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FUTEBOL
Discussões táticas
TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA
Sei que poucos gostam e procuram entender, mas como
comentarista preciso falar também de detalhes táticos.
Além do equilíbrio na disputa
pelo título, outra característica do
Brasileiro é ter muitos times jogando com três autênticos zagueiros. Enquanto isso, a seleção
brasileira, as principais seleções e
times da Europa e a Argentina jogam hoje com dois zagueiros.
Muitos anos atrás, quase todos
os times brasileiros atuavam com
dois zagueiros, e os da Europa,
com três. Trocaram de esquema
tático.
Antes, no esquema com três zagueiros, como os alas europeus
eram marcadores e não tinham
habilidade ofensiva, havia cinco
defensores, além de dois volantes.
As equipes mudaram para o 4-4-2
e continuaram defensivas, pois
são quatro zagueiros. Os laterais
apóiam pouco.
Em compensação, não há na
Europa o volante mais recuado,
que atua à frente ou entre os zagueiros, quase como um terceiro
zagueiro. Esse volante foi uma invenção brasileira para liberar os
laterais quando os times jogavam
com dois zagueiros.
A seleção brasileira, a da Argentina e algumas equipes atuais do
Brasil, além de dois zagueiros,
dois laterais que apóiam e dois
volantes que marcam no meio-campo, jogam com dois meias e
dois atacantes. São bastante ofensivas. Com essa formação, um dos
volantes não deveria marcar
muito atrás, como gostam alguns
técnicos, pois o outro fica sozinho
no meio-campo.
Pelo fato de a seleção ter dois
zagueiros, não se pode exigir que
Cafu e Roberto Carlos cheguem
com muita freqüência ao ataque.
Os dois são laterais.
Contra a Argentina, Cicinho
não tinha a quem marcar e contava com um enorme espaço para
avançar. Ele deitou e rolou. Porém, contra o México, foram os
mexicanos que fizeram a festa
nas suas costas. Cicinho tem de
saber o momento certo de atacar
como ala e o de marcar mais
atrás, como lateral.
Em partidas como a contra a
Argentina, Cicinho poderá ser
mais eficiente do que Cafu. O lateral do São Paulo é mais jovem e
tem mais habilidade para avançar pelo lado, pelo meio e fazer
gols.
Volto aos times brasileiros. Gosto mais do esquema com dois zagueiros e dois laterais, mas os técnicos aprenderam a jogar com
três zagueiros e no ataque.
Alguns alas têm feito muitos
gols. Eles têm a mesma função e
jogam na mesma posição dos
meias no esquema 4-4-2. Por isso,
estão sempre próximos da outra
área e precisam também fazer
gols. Surpresa seria se um lateral
fosse artilheiro.
Na média, os técnicos brasileiros são mais criativos e melhores
do que os da Europa, apesar dos
gritos, das reclamações e da violência verbal na lateral do campo.
Isso tem de acabar. Além de não
ser permitido, é um comportamento chato e improdutivo.
Opções táticas
Uma das opções para o Abel
aproveitar bem o Felipe e o Petkovic é tirar o terceiro zagueiro. O time jogaria com dois zagueiros,
dois laterais, três no meio-campo
(um volante mais recuado pelo
meio, um armador pela direita e
o Felipe pela esquerda) e mais o
Petkovic na ligação com os dois
atacantes.
Se o Abel mantiver os três zagueiros, o que é mais provável, Felipe terá de jogar no ataque ou de
segundo volante. Prefiro essa opção. No ataque, ele segura demais
a bola de costas para o gol e tira a
velocidade da equipe. Com os três
zagueiros e outro volante marcador, Felipe, de volante, poderá
avançar mais e ser até mais brilhante, pois será menos marcado.
Como volante, Felipe poderá
utilizar mais uma de suas principais qualidades, que é o passe para frente e entre os zagueiros. Raros volantes, em todo o mundo,
fazem isso.
Corintianismo
Dizer que o Tevez é estrela solitária do futebol brasileiro após a
saída do Robinho é uma mistura
de bairrismo, de corintianismo e
de desconhecimento. Tevez é um
excelente jogador, mas há outros
do mesmo nível, como Fred, Ricardinho, Giovanni, Roger, Mascherano, Rogério Ceni, Marcos,
Cicinho e Felipe.
Na Argentina, que não tem um
único craque no ataque, Tevez
nem tem sido convocado para a
reserva, o que também não acho
correto. Já Mascherano é titular
da seleção. Fred tem mais chance
de se tornar um craque mundial
do que Tevez.
E-mail
tostao.folha@uol.com.br
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