São Paulo, Sábado, 24 de Julho de 1999
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Saudação a Ronaldinho, Rink e Muricy

JOSÉ GERALDO COUTO
da Equipe de Articulistas

O Brasil começa hoje a disputar mais uma Copa meia-boca.
Boa chance para treinar a rapaziada que ainda está em idade olímpica. Além disso, num torneio com menos tradição e importância do que a Copa América, Wanderley Luxemburgo poderá testar opções diferentes de jogo.
A questão é: estará ele disposto a ousar? A julgar pela decisão de atuar hoje com três volantes contra a desfalcada Alemanha, tudo indica que não.
  A partida de hoje terá mais graça se Paulo Rink jogar. Talvez não seja um fato inédito, mas é no mínimo insólito ver um brasileiro (naturalizado alemão) atuar contra seu próprio país.
Deve ser uma sensação muito estranha, para o atacante do Santos, ver-se inimigo de uma camisa que ele, como todo menino brasileiro, algum dia sonhou vestir. Disputando a bola com a nossa zaga, Paulo Rink será a imagem perfeita do ""estrangeiro em seu próprio país".
  Outra particularidade de Brasil x Alemanha é que as duas seleções, embora tenham vencido, em conjunto, 7 das 16 Copas do Mundo, nunca se enfrentaram em um Mundial. O jogo que chegou mais perto disso foi Brasil 1 x 0 Alemanha Oriental, na Copa de 1974, disputada justamente na Alemanha (Ocidental) e vencida pela dona da casa.
  Muita gente tem se mostrado preocupada com o súbito estrelato de Ronaldinho e com os possíveis efeitos nefastos que o fato poderá ter sobre o futebol e a personalidade do jogador.
Quem parece estar menos se importando com isso é o próprio garoto, sobre quem todos os olhos estarão voltados hoje. Não é pecado torcer por um golaço.
  Início de Brasileiro desperta poucas emoções, principalmente quando sabemos que só a primeira fase vai durar quase quatro meses. O interesse maior -pelo menos o meu- está em observar como os contratados vão se adaptar a seus novos clubes e em rever times que estiveram por muitos anos fora do Brasileirão, casos de Gama e Botafogo-SP.
Confesso que tenho uma enorme simpatia pelo clube de Ribeirão Preto. Não só porque revelou ao país os irmãos Sócrates e Raí, mas também porque seu técnico é o valoroso Muricy, com quem tive o prazer de jogar no primeiro time dente-de-leite do São Paulo, lá se vão três décadas.
A diferença é que ele era o craque maior do time e eu era reserva de lateral (em qualquer uma das duas: fui um não reconhecido precursor do César Prates).
Pronto. Esse foi o pretexto que encontrei para responder aos críticos e aos leitores que disseram que só defendi Edílson do linchamento porque nunca joguei futebol na vida.
E não foi só na infância. A modéstia quase me impede de dizer que, na idade adulta, integrei a legendária Máquina Vermelha, time que marcou época na USP a partir do final dos anos 70, menos talvez por sua performance em campo (um tanto prejudicada pela alta concentração etílica no sangue de seus jogadores), e mais pela alegria da turma (intensificada pela mesma razão).
Portanto, joguei sim. Aliás, ainda jogo, ou pelo menos tento. Se alguém souber de um time que tenha uma vaga de meia direita (depois de uma certa idade, todo mundo vira Armandinho), é só falar. Cartas à redação.

E-mail jgcouto@uol.com.br


José Geraldo Couto escreve às segundas-feiras e aos sábados

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