São Paulo, terça-feira, 24 de agosto de 2004

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Ginasta não sabe se "agüenta" chegar até 2008

DOS ENVIADOS A ATENAS

Daiane dos Santos mostrou pouco entusiasmo com a possibilidade de voltar a competir nos Jogos Olímpicos. "Eu não sei se eu fico, se vou agüentar."
Em Pequim-2008, terá 25 anos. "Minha cabeça está legal. [Mas] eu já fui operada três vezes, então não sei se vou render tanto. E as meninas vão ser bem mais novas do que eu, para eu chegar em forma vou ter que ralar muito. Então não sei se eu agüento mais."
"Pode ser que eu fale que vou ficar para ver que resultado eu tenho. Pode ser que eu fale: "Estou cansada para a ginástica". Acho que tem meninas que vão dar mais nota para o Brasil do que eu", afirmou ela ontem.
Daiane falou que sua participação já tem um saldo a mostrar, continuando ou não. "Se eu não agüentar mais para a frente, acho que eu já fiz minha parte. Se eu não conseguir ficar, acho que a gente vai estar muito bem representado", declarou.
Adriana Alves, sua primeira treinadora, esteve no ginásio ontem para acompanhar seu desempenho e fez aposta mais otimista que a da ginasta. "Acho que ela tem condição de chegar a Pequim, em 2008", afirmou.
Apesar do tom pessimista, a própria Daiane fez questão de lembrar ontem a situação que viveu nos Jogos Olímpicos de Sydney, em 2000.
Lá, acabou ficando fora da Olimpíada -competiram Daniele Hypólito e Camila Comin.
"Eu fiquei com tanta raiva porque eu não vim. Isso me deu força para chegar a 2004", disse. Daniele, aliás, é uma das atuais integrantes da seleção que fala em tentar competir em Pequim.
Daiane apontou como destaque da nova geração a atleta que mais carrega as apostas da Confederação Brasileira de Ginástica. "A Laís [Souza] é uma esperança plena. Ela é muito boa mesmo."
Daiane disse que sai satisfeita de Atenas, embora pudesse estar "mais feliz". "Eu cheguei aonde eu queria chegar, cheguei a uma final de Olimpíada."
Um grande passo para quem foi descoberta, há dez anos, em uma pracinha de Porto Alegre em cima de um trepa-trepa por uma professora. E uma grande superação para quem sofreu nada menos que três cirurgias de joelho e uma no tendão-de-aquíles.
"Imagina, eu estava muito bem, chega alguém e diz: "Você precisa fazer uma operação amanhã". Tem que todo dia fazer fisioterapia, mais treino, mais tudo para chegar aqui bem para poder competir. Deus me deu uma lição grande, no ano passado e neste."
No curto prazo, Daiane vai tirar uma semana de férias. "Depois volta tudo ao normal". Quer treinar para manter-se na liderança do ranking da Copa do Mundo.
Quer também cursar direito -atualmente estuda educação física em Curitiba. Além disso, pretende exercer alguma atividade envolvendo crianças excepcionais. "Vou trabalhar como uma pessoa normal." (RD, EA E GR)

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