São Paulo, terça-feira, 24 de agosto de 2004

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POLÍTICA

Olimpíada chega a momento crítico sem grandes ocorrências, preocupa segurança e recebe a notícia que o governo Bush estará presente no sábado

Onde está Bin Laden?

DO ENVIADO A ATENAS

O secretário de Estado dos EUA, Colin Powell, chegará a Atenas no fim de semana para participar da cerimônia de encerramento da Olimpíada. A viagem da autoridade americana, confirmada ontem, dá ao governo grego uma espécie de selo de aprovação do esquema de segurança do evento. Mas especialistas acham que ainda há risco de terrorismo.
A viagem de um representante do primeiro escalão do governo norte-americano só saiu do papel após aprovação dos agentes de segurança do país que estão em Atenas. Havia a especulação de que até o presidente dos EUA, George W. Bush, poderia viajar para a Grécia, caso a seleção iraquiana de futebol passasse à final do torneio, que acontece no sábado. A Casa Branca, porém, só confirmou a ida de Powell.
O fato é que a primeira semana de Jogos aconteceu em um cenário mais cor-de-rosa do que os próprios organizadores do esquema de segurança previam. Não houve nenhum caso grave de distúrbio e nenhuma ameaça conhecida de ato terrorista.
Pode-se creditar o bom resultado ao US$ 1,5 bilhão gasto em segurança para Atenas-2004 -valor recorde. Câmeras, microfones, vigilância ostensiva (polícia e Exército), cooperação de agentes de outros países e diversas outras medidas para inibir atentados.
Não era só paranóia. Esta é a primeira edição dos Jogos Olímpicos desde o 11 de Setembro, o que contribuiu para um clima de incerteza. Atenas criou um ambiente hostil para terroristas, sejam estrangeiros ou anarquistas locais -que, para chamar atenção para suas causas, costumavam estourar bombas caseiras em frente a prédios públicos.
Está tudo calmo. Mas calmo demais, talvez. Os principais casos envolvendo segurança em Olimpíadas aconteceram na segunda semana de competição. Em Atlanta-96, uma bomba explodiu no Parque Centenário no nono dia de Jogos. Em Munique-72, terroristas palestinos tomaram por reféns atletas israelenses após dez dias de competição. Atenas-2004 entra hoje no seu 11º dia.
Segundo análises de jornais gregos e do diário "The New York Times", ouvindo fontes diplomáticas, o momento atual é considerado um ponto crítico. O esquema de segurança acha que a batalha já está ganha e começa a afrouxar regras e procedimentos. Convite para um atentado.
De acordo com Jay Creutz, que trabalha no sistema de computação utilizado pelo esquema de segurança em Atenas, existe de fato uma tentação de diminuir a vigilância à medida que o final da Olimpíada se aproxima.
Um centro de inteligência, com especialistas de 18 países, tenta antecipar possíveis movimentos visando um ataque à Grécia e, até o momento, não encontrou nenhum indício de que algo vá acontecer. Esse relatório chegou aos ouvidos de Powell.
Para reforçar a prevenção, o ministro grego da Ordem Pública, Giorgis Voulgarakis, almoçou com embaixadores de países árabes. Após o encontro, o libanês William Habib disse publicamente que qualquer ataque à Olimpíada seria considerado uma ofensa às nações amigas dos muçulmanos. (MARCELO DIEGO)


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