninho e Pedrinho. Marcinho é um meia com mais característica de atacante.
O esquema do Atlético-MG, com dois atacantes pelos lados e um centroavante, é muito usado na Europa.
Os holandeses sempre atuaram dessa forma. Para funcionar bem, os "pontas" não deveriam ser tão fixos e precisam recuar para marcar os laterais. Só o centroavante fica fixo no ataque.
A presença de três jogadores leves, habilidosos e sem posição fixa no ataque, como os três do Palmeiras, só funciona bem quando o time prioriza o contra-ataque. De qualquer forma, é melhor escalar três baixinhos espertos no ataque do que um centroavante alto, pesado e grosso.


E-mail: tostao.folha@uol.com.br

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