|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
NATAÇÃO
Mais velho da equipe, atleta é visto pela confederação brasileira como a esperança de pódio no Mundial de Montréal
"Vovô" aos 30, Scherer vira aposta única
GUILHERME ROSEGUINI
DA REPORTAGEM LOCAL
A idéia era fazer do torneio uma
apoteose da nova geração. Só que
a seleção brasileira que cai na
água hoje para disputar a 11ª edição do Mundial ainda depende de
seu mais velho integrante para sonhar com um lugar ao sol.
Fernando Scherer, 30, é o único
dos 11 competidores com chances
reais de conquistar uma medalha
nas piscinas de Montréal, cidade
canadense que abriga o torneio.
A análise é da Confederação
Brasileira de Desportos Aquáticos
e revela como a delegação, apesar
de propalar o nascimento de prodígios, precisa olhar para o passado quando o desafio é derrubar
um tabu que perdura por 11 anos.
O Brasil subiu no pódio do
Mundial pela última vez em 1994.
Na época, o mesmo Scherer ajudou o revezamento 4 x 100 m livre
a conquistar um bronze. Gustavo
Borges, que abandonou as piscinas após a Olimpíada de Atenas-2004, conseguiu outro terceiro lugar, nos 100 m livre.
"Está muito claro que o Scherer
é nosso atleta com mais chances
de medalha. Creio que outros
mais jovens também podem conseguir, mas não posso negar que
seriam surpresas", diz Ricardo
Moura, diretor técnico da CBDA.
Tais surpresas, segundo o dirigente, podem aparecer com Joanna Maranhão e Gabriel Mangabeira, ambos finalistas olímpicos
-ela, quinta colocada nos 400 m
medley; ele, 6º nos 100 m borboleta. Os dois afirmam, porém, que
um lugar entre os oito melhores
em Montréal já pode ser descrito
como performance satisfatória.
Scherer é o único com discurso
dissonante. "É difícil de acreditar,
mas estou na melhor fase de minha carreira e tenho totais condições de ganhar uma medalha de
ouro. Nunca me senti tão bem como agora", narra o nadador.
As declarações podem soar pretensiosas, mas Scherer busca reforçá-las com seu retrospecto.
Dono de dois bronzes olímpicos
-Atlanta-1996 e Sydney-2000-,
ele aposta suas fichas nos 50 m
borboleta, evento que não faz parte do programa olímpico. As eliminatórias ocorrem hoje.
"No Mundial de 2003, eu fui para a final dessa prova sem treinar
especificamente para ela. Agora,
me preparei muito. Tenho condições de melhorar o recorde sul-americano [23s86] e até de bater o
recorde mundial [23s43]", conta.
A final que ele atingiu na última
edição do torneio, aliás, foi a única obtida pelo Brasil. Não por acaso, a CBDA torce para Scherer
tornar seu discurso realidade. É
um caminho para recolocar o
Brasil em posição de destaque no
cenário internacional.
Esporte que abocanha anualmente cerca de R$ 8,5 milhões em
verba pública -R$ 6 milhões dos
Correios e R$ 2,5 milhões das loterias federais-, a natação voltou
da última Olimpíada com um balanço contraditório.
Por um lado, celebrou o fato de
ter colocado cinco atletas entre os
oito primeiro colocados -na
Austrália, havia classificado apenas um. Por outro, lamentou ter
ficado fora do pódio pela primeira
vez desde Seul-1988.
"Estamos cumprindo nossas
metas com paciência. Em Montréal, queremos fazer mais finais
do que em Barcelona [2003]. Mas
é claro que uma medalha cairia
muito bem", conta Moura.
O país tem importante desfalque para este Mundial: Thiago Pereira, 19, quinto nos Jogos gregos
e principal aposta da nova geração -é especialista nas provas de
medley-, está fora por contusão.
NA TV - Mundial de natação, Sportv, ao vivo, às 10h30
Texto Anterior: Futebol - Tostão: Quatro vagas para cinco Próximo Texto: Pingue-pongue: Musculação e comilança são armas para vencer Índice
|