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FUTEBOL
Meninas vencem e PT amarela
MARCOS AUGUSTO GONÇALVES
EDITOR DE OPINIÃO
Sinceramente, não vai aqui
nenhum machismo, mas confesso que não me incluo entre os
fãs do futebol feminino. É que a
"linguagem" futebolística alcançou tais culminâncias nos pés
masculinos, os criadores do esporte, que tenho a sensação de que
nos femininos o jogo está quase
sempre abaixo do que poderia
ser. Mesmo assim, não há como
deixar de comemorar o desempenho das moças brasileiras nesta
Olimpíada.
A vitória de ontem na partida
contra a Suécia foi sem dúvida
nenhuma um grande feito. No
mesmo dia em que Daiane dos
Santos não confirmou seu favoritismo e o vôlei masculino perdeu
para os EUA, a conquista do futebol feminino brasileiro, que já assegurou uma medalha de prata,
foi o que de melhor aconteceu.
Para tornar o feito ainda mais
significativo, diga-se que a modalidade no Brasil vive ao abandono. Foi, portanto, no sentido mais
profundo, uma verdadeira vitória
olímpica, que se deve aos esforços
do time e a seu treinador, Renê Simões, que parece estar conseguindo extrair do elenco uma dose extra de determinação.
Eu também fiquei comovido
com a festa haitiana para a seleção brasileira. Foi mesmo muito
bacana e emocionante. E é aí que
mora o perigo, ou seja, a razão
pela qual o esporte é extremamente útil para a política. Ele dissipa tudo em favor da emoção,
que se instala soberana. Não que
o objetivo político do governo
brasileiro com esse jogo tenha sido sórdido -mas poderia ser. A
propósito, é sintomático que o
presidente norte-americano,
George W. Bush, tenha usado a
boa campanha do ""soccer" iraquiano na Olimpíada em sua
propaganda eleitoral.
Já se sabe muito bem o que o futebol pode fazer pela política. Seria bom saber agora o que a política do governo Lula pode fazer
pelo futebol. Até aqui, tivemos a
aprovação da chamada Lei de
Moralização e do Estatuto do
Torcedor que, convenhamos, foram produzidos ao apagar das luzes da gestão anterior.
Além disso, apesar de sancionadas com pompa e circunstância
logo no início da administração
petista, as referidas leis não parecem despertar entusiasmo do representante do governo no setor,
o ministro Agnelo Queiroz. Agora
já se noticia que a partida da seleção brasileira em São Paulo poderia ter alguma utilidade política
na campanha municipal.
O que se esperava do novo governo era uma verdadeira cruzada contra a corrupção e a gestão
temerária (para dizer o mínimo)
que imperam no futebol brasileiro. Infelizmente, até aqui, o PT,
que sempre encheu a bola da ética
e da moralização, está amarelando. Ao que tudo indica, já afinou
para a CBF e vai entrando no velho joguinho que conhecemos: faz
média com a cartolagem e não
entra em dividida. Por que o governo não propõe um conselho de
verdade para fiscalizar o futebol
em vez da imprensa?
Palmeiras
Não há nada demais nesse time
do Palmeiras, como não há na
maioria dos times brasileiros.
Mas está se mostrando o mais
competitivo depois do Santos,
inegavelmente o melhor do
campeonato. Errou muito na
defesa contra o Vitória, mas arrumou uma maneira de sair
com um empate que ninguém
mais esperava ser possível.
Fla-Flu
Parece piada o troca-troca de
técnicos entre Flamengo e Fluminense. Os clubes do Rio, em
especial Fluminense, Flamengo
e Vasco, bem que poderiam estar melhor nesse campeonato
tão nivelado em termos técnicos. Parece faltar o que os jogadores, técnicos e comentaristas
chamam de "estrutura" -um
mínimo a mais de profissionalismo, seriedade e exigência.
E-mail mag@folhasp.com.br
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